Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Correio Braziliense sexta, 09 de maio de 2025

PAPA LEÃO XIV: VEJA A TRAJETÓRIA DE ROBERT FRANCIS PREVOST

Entrou cardeal e saiu papa Leão XIV: veja a trajetória de Robert Francis Prevost

Citado discretamente na lista dos papabili, o norte-americano e peruano Robert Francis Prevost surpreendeu ao surgir na varanda da Basílica de São Pedro como o 267º pontífice

postado em 09/05/2025 06:06
 
 
O então bispo durante uma visita a Chulucanas, no Peru, no ano passado: mais de duas décadas como missionário no país -  (crédito: Paul SUNCION / ANDINA / AFP)
O então bispo durante uma visita a Chulucanas, no Peru, no ano passado: mais de duas décadas como missionário no país - (crédito: Paul SUNCION / ANDINA / AFP)
 
Bem que os vaticanistas avisaram: no conclave, quem entra papa sai cardeal. O nome do norte-americano e peruano Robert Francis Prevost chegou a aparecer em algumas listas de papáveis, mas sem a mesma frequência e destaque dos de outros cardeais, como o italiano Pietro Parolin, o filipino Luis Antonio Tagle ou o africano Peter Turkson. Poucos especialistas apostavam em um pontífice das Américas, após 12 anos do papado de um argentino. Muitos acreditavam no retorno de um europeu ao trono de São Pedro.

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Quem apareceu na sacada da Basílica de São Pedro após o anúncio de Habemus papam, porém, foi um norte-americano de ascendência franco-espanhola-italiana, que passou 18 anos no Peru, tornando-se cidadão do país sul-americano em 2015. Nascido em Chicago em 14 de setembro de 1955, foi ordenado padre em Roma, em 1982. No ano seguinte, chegaria a Chulucanas, cidadezinha do norte peruano conhecida pela tradição da cerâmica pré-colombiana.


Prevost também passou pelos vicariatos de Iquitos e Apurímac, onde serviu como prior, vigário geral e professor, além de administrar duas paróquias. Em 1999, voltou a Chicago, onde foi ordenado bispo. Ficou nos Estados Unidos até 2014, quando foi nomeado Administrador Apostólico da Diocese de Chiclayo, no Peru, tornando-se bispo de Sufar.

Moderado

Chamado pelo jornal italiano La Repubblica de "o menos norte-americano dos norte-americanos", Prevost, que tem reputação de moderado, já declarou diversas vezes seu amor pelo Peru. Ele é "o papa de dois mundos", definiu o La Stampa; vindo da periferia do mundo, como defendia Francisco. Na sua primeira fala como papa eleito, fez questão de saudar, em espanhol, a "querida Diocese de Chiclayo, onde um povo fiel acompanhou seu bispo, compartilhou a sua fé e deu muito, muito para seguir sendo a igreja fiel de Jesus Cristo".


Filho de uma bibliotecária e de um professor católicos, Prevost estudou em escolas religiosas. Apelidado de Bob, foi coroinha na infância e, segundo amigos da época, jamais reclamou de ir à missa. Ao contrário, gostava de frequentar as celebrações, um hábito da família, que costumava participar do ritual diariamente, e não só aos domingos.

Ele tem diploma em matemática pela Universidade Villanova, na Filadélfia, mas preferiu se dedicar aos estudos teológicos, obtendo o grau de Mestre de Divindade na União Teológica Católica, em sua cidade natal. O doutorado em direito canônico foi defendido na Universidade de São Tomás Aquino, em Roma. Poliglota, fala inglês, espanhol, português, francês e italiano.

O papa Leão XIV é considerado um homem discreto. Em 2023, em entrevista ao jornal argentino La Nación, revelou uma paixão: o tênis. "Me considero um grande aficionado por tênis. Desde que deixei o Peru, tive poucas ocasiões de praticar, então desejo muito voltar às quadras", contou. Ontem, em uma coletiva, o atual bispo de Chiclayo, Edison Farfán, falou das preferências culinárias do novo pontífice. "Gostava muito de cabrito, arroz