Severino Lourenço da Silva Pinto, o Pinto do Monteiro (1895-1990)
Improvisos de Pinto do Monteiro, a Cascaval do Repente, em cantorias diversas
Ninguém deve ignorar
Porque Pinto do Monteiro
Largou de mão a viola
E passou a usar pandeiro
O volume é mais menor
E o pacote mais maneiro.
Eu admiro o tatu
Com desenho no espinhaço,
Que a natureza fez
Sem ter régua, nem compasso
Eu tenho compasso e régua,
Pelejo, porém, não faço.
Sua terra é muito ruim
Só dá quipá e urtiga
Planta milho, o milho nasce
Não cresce nem bota espiga
De legume de caroço
Só dá sarampo e bexiga.
Homem deixe de história
Que se eu for ao Pajeú,
Dou em Jó e dou em Louro,
Em Zé Catota e em tu,
E fico no meio da rua,
Cantando e dançando nu.
Em dezembro, começa a trovoada,
Em janeiro, o inverno principia,
Dão início a pegar a vacaria:
Haja leite, haja queijo, haja coalhada!
Em setembro, começa a vaquejada:
É aboio, é carreira, é queda, é grito!
Berra o bode, a cabra e o cabrito;
A galinha ciscando no quintal,
O vaqueiro aboiando no curral;
Nunca vi um cinema tão bonito!
Esta palavra saudade
Conheço desde criança
Saudade de amor ausente
Não é saudade, é lembrança
Saudade só é saudade
Quando morre a esperança.
Saudade é tudo e é nada
Saudade é como o perfume
Eu só comparo a saudade
Com o peso do ciúme
Que a gente carrega o fardo
Mas não conhece o volume.
* * *
No vídeo abaixo, Severino Pinto e Lourival Batista cantando de improviso o gênero Meia Quadra.
Constante da Coleção Música Popular do Nordeste, com 4 discos, lançada em 1972.
A abertura da cantoria é feita por Lourival.