Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Estadão sexta, 30 de outubro de 2020

PAULINHO DA VIOLA FALA DO NOVO DISCO, E MAIS

 

Paulinho da Viola fala de novo disco ao vivo, quarentena e diz que só fará shows após a vacina

'Sempre Se Pode Sonhar', que chega às plataformas digitais nesta sexta, 30, traz repertório de shows que o músico apresentou em longa temporada no Teatro Fecap, em 2006

Adriana Del Ré, O Estado de S.Paulo

30 de outubro de 2020 | 05h00

Nos últimos meses, Paulinho da Viola anda mais apegado ao violão e afastado de seu cavaquinho. Compõe, mas também tem recuperado canções do baú, algumas inacabadas, outras esquecidas. E há tempos não pisa na pequena marcenaria que mantém no quintal de sua casa, no Rio, onde gosta de reparar instrumentos e outros objetos de madeira. Como se, neste período de pandemia, o processo de criação – e de literalmente colocar a casa em ordem – se mostrasse mais urgente. “Estou fazendo muita coisa aqui em casa, agora mesmo eu estava mostrando para meu filho algumas composições para violão. Estava tentando também me lembrar de um samba. A gente vai mexendo com música e outras coisas da casa. Então, não tenho ficado aflito, não, só preocupado como todo mundo”, comenta o músico, assim que começa a conversar com a reportagem, por telefone. “Aproveitei para arrumar meus discos também, separar aquilo que não quero mais.”

Mesmo sem nunca parar de compor – a seu modo, sem pressa, geralmente estimulado por algum momento ou alguma ideia –, o músico de 77 anos ainda não tem data para lançar seu aguardado disco de inéditas – o último foi o clássico Bebadosamba, de 1996. Mas, em tempos também de resgates, a gravação ao vivo de shows que ele apresentou durante quase um mês no Teatro Fecap, em São Paulo, em 2006, deu origem ao disco Sempre Se Pode Sonhar, que chega nesta sexta-feira, 30, às plataformas digitais. A capa leva a assinatura de Elifas Andreato, que ilustrou 14 álbuns ao longo da carreira de Paulinho, como o icônico Nervos de Aço, de 1973. O compositor e cantor conta que esse registro estava guardado com ele havia 14 anos. Como precisava fazer mais um projeto com a Sony, ele apresentou o material à gravadora, que quis lançá-lo. 

 
 
Paulinho da Viola
Paulinho diz que atualmente o violão está mais presente no seu processo de composição e que tem músicas
inéditas para fazer um disco. Foto: Wilton Junior/Estadão
 

Segundo o músico, ele demorou para ouvir as gravações, porque elas estavam em um tipo de arquivo que não era fácil acessar. Assim, só após a conversão para outro suporte é que ele pôde ouvi-las – e diz ter se surpreendido com a qualidade dessas gravações. Nesse processo, João Rabello, seu filho, o ajudou a selecionar a melhor versão de cada uma delas para o novo álbum. 

De fato, o teatro foi projetado com uma acústica digna de um estúdio. E a longa temporada realizada por Paulinho inaugurou o espaço, a convite do diretor artístico do Fecap, Homero Ferreira. Foi uma sequência de shows impecáveis – ele faria uma segunda temporada anos depois no mesmo local, com apresentações também devidamente registradas.

Logo na estreia, Paulinho mostrou um repertório que pouco mudaria ao longo dos demais shows, mesclando clássicos, como Nervos de AçoTimoneiroCoração Leviano e Dança da Solidão; músicas que não cantava ao vivo havia tempos, como Não Quero Você Assim; e novas canções em sua interpretação, como Para Mais Ninguém (que já tinha sido gravada por Marisa Monte em Universo Ao Meu Redor, de 2006), Sempre Se Pode Sonhar (parceria com Eduardo Gudin, que foi lançada originalmente no disco do músico paulistano, Um Jeito de Fazer Samba, em 2006) e Ela Sabe Quem Eu Sou, inédita até agora e que, no novo disco ao vivo de Paulinho, ganha sua primeira gravação. 

