O carinho propiciado pela sensatez
A luz do dia vai sumindo, tal qual água que se esconde na areia do deserto. Rápido, muito rápido.
O vento forte traz consigo a penumbra, aliada ao anúncio da escuridão noturna. Escurece, e estamos juntos, um ao lado do outro. Estamos misturados numa situação em que só a tua cabeça preconceituosa guardou a diferença – a diferença da tonalidade da nossa tez.
Por segundos, minutos e horas, a cor da nossa pele é a mesma – como na realidade é, e deveria ser. Nem era necessária a chegada da penumbra para ficarmos iguais. Apenas um coração bom e uma sensatez, bastariam.
Passam segundos, passam minutos, passam horas – a penumbra desaparece e leva junto o teu raciocínio e a tua humildade. Tua cabeça volta para a mesmice e tua sensibilidade se transforma em pedra. Voltas ao teu status quo – ele é teu.
Tu és tu – e serão necessárias muitas noites transformadas em penumbra, para perceberes que temos a mesma tez. A mesma cor.
As nossas diferenças estão apenas no caráter. Não na cor da tez. Nessa particularidade, nenhum vento forte tangerá a penumbra que habita em ti.
Infelizmente.
Que Deus (todo poderoso – aquele mesmo a quem recorres nos desesperos) te tire definitivamente da penumbra.
OBS. Estou republicando esta pequena crônica, parte do livro Pintando borboletas & outras crônicas, de minha autoria, que estará sendo lançado em breve.