As primeiras imagens que aparecem na tela desse longa metragem deixa qualquer telespectador inteligente aturdido, atabalhoado, por ficar em dúvida se está assistindo a um filme cuja temática é a resistência de uma comunidade pacata preste a ser despejada pela ação nefasta do empresário inescrupuloso ou a um campeonato aquático de adolescente cagando palavrões pela boca.
Ao entrar no cinema pensando que vai assistir a um drama sério, abordando um tema lhano, universal, um libelo à natureza, ao meio ambiente, por causa da ganância explorativa do homem, o telespectador se depara com um amontoado de cenas de palavrões e sexos explícitos masculinos sem conexão com a história. As cenas de sexo homoafetivo entre Aurélio e Sandro por mais de dez minutos é uma violência ao bom senso do telespectador.
A sinopse aborda “o cotidiano da pequena cidade fictícia de Piedade abalada com o interesse e chegada de uma grande petroleira no local. Aurélio, interpretado por Matheus Nachtergaele, é representante da petroleira Petrogreen e tem o objetivo de convencer os moradores da cidade a venderem seus terrenos. Logo ele percebe que o foco de resistência à sua proposta é o círculo familiar de Dona Carminha, personagem interpretada magnificamente por Fernanda Montenegro e seu filho mais velho, Omar, interpretado pelo sempre inspirado ator barreirense Irandhir Santos, proprietário do bar Paraíso do Mar. As abordagens de Aurélio fazem com que ele descubra segredos da família e uma inesperada conexão com Sandro, interpretado pelo ator Cauã Reymond, dono de um cinema pornô do outro lado da cidade.”
Depois de dirigir “Amarelo Manga” (2002), seu longa de estréia, que retrata a vida de alguns moradores do centro histórico do Recife, guiados pelas suas paixões e frustrações do dia a dia; “Baixio das Bestas”, (2006), um pornô com cenas de sexos explícitos piegas, refletindo as condições das prostitutas dos cabarés de quinta categoria; “Febre do Rato” (2011), um enredo fora de controle, doidera geral; “Big Jato” (2016), baseado no livro homônimo de memórias de Xico Sá, que retrata a vida do motorista do imponente Big Jato, um caminhão-pipa utilizado para limpar as fossas da cidade sem saneamento básico. Porém, Francisco está mais interessado nas ideias do tio, um artista libertário e anarquista. À medida que descobre o primeiro amor, ele percebe a vocação para se tornar poeta.
O cineasta Cláudio de Assis não inova em nada na sua filmografia. Continua estático, com um tom ranzinza e raivoso, atirando bosta no ventilador da matinê de domingo. Não sai do nonsense, do underground, do lugar comum, da vulgaridade, da lixeira.
Se tivesse argúcia, sensibilidade e espírito inovativo para fazer obras sérias e inovadoras e não possuísse o ego maior do que sua calça jeans, Cláudio de Assis dava um tempo a seus projetos pessoais, assistiria a todos os filmes do mestre Sergio Leone, que rompeu a muralha holywoodiana nos anos sessenta com talento, impôs seus western sphaghetti produzidos na Itália e disse aos yankees: “Oeste se faz com mais violência sim, efeitos sonoros de sons ambientais sim e utilização de imagens e símbolos religiosos sim.” O resto é conversa fiada para boi dormir e discursos raivosos de John Wayne, que considerava, à época, que o faroeste fora do eixo de Holywood era piada pronta de cineasta italiano idiota, no caso do diretor Sergio Leone, que o tempo provou o contrário; e pôs uma rolha na boca de Wayne.
Sergio Leone encantou-se jovem ainda, mas deixou uma obra genial para a posteridade, tão importante quanto às produzidas pelos americanos por que encarava cinema com seriedade, sem copiá-los nem utilizar cenas de sexos explícitos para fazer obras-primas como a Magna Trilogia dos Dólares, Era Uma Vez no Oeste, Quando Explode a Vingança e Era uma Vez na América, melhor filme já produzido sobre a ascendência da máfia judaica no bairro de Nova York.
O filme “Piedade” tem uma excelente temática, mas desperdiçada seu desenvolvimento por um diretor que tem obsessão pelo underground paranoico e pornográfico-esquerdopata.
Piedade – Trailer Oficial