Os últimos áudios de aplicativos de mensagem enviados pelo indigenista Bruno Pereira, assassinado em junho, davam conta da invasão do território indígena no Vale do Javari, no Amazonas, por pescadores ilegais em busca de um dos mais estimados animais amazônicos, o pirarucu (Arapaima gigas). Poucos dias depois da gravação, Bruno foi morto numa emboscada que vitimou também o jornalista britânico Dom Phillips, na região do Alto Solimões, no Amazonas, por pessoas envolvidas na prática ilegal.
"A gente está preparando uma reunião, uma articulação para a Câmara de Vereadores e a Prefeitura (de Atalaia do Norte) na Comunidade São Rafael. Os invasores da terra indígena vão perder o manejo do pirarucu que demorou 10 anos para tirarem", disse Bruno, no áudio, transmitido em maio. O indigenista se referia à reunião que ocorreria em 3 de junho com o objetivo de barrar o avanço da pesca ilegal.
No médio Solimões, as Reservas de Desenvolvimento Sustentável de Mamirauá e Amanã, no município de Tefé, a 523 quilômetros de Manaus, acabam de atingir R$ 3,5 milhões em valores brutos de venda de pescado manejado.
A coordenadora do Programa de Manejo da Pesca do Instituto Mamirauá, MP, Ana Cláudia Torres, disse que a vacinação contra a covid-19 permitiu a retomada da atividade. "Ainda que a pandemia tenha continuado em 2021, não teve o mesmo impacto do ano anterior. Assim, os grupos conseguiram implementar o plano de trabalho previsto", afirmou.