Gabriel Bandeira é considerado um fenômeno da natação, mas demorou para ter o seu potencial reconhecido. Mesmo diagnosticado com hiperatividade e déficit de atenção, seguiu competindo na categoria convencional por quase dez anos. Até que seu treinador o colocou para fazer os testes de elegibilidade. Aprovado, deixou de ser um atleta de resultados comuns para se transformar em uma das principais esperanças de medalha e recordes para o Brasil nos Jogos Paralímpicos de Tóquio, que começam na terça-feira com a delegação verde-amarela entre as principais forças. A transmissão será do SporTV e da TV Brasil.
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O atleta de 21 anos, que irá competir na classe S14, para pessoas com deficiência intelectual, é uma das esperanças do Comitê Paralímpico Brasileiro para faturar a 100ª medalha de ouro paralímpica, um dos principais objetivos da delegação na terra do sol nascente. Na Rio-2016, foram 14 medalhas douradas. Ou seja, a meta de conquistar 13 em Tóquio é bastante factível. Ainda mais com uma delegação de 260 competidores.
Gabriel disputará seis provas na natação: 100m borboleta, 100m costas, 100m peito, 200m livre, 200m medley e o revezamento 4x100 livre. É favorito em todas elas, tendo quebrado seis recordes das Américas em maio deste ano. Então é difícil não apostar que ele será um dos responsáveis por fazer o Brasil manter o status de potência paralímpica. Desde Pequim-2008, o país não sabe o que é ficar fora do top 10.
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— Hoje, o Gabriel está entre os três melhores atletas em todas as provas. E com ele no revezamento (o 4x100 livre misto foi quarto colocado no Mundial), eles também sobem nas brigas pelas medalhas disponíveis, ouro, prata ou bronze — afirmou o técnico da natação, Alexandre Vieira, recentemente, ao ge.
Curiosamente, Tóquio marcará uma passagem de bastão, tendo em vista que ele deve ocupar o lugar deixado por uma lenda. Maior campeão paralímpico do país, Daniel Dias anunciou que irá se aposentar após disputar os Jogos pela quarta vez. A ideia é passar mais tempo com a esposa Raquel e os filhos Asaph, Daniel e Hadassa. Aos 33 anos, ele espera aumentar o currículo de 24 medalhas (14 ouros, sete pratas e três bronzes), mas se vê diante de uma polêmica reclassificação.
Modalidades vencedoras
As três modalidades mais vencedoras desde a estreia do Brasil em 1972 são atletismo, natação e bocha. Por isso, é justo que Evelyn Oliveira fosse escolhida como uma das porta-bandeiras da delegação em Tóquio ao lado do velocista Petrúcio Ferreira. A cerimônia de abertura será terça-feira, às 8h (de Brasília). Ela foi campeã de duplas mistas da classe BC3 da bocha na Rio-2016, junto com Antonio Leme e Evani da Silva. Agora aos 44 anos tenta o bicampeonato.
— É uma honra muito grande poder representar todos os atletas. Estava no jantar quando fui chamada para receber o convite. Na hora, até pensei que tinha cometido algum erro. Não esperava participar (risos). Na Rio-2016, mesmo em casa, com a torcida e a nossa família nos apoiando, não éramos os favoritos. Era tudo novidade. Entramos nos divertindo. Quando vimos, estávamos na final e fomos campeões — conta.
Evelyn faz parte da meta atingida pela CPB para participação feminina nos Jogos, de 38%. Em Tóquio, a delegação terá 96 atletas mulheres com deficiência, o que representa 40% da equipe nacional.
O outro porta-bandeira, Petrúcio Ferreira, é um fenômeno da delegação brasileira. Em 2019, o velocista quebrou o recorde mundial dos 100m rasos T47 (para atletas com deficiência nos membros superiores) com a marca de 10s42, a melhor entre todas as classes do atletismo paralímpico.
Dono de três medalhas na Rio-2016, Petrúcio é estrela de algumas das provas mais badaladas do atletismo. Os 100m, assim com nos Jogos Olímpicos, costumam ser uma das atrações do evento.
Além dos recordes, que ele admite o desejo de quebrar, Petrúcio se destaca pelo alto astral: ao lado de Vinícius Rodrigues, Washington Júnior e Thomaz Moraes, faz parte da carismática delegação de atletismo que colocou japonês para dançar funk no aeroporto.
— Penso sim em quebrar recordes, mas quero dar o meu melhor. Os dois (recordes paralímpico e mundial) são meus (risos). É uma meta. Mas independentemente da cor da medalha, quero subir no pódio para dedicar ao meu país, minha família, minha esposa, minha equipe e ao Nordeste — afirma o corredor nascido em São José do Brejo do Cruz, no sertão da Paraíba.
Favoritos e novatos
Além do atletismo, outra boa chance de medalha para o Brasil está no futebol de 5. Os números não mentem. O país tentará manter a hegemonia paralímpica, já que sempre foi campeão desde que a modalidade para atletas com deficiência visual entrou no programa, em Atenas-2004. Liderado pelos multimedalhistas Ricardinho e Jefinho, a equipe é a atual campeã mundial.
Como preparação, a seleção brasileira está realizando treinos em território japonês na parte da manhã e na grama sintética sob temperatura de 32°C. A ideia do técnico Fábio Vasconcelos é se adaptar o quanto antes ao calor de Tóquio.
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Outra boa perspectiva para o Brasil se manter no top 10 do quadro de medalhas está nas novas modalidades. Se na Olimpíada o país teve sucesso com skate e surfe, agora a vez é do parabadminton e parataekwondo. No segundo, a favorita é Débora Menezes, atual campeã mundial e número 2 do mundo na modalidade.
— Sou muito grata e feliz pela realização de disputar os Jogos Paralímpicos. É uma modalidade nova e peço a torcida de vocês. A expectativa, além da medalha, é deixar um legado para o esporte brasileiro, que sempre proporcionou coisas boas para a minha vida. A modalidade vai estrear e vou estar focada para trazer essa conquista inédita para o Brasil— afirma Débora.
O badminton para pessoas com deficiências é disputado por atletas em cadeira de rodas e andantes, com diferentes limitações. No taekwondo, que é dividido em diversas classes, a luta segue as regras convencionais em três rounds. Quem tiver mais pontos ao fim do último round ven