O Parkinson tem como principais sintomas os tremores e uma limitação nos movimentos corporais. Um estudo realizado por neurocientistas da Universidade Católica do Sagrado Coração, na Itália, sugere que um dos caminhos para retardar o progresso da doença degenerativa é justamente exercitar-se. Segundo os autores do estudo, publicado na revista Science Advances, sessões diárias de treinamento em esteira levam à redução de uma proteína ligada às limitações causada pela enfermidade e também ao aumento de outra associada à neuroproteção.
Os resultados da pesquisa também revelaram que a atividade física regular ajudou a neutralizar a disseminação de alfa-sinucleína, uma proteína que, na doença de Parkinson, leva à disfunção gradual e progressiva de neurônios. "Nosso estudo fornece evidências claras de que o exercício intensivo é eficaz em neutralizar a disseminação de alfa-syn e na prevenção de deficits sinápticos precoces, melhorando os distúrbios motores e cognitivos em animais parkinsonianos", destacam os autores.
Acúmulo X Estímulo
Talita Balieiro, neurologista do Hospital Anchieta, em Brasília, explica que a agregação anormal da proteína alfa-sinucleína é a marca patológica do Parkinson. "O acúmulo dessa proteína mal-formada nos neurônios dopaminérgicos causa a morte celular, gerando os sintomas da doença, como lentidão dos movimentos, tremor, rigidez, desequilíbrio e alteração de marcha."
Mais estudos
A equipe da universidade italiana está, agora, envolvida em um ensaio clínico para testar se o exercício intensivo pode identificar novos marcadores que ajudem a monitorar a desaceleração do Parkinson e a traçar o perfil de avanço da doença. "No futuro, seria possível identificar novos alvos terapêuticos e marcadores funcionais a serem considerados para o desenvolvimento de tratamentos não medicamentosos a serem adotados em combinação com as terapias medicamentosas atuais", aposta Fresco.
De acordo com o artigo, os resultados obtidos até o momento fornecem "suporte experimental sólido para testar, em humanos, a hipótese de que a atividade física também atrasa os sintomas do Parkinson". Enquanto não se chega a essa resposta, Balieiro indica outros hábitos que ajudam no enfrentamento à doença. "É importante ter uma alimentação saudável, manter uma rotina de sono regular, gerenciar o estresse, socializar e manter atividades de lazer e seguir o plano de tratamento com medicações adequadas e acompanhamento regular de um especialista", lista a neurologista.
* Estagiária sob a supervisão
de Carmen Souza