Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Estadão domingo, 10 de janeiro de 2021

PINÓQUIO ENALTECE VIRTUDE DA EDUCAÇÃO

 

Crítica: 'Pinóquio' enaltece virtude da educação

Fábula, de tom moral, enaltece as virtudes da honestidade e do trabalho e pune a malandragem

Luiz Zanin Oricchio, Especial para o Estado

10 de janeiro de 2021 | 05h00

A fábula do boneco de madeira que vira um menino de verdade nasceu na Itália oitocentista e espalhou-se pelo mundo. Mesmo antes da célebre adaptação da Disney, de 1940, Pinóquio era já lido em muitos países, Brasil inclusive, via Monteiro Lobato. Mas é verdade que, com o poder de difusão da maior indústria cinematográfica do mundo, o personagem criado por Carlo Collodi em 1881 tornou-se de fato universal.

 

ctv-kyf-pipipi
Os valores de uma sociedade oitocentista Foto: IMAGEM FILMS
 

desenho da Disney tornou-se um clássico da animação por sua beleza e excelência de realização. É vivamente colorido, em contraste com as outras adaptações cinematográficas que optam pelos tons mais escuros, mais adequados ao clima da história. Mesmo formatado nos padrões “para toda a família” Disney, o desenho não escapa a certas situações soturnas. É verdade que atenuadas. Mas a própria estrutura da narrativa propõe uma experiência um tanto assustadora, sobretudo para o público infantil. Inevitável, por exemplo, em certas cenas famosas, como a do boneco procurando pelo pai no ventre de um ser marinho espantoso (uma baleia para a Disney, enorme tubarão, segundo outras adaptações). Ou quando os meninos desobedientes caem na tentação da vagabundagem e se veem transformados em asnos. 

 Como atenuar enredo tão tenebroso? Bem, através do uso de cores vivas, do humor, do tempo da sequência, dos detalhes mostrados e outros ocultados, de uma trilha sonora premiada com Oscar e de um conveniente happy end para compensar o sofrimento do percurso do herói. 

É bastante provável que Collodi (nome verdadeiro, Carlo Lorenzini) tivesse uma intenção moralizante, pedagógica e civilizatória ao lançar seu personagem. Primeiro sob forma de folhetim, em jornal dirigido ao público infantil; depois em livro, Le Avventure di Pinocchio, publicado em 1883. A história, de tom moral, enaltece as virtudes da educação, da honestidade e do trabalho, e pune a malandragem, a mentira e a vadiagem. 

Eram valores então idealizados em uma Itália tradicional, povo antigo reunido num país novo – o chamado Risorgimento, processo que deu unidade a uma coleção de pequenos estados, se completa em 1871. Era um país com dificuldades econômicas e zonas extensas de pobreza. 

Esse ambiente de carência é devidamente apagado do desenho da Disney, mas forma o quadro de fundo das outras adaptações do livro. Comparece nas Aventuras de Pinocchio (Luigi Comencini, 1972), em Pinóquio e a Fada Azul, de Roberto Benigni (2003) e, de forma bastante acentuada, no soturno Pinóquio de Matteo Garrone (2019).

A fábula tornou-se universal e permanente não apenas por suas qualidades literárias, mas provavelmente porque toca e ilumina alguns desvãos obscuros da natureza humana. Em especial, a quantidade de sofrimento necessária ao processo de humanização. No ensaio clássico O Mal-Estar na Cultura, Freud descreveu o esforço de repressão de instintos necessário para o processo civilizatório. E a contrapartida de sofrimento que essa repressão traz à natureza rebelde do ser humano. Daí o inevitável mal-estar incrustado no cerne da civilização. 

Collodi parece antever esse processo. Seu boneco falante é expressão de uma natureza anárquica, como ele próprio não deixa dúvidas. Em certo trecho, Pinóquio diz claramente que sua vocação é “Comer, beber, dormir, me divertir e vagabundear de manhã até a noite”. Mesmo amando o pai e com a Fada como protetora, terá de atravessar sua estrada de sofrimento até se tornar um ser humano de verdade. 


Escreva seu comentário

Busca


Leitores on-line

Carregando

Arquivos


Colunistas e assuntos


Parceiros