Delegação nacional contará com 260 competidores e buscará melhorar resultado da Rio 2016, quando terminou em oitavo no quadro de medalhas
Texto: João Prata
16 de agosto de 2021 | 09h50
O Brasil chega para os Jogos Paralímpicos de Tóquio com sua maior delegação em uma edição fora do País. No total são 434 pessoas que estarão no Japão, sendo 260 atletas. A meta para o evento que começa no dia 24 é manter o Brasil no top 10 do quadro de medalhas e, se possível, superar o desempenho dos Jogos do Rio 2016, quando terminou na oitava colocação no final.
A superação tem sido uma constante nesse ciclo olímpico, que foi um pouco mais longo, de cinco anos, por causa da pandemia. Nos eventos que ocorreram antes da disputa em Tóquio, o Brasil bateu recorde de medalhas nos Jogos Parapan-Americanos de Lima e terminou em uma inédita segunda colocação no Mundial de Atletismo de Dubai, ambos eventos ocorridos em 2019.
Em Londres 2012, a última edição fora do Brasil, a delegação nacional contou com 178 atletas, até então a maior delegação. O número para a capital japonesa só é superado pela participação no Rio, quando o Brasil garantiu vagas em todas as modalidades por ser país sede e contou 286 atletas no total.
Outro objetivo dos atletas brasileiros é alcançar a centésima medalha de ouro paralímpica brasileira. Contando todas as edições, o País já subiu 87 vezes no lugar mais alto do pódio. Em Tóquio, haverá representantes do País em 20 das 22 modalidades. As exceções são o basquete em cadeira de rodas e o rugby em cadeira de rodas. O atletismo é o esporte com maior representação brasileira: 64 nomes, três a mais que no Rio.
Haverá competidores do Brasil também nas duas modalidades estreantes: no parabadminton, Vitor Tavares, na classe SS6 (nanismo), buscará o inédito ouro. E, no parataekwondo, são três atletas: Silvana Cardoso, Nathan Torquato e Débora Menezes, todos da classe K44 (amputação de braço).
As primeiras medalhas brasileiras devem sair da natação, que começa no primeiro dia do evento. O Brasil contará com nomes de peso como o multimedalhista Daniel Dias (classe S5), Carol Santiago (S12) e Phelipe Rodrigues (S10).
Também no primeiro dia haverá um grande desafio para a seleção masculina de goalball, bicampeã mundial. Logo na estreia, a partir das 21h (de Brasília), enfrentará a Lituânia, sua arquirrival, pela primeira fase do Grupo A. O time feminino jogará no mesmo dia, às 5h30, contra os EUA.
Vale ficar de olho ainda nos dias iniciais de competição no futebol de 5, que buscará o pentacampeonato paralímpico. O Brasil está no grupo A, junto com os donos da casa, e estreia no dia 29 de agosto contra a China, atual campeã asiática. A final está marcada para 4 de setembro.
O atletismo, como tradição começa na metade final dos Jogos, após a natação. A principal atenção fica por conta dos 100m na classe T47 (amputação de braço). No Mundial de Dubai, em 2019, o Brasil conseguiu pódio triplo e terminou a competição também com o recorde mundial de Petrúcio Ferreira. Na ocasião, completaram o pódio Washington Junior com a prata e Yohansson Nascimento, com o bronze. Os dois primeiros competirão em Tóquio. Yohansson deixou as pistas e é atualmente o vice-presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro.
FAVORITOS AO PÓDIO
● Selecionamos dez atletas que vale ficar de olho em Tóquio
JUDÔ | Classe B3 (baixa visão)
Histórico: descobriu na infância a doença de stargardt que afetou sua visão.
Conquistas: campeã mundial em 2018 e prata nos Jogos do Rio 2016.
JUDÔ | Classe B1 (cego)
Histórico: foi atingido por uma semente de mamona no olho esquerdo quando tinha 13 anos e perdeu a visão. Anos depois teve uma infecção no olho direito e ficou sem visão.
Conquistas: 4 ouros paralímpicos (1996, 2000, 2004 e 2008), 1 prata (2016) e 1 bronze (2012).
NATAÇÃO | Classe S5 (funcionalidade)
Histórico: nasceu com má formação congênita dos membros superiores e da perna direita. Descobriu a natação pela TV assistindo ao ídolo Clodoaldo Silva nos Jogos Paralímpicos de Atenas 2004.
Conquistas: 24 medalhas em Jogos Paralímpicos (14 de ouro, 7 de prata e 3 de bronze)
NATAÇÃO | Classe S12 (baixa visão)
Histórico: nasceu com síndrome de morning glory, uma alteração congênita na retina que reduz seu campo de visão. Praticou natação convencional até 2018 quando migrou para a paralímpica.
Conquistas: recordista mundial dos 50m. 4 medalhas no Mundial de Londres 2019 (2 ouros e 2 pratas)
NATAÇÃO | Classe S14 (deficiência intelectual)
Histórico: nadava no convencional até 2019, quando fez um teste e descobriu que tinha baixo QI. Surpreendeu nas primeiras competições paralímpicas e é uma das apostas do Brasil.
Conquistas: 6 ouros e 1 prata no Open Europeu de natação disputado em maio, em Portugal
ATLETISMO | Classe T47 (amputado membros superiores)
Histórico: sofreu um acidente com uma máquina de moer capim quando tinha dois anos e perdeu parte do braço esquerdo.
Conquistas: recordista mundial e atleta mais rápido do mundo entre todas as classes nos 100m. Ouro nos 100m e prata nos 400m na Rio 2016
ATLETISMO | Classe F52(cadeira de rodas)
Histórico: era jogadora de vôlei quando foi diagnosticada com esclerose múltipla. Começou no basquete de cadeira de rodas e depois foi para o atletismo
Conquistas: é a atual campeã e recordista mundial no lançamento de disco
ATLETISMO | Classe F37(cadeira de rodas)
Histórico: teve a perna esquerda abaixo do joelho amputada por causa de um acidente de moto, Desde 2010 compete em cadeira de rodas.
Conquistas: Atual recordista mundial no arremesso de peso, medalha de ouro no Mundial de Dubai de 2019
GOALBALL | Classe B1 (cego)
Histórico: perdeu a visão na infância por causa de uma retinose pigmentar
Conquistas: bicampeão mundial e bronze no Rio 2016
FUTEBOL DE 5 | Classe B1 (cego)
Histórico: teve um descolamento de retina aos 6 anos e ficou cego.
Conquistas: eleito duas vezes melhor do mundo e tricampeão paralímpico (2008, 2012 e 2016)