PLANGÊNCIA DA TARDE
Cruz e Sousa
Quando do campo as prófugas ovelhas
Voltam a tarde, lépidas, balando
Com elas o pastor volta cantando
E fulge o ocaso em convulsões vermelhas.
Nos beirados das casas, sobre as telhas
Das andorinhas esvoaça o bando...
E o mar, tranqüilo, fica cintilando
Do sol que morre as últimas centelhas.
O azul dos montes vago na distância...
No bosque, no ar, a cândida fragrância
Dos aromas vitais que a tarde exala.
Às vezes, longe, solta, na esplanada,
A ovelha errante, tonta e desgarrada,
Perdida e triste pelos ermos bala...