RIO e WASHINGTON - Um grupo de pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachussets (MIT), nos EUA, desenvolveu uma pílula que pode ser ingerida por pacientes portadores de diabetes em substituição às injeções de insulina. A inspiração para a criação da cápsula foi o formato do casco da tartaruga-leopardo, que permite que o animal consiga rolar sobre o próprio eixo. O objetivo era reproduzir a capacidade de auto-orientação do bicho para que a pílula chegasse ao estômago, uma vez que os medicamentos contendo insulina poderiam ser destruídos pelo ácido do sistema digestivo durante a ingestão.
Dentro da cápsula há uma pequena agulha que libera a insulina quando o dispositivo chega à parede do estômago. A agulha é presa a uma mola e protegida por um disco de açúcar. O dispositivo é eliminado normalmente, após a liberação da insulina, no processo de digestão.
Testes em humanos em três anos
À revista Science, os pesquisadores disseram que a cápsula de insulina já foi testada em ratos e porcos, e que a expectativa é de que os testes em humanos comecem em três anos. A descoberta ainda requer muitos testes por segurança e para garantir que não haja prejuízo ao estômago, por exemplo, mas a expectativa é de que a pílula também seja usada para outros medicamentos injetáveis, não só para a insulina.
Para o presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Rodrigo Moreira, os resultados do estudo talvez sejam vistos em cinco a dez anos:
— É algo ainda muito inicial, eles testaram para saber se a cápsula funcionava, não para saber se em pacientes com diabates ela funcionaria para baixar a glicose. Este estudo abre uma perspectiva para que outros testes sejam feitos. Caso a pílula seja válida para pacientes com diabetes, ainda seria necessário testar quantas cápsulas o paciente precisaria tomar, qual seria o custo disso para saber se o tratamento seria viável. Este é um ponto extremamente importante.