Gilberto Amendola, O Estado de S.Paulo
08 Outubro 2018 | 04h00
No início do ano, o deputado Jair Bolsonaro parecia caminhar para ser o candidato à Presidência da República do eu sozinho. Depois de deixar o PSC, tentou se viabilizar como nome do PEN (que passou a se chamar Patriota para recebê-lo). Sem acordo com a legenda, procurou outra sigla considerada nanica, o PSL. E com o PSL, já no segundo turno e com o apoio de bancadas de peso, especialistas afirmam que Bolsonaro terá maioria no Congresso e condições de governabilidade caso venha a ser eleito Presidente da República.
A chegada no PSL foi cheia de turbulência. O partido, que iria se chamar Livres, recebeu Bolsonaro e perdeu parte dos seus simpatizantes (que formaram o movimento Livres). Em março, Bolsonaro trabalhava para garantir que o PSL tivesse ao menos cinco deputados. Naquela ocasião, ainda existia muita desconfiança do mundo político sobre a viabilidade de sua candidatura.
As pesquisas de opinião foram, aos poucos, mostrando que o candidato seria competitivo. Nesse período, com a coordenação do deputado Oxy Lorenzoni (cotado para assumir a Casa Civil em um eventual governo Bolsonaro), as poderosas bancadas evangélica, do agronegócio e da Segurança Pública foram se aproximando do candidato.
O movimento se acentuou graças ao fraco desempenho do candidato tucano, Geraldo Alckmin. Figuras do chamado Centrão, bloco que apoiou formalmente Alckmin, foram declarando preferência a Jair Bolsonaro. Candidatos ao governo de diversos Estados também fizeram esse movimento – de olho na onda de votos que um apoio de Bolsonaro poderia significar. O líder da maior igreja evangélica do País e dono da TV Record, Edir Macedo, chegou a gravar um vídeo de apoio ao nome do PSL.
Apoio. Os candidatos ao governo de São Paulo, por exemplo, João Doria (PSDB) e Paulo Skaf (MDB) já deixaram clara suas inclinações bolsonaristas no segundo turno. Em Curitiba, Ratinho Jr. – eleito governador do Paraná já no primeiro turno – também indicou que vai de Bolsonaro no segundo turno. Muitos outros exemplos se somaram pelo Brasil.
O tamanho dessa onda faz com que cientistas políticos acreditem que, no caso de vitória, Bolsonaro terá sim maioria no Congresso e condições de governabilidade. “Vai ter uma bancada grande – tendo o Centrão como base. Tudo indica que uma bancada de direita mais dura será eleita. Com ela, Bolsonaro vai poder conversar e governar”, comenta o cientista político Claudio Couto (PUC-SP).
O também cientista político Humberto Dantas (USP) segue a mesma linha. “O PSL deve eleger uns 30 parlamentares. Além deles, vai contar com o velho centrão, parte do MDB, do PR, do PP, do DEM...As bancadas do Boi, da Bíblia e da Bala são muito fortes no Congresso e devem dar sustentação ao presidente Bolsonaro, caso ele seja eleito.”
O cientista político Rodrigo Prando (Mackenzie) lembra que o Centrão e a direita moderada parecem ter abandonado o PSDB. “Tudo indica que os partidos que compõem o Centrão vão aceitar e colaborar com um eventual governo Bolsonaro. Portanto, ele terá, pelo menos de início, uma maioria que vai garantir a governabilidade.