Paula é do tempo em que ainda existiam relojoeiros, sapateiros e amoladores de tesoura. Morava vizinho à sua casa, nas quebradas de um sertão brabo, um alfaiate. Não mais costura: faltam-lhe encomendas. Paula sobreviveu à fome e à vida vendendo seu corpo frágil, mas bonito, nos cabarés mais lordes do Recife antigo. Sim, ela é do tempo em que existiam cabarés na parte velha da Cidade. Vivia à noite ali e dormia de dia no kitinete alugado no Califórnia. Até o dia em que aportou no cais um navio cheio de japoneses e um deles se apaixonou perdidamente por Paula. Daí, morar no outro lado do mundo foi ligeiro demais. Hoje, Paula ainda lembra daquele tempo, e vive entre Tókio e Cabrobó com a fotografia de um casal de Japonesinhos na bolsa. Ela ama seus filhos. Este fim-de-semana levou-os à praia, bem em frente ao Edifício Califórnia.