Ainda nessa safra de novidades estava o samba Talismã (gravada depois, em 2007, no álbum Acústico MTV de Paulinho), que foi fruto da parceria com Marisa Monte e Arnaldo Antunes – e de um desafio lançado por Paulinho aos dois ao deixar a melodia desse samba tradicional com Marisa. “E eles fizeram aquilo rapidamente”, conta, divertindo-se com a lembrança. “Foi uma fita cassete que achei em casa, que eu tinha gravado há muitos anos, mas nunca tinha feito nada.” 

Um momento especial e emocionante no show é o dedicado ao bloco do choro, e à música instrumental, em que Paulinho recebia como convidados Izaías Bueno (bandolim) e o irmão Israel Bueno (violão). Juntos, em plena sintonia, tocando Vibrações, de Jacob do BandolimCochichando, de Pixinguinha, entre outras. “O repertório é o mesmo do show, não mudamos, não tiramos nada.” São 22 músicas que, se ouvidas em sequência e não aleatoriamente, seguem a mesma ordem com que foram apresentadas ao vivo. O show está lá na íntegra, com todos os detalhes vocais, instrumentais, as pausas, os aplausos. Mas sem as histórias e os causos que Paulinho gosta de relembrar no palco – e conta tão bem – durante seus shows.

 

Paulinho da Viola
O músico na inauguração do Teatro Fecap, em 2006. Foto: Fernando Pereira/Estadão 

Em meio à pandemia, Paulinho não cogita fazer shows antes que saia a vacina, mesmo com a recente flexibilização e a reabertura de casas de shows seguindo protocolos de segurança. “Não há a menor possibilidade disso agora”, diz. O mesmo ele enfatiza ao comentar sobre o adiamento do carnaval em 2021 por conta do novo coronavírus. “Acho que, enquanto não tiver uma vacina, uma segurança mesmo, acho que isso não volta. Como você vai fazer carnaval, que é uma coisa que reúne milhares, milhões de pessoas, num determinado bloco, como tem hoje no carnaval de rua de São Paulo?” 

Um dos grandes nomes da música brasileira que ainda não aderiu às lives, o músico conta que tem pensado sobre o assunto e recebido convites para fazer apresentação nesse formato. 

Por ora, Paulinho prefere manter sua rotina em casa, dedicando atenção especial à música. E diz que, sim, tem canções para fazer um novo álbum de inéditas. “Tenho guardadas muitas letras, tenho até melodias de amigos e parceiros que não consegui ainda colocar letra”, afirma. “Por exemplo, este período agora que estou em casa, peguei mais o violão, mas, em vez de fazer sambas, vinha música de violão, choros, uma valsa para violão. Não sei explicar como isso acontece. Mas tenho muitas letras também de parceiros, e tem até letras minhas que eu não consegui musicar. Se for fuçar mesmo, eu poderia fazer um disco. Tenho um samba que eu fiz para o Elton (Medeiros) que não gravei”, referindo-se a um de seus grandes parceiros, que morreu em 2019. E existe alguma previsão de lançamento de um disco de inéditas? “Não tem, não, mas pode ter a qualquer momento (risos)”, graceja Paulinho, já acostumado com a “cobrança”. 

Sobre a pandemia e se acha que as pessoas podem sair melhores dela, Paulinho acredita que “não necessariamente”. “Talvez saiamos diferentes. A gente não sabe o que vai acontecer. Você vê agora, por exemplo, na Europa, onde muita coisa estava liberada, foram obrigados a fechar muita coisa de novo. Então, a gente não sabe o que vai acontecer depois. Imagino que, como temos visto no mundo, esperamos que haja consciência em relação a isso, que é uma coisa que depende da gente, da ciência. Como as pessoas vão se comportar em relação a isso, como nossos dirigentes vão se comportar em relação a isso? Ninguém sabe. Não há certeza de nada.” 


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