Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Poemas e Poesias quinta, 03 de outubro de 2024

PENETRAS NAS ESPESSURAS - 1863 (POEMA DO PORTUGUÊS JÚLIO DINIS)

PENETRAS NAS ESPESSURAS - 1863

Júlio Dinis

 

 

 

1863

«Penetra nas espessuras,
Nesses retiros aonde
A flor silvestre se esconde
Para sozinha florir.
Dá-lhe o calor dos teus raios,
Desperta-a do fatal sono
Em que as nebrinas do Outono
Já a faziam dormir…»

«Dai-me do campo as mais festivas flores,
Não as quero saudosas;
Quero-as alegres, de risonhas cores,
Como os cravos e as rosas.

«Deixemos a violeta, essa morena
Habitante das relvas.
A delicada, a pálida açucena,
Deixemo-la nas selvas.

«Uma é negra, traz vestes de tristeza, Vem de luto trajada;
Outra, lembra nas cores da pureza, Virgem inanimada.

«Não as quero, que podem essas flores
Renovar na memória,
As mal curadas, as pungentes dores,
Duma recente história.

«O caminho da existência
É então grato e florido.
Ai ! Bem fácil é o olvido
De tudo o que a alma sofreu !
Como à roseira da várzea
Que todo o ano floresce,
A cada flor que fenece
Uma outra flor sucedeu.

«Uma outra flor, e mais bela
E cada vez mais viçosa.
Uma outra flor, outra rosa,
Ou antes, outra ilusão.
Nunca, nunca o desalento
Extingue o fogo sagrado
Que arde no altar consagrado
Que se chama o coração.»

«A saudade, a irmã bem-vinda, À noite, às horas
quietas,
Em que amantes e poetas Livre curso à mente dão ; A virgem pálida
e triste, De branda melancolia,
Que as penas nos alivia, Que nos mitiga a paixão!

«Tens ao teu lado a saudade Falando-te em voz dolente. Duma memória
recente,
Duma luz que se apagou… Luz que tomaste por guia Para termo da viagem;
Mas que o sopro duma aragem, Brandas, apenas, apagou.»

«Veste-se a planta de flores Quando a Primavera assoma; E a espessura
de verdores
• Perfuma com seu aroma.

«Mas nem sempre a mesma vida
Transluz nas flores abertas;
Uma seiva empobrecida
Só lhes dá cores incertas.

«Todos os anos floresce, Ao despertar este dia,
A planta que, ignota, cresce, Da minha pobre poesia.

«Porém, desta vez, roçada Do mal, pela mão funesta,
Uma flor só, desmaiada, Abriu para a tua festa.

«Mas seja o tributo pago, Embora com pobre oferta; Essa mesma aí
a trago, Desbotada e mal aberta.» 


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