Boêmio, poeta, humorista e amigo terminal, é o mínimo que se pode dizer desse matuto nascido em Boi velho, que pertencia a Monteiro-PB. Tal qual o personagem Buendía do romance “Cem Anos de Solidão” de Gabriel Garcia Marques, fez na vida de tudo um pouco sem que nada de material lhe restasse quando partiu.
Morreu pobre mas cercado pelos muitos amigos que fez ao longo de uma existência onde foi agricultor, comerciante (representante comercial: representava o foto Odeon, que fazia ampliações fotográficas, pelo Cariri paraibano e ribeiras do Pajeú).
Um dia, largou tudo e foi ser cambista, sendo essa a atividade mais duradoura. Isso foi lá pelos idos de 40/50.
Pedro era amigo dos cantadores, promovia cantorias e lhes dava abrigo dentro dos limites da sua pobreza. Era um verdadeiro mecenas. Como as cantorias aconteciam sempre à noite e varavam as madrugadas, era muito comum vê-lo dormindo durante o dia, sobre a “banca de bicho”.
Contam que um dia num beco de São José, ele foi acordado por uma mulher muito feia que foi logo lhe perguntando:
– Meu senhor, é aqui que passa bicho?
Ao que de imediato respondeu:
– É não minha senhora, mas pode passar!
Outra ocasião, uma velhinha chegou na banca e lhe consultou no ouvido, afinal era um bom palpite que não podia ser partilhado com ninguém:
– Seu Pedro, eu sonhei essa noite, que a minha casa tava pegando fogo. O que é que eu jogo seu Pedro?
E Pedro sem pestanejar:
– Jogue água minha senhora!
Bem perto de morrer sofrendo de barriga d’água, na cidade de Monteiro, o poeta Zé de Cazuza foi à sua casa e encontrando na sala a sua esposa perguntou-lhe:
– Como está indo Pedro?
Ela respondeu:
– Vai bem não Zé, ainda ontem o médico tirou sete litros de água da barriga dele!
Pedro, deitado numa cama ali junto chamou Zé:
– Pra você ver meu amigo, naquela seca de trinta e dois eu quase morro de sede, agora estou com uma cacimba dentro do bucho!