07 de março de 2022 | 05h00
O técnico Rogério Ceni ganhou crédito com a torcida do São Paulo e com alguns cardeais do Morumbi que ainda torcem o nariz para o seu trabalho. Não deveria ser assim, mas é. Ele tinha muito a perder diante do Corinthians em casa. Com gol de Calleri aos 52 segundos em uma total desatenção do Corinthians, o São Paulo manteve o tabu de não perder em casa para seu maior inimigo no futebol paulista. Foi 1 a 0.
Rogério montou seu time para ser um anfitrião cauteloso, e não há problema algum nisso. Ele sabia, como todo são-paulino sabe, que o rival era melhor no meio de campo e no ataque. Então, formou duas linhas de quatro para dificultar a chegada do Corinthians. Preparou duas trincheiras. A primeira era formada pelos homens de meio, que cansaram no fim, mas que foram fiéis aos mandos do chefe. E isso mostra que o time acreditou na proposta do treinador. A segunda era formada pelos zagueiros.
Há equipes que desafiam os comandos de seu técnico quando entendem que ele não tem uma visão correta da partida em questão, do adversário e do rendimento dos seus próprios atletas – um pecado maior.
Rogério parece estar se entendendo com o grupo. Mas isso não quer dizer que os 39 mil são-paulinos que estiveram no Morumbi com sol e chuva (caiu o mundo na hora do jogo) viram um São Paulo ofensivo, forte e sedutor em sua casa. Não foi. O Corinthians ficou com a bola e buscou mais a criação das jogadas e do gol. Isso no primeiro tempo. No segundo, deixou a desejar, o que só facilitou aos donos da casa, à estratégia de Rogério Ceni.
O gramado pesado atrapalhou as duas equipes. Num campo seco, o Corinthians seria mais veloz e agudo, tanto com Willian quanto com Roger Guedes, e com as metidas de bola de Renato Augusto e as aparições de Paulinho na área.
Mas a condição do campo também tirou o espaço que Ceni tanto pede nas partidas do Paulistão e só terá contra rivais do seu tamanho. Se não havia velocidade pelas pontas, o São Paulo tinha boa condução de bola e movimentação pelo meio. O gol antes do primeiro minuto de jogo tirou ainda a necessidade iminente de Ceni de colocar seu time, anfitrião e empurrado pela sua torcida, para frente sem medo de perder. Se já entrou cauteloso, respeitando a formação mais forte do Corinthians e a qualidade de seus atletas, o gol de Calleri segurou ainda mais a equipe, mas no sentido de atuar com mais inteligência.
O fato é que Ceni vai ajustando seu time de acordo com os adversários, e não há problema algum nisso. Não fica, é verdade, um jogo bonito, vistoso, de empolgar o torcedor, mas ainda não dá para esse São Paulo ter tudo isso. Rogério está atrás de competitividade, de ajustar setores, de fazer os jogadores renderem em suas posições ou mudá-los de setor. É o seu primeiro passo.