04 de abril de 2022 | 05h00
Em quase um ano e meio de Palmeiras, Abel Ferreira se acostumou a derrubar tabus e colecionar façanhas expressivas. A última delas foi ter se tornado o primeiro técnico da história palmeirense a ganhar um título de campeonato estadual, um de campeonato nacional e um de campeonato internacional.
A goleada histórica sobre o São Paulo também o fez interromper uma sequência histórica de Vanderlei Luxemburgo, técnico da equipe nas últimas cinco conquistas do Campeonato Paulista antes deste domingo. Com ele, o Palmeiras levantou a taça do Paulistão em 1993, 1994, 1996, 2008 e 2020.
Luxemburgo deu lugar ao técnico português cerca de dois meses depois de vencer o Paulistão, há dois anos. Abel assumiu no fim de outubro daquele ano e, em 17 meses no cargo, conquistou sua quinta taça em nove finais disputadas.
Além disso, o português passou a ser o primeiro técnico estrangeiro campeão do Estadual desde o húngaro Bela Guttmann, do São Paulo, em 1957. Levando em conta apenas o Palmeiras, o feito se torna ainda mais raro: o último treinador estrangeiro campeão paulista havia sido o uruguaio Ventura Cambon, em 1950, e o último europeu, o italiano Caetano De Domenico, em 1940.
Embora muitos, incluindo Felipão, outro comandante histórico alviverde, classifiquem o português como o maior treinador que o Palmeiras já teve, ele não concorda e se habituou a dividir os méritos com os atletas, que são os verdadeiros protagonistas, na sua visão. Ele se define como "apenas uma peça dentro de um relógio que tem sido consistente".
"Esses jogadores nasceram para fazer história no futebol brasileiro e no Palmeiras. Não me pergunte onde eles vão buscar as forças. É mérito deles. Não sou eu que chuto a bola", ressaltou.
"São os jogadores que me fazem melhor treinador. São eles que fazem acontecer. São eles que me fazem ser melhor. Eu sou 30% daquilo tudo que eles fazem, eles são 70%. Quem faz acontecer são os jogadores. Eu fui, sei o que estou falando", acrescentou Abel, que foi um "lateral esforçado" e é, nas palavras dele mesmo, melhor técnico do que foi como atleta.
Na entrevista aos jornalistas, paralisada por um breve momento para banho de isotônico que levou dos atletas, o português enalteceu frisou que o Palmeiras foi a melhor equipe do Paulistão. Por isso, mereceu o título, que quase veio de forma invicta - perdeu apenas uma partida, a de ida da final. Ele não sabe, porém, se a equipe será capaz de manter essa regularidade impressionante, dado o calendário exaustivo que terá pela frente, com viagens longas e jogos decisivos.
"Eu não sei como o time vai chegar na metade da temporada. Nós preparamos esses jogadores, desde o início, com muita intensidade. Temo, fruto da densidade competitiva, dessas viagens que vamos fazer agora, extremamente desgastantes, o pouco tempo de repouso. Não sei como vamos aguentar. Vamos fazer tudo que for possível", avisou.
Há pouco tempo para comemorações. Dono dos últimos dois títulos da Libertadores, o Palmeiras estreia quarta-feira na competição sul-americana. O time vai à Venezuela encarar o Deportivo Táchira, às 21 horas, no estádio Pueblo Nuevo.
"Nem tempo dá para festejar. Já temos treinos e daqui a três dias estamos jogando. Mas sou muito feliz em fazer os outros felizes. Eu vejo nossos torcedores festejando, poder proporcionar essa vitória me deixa muito feliz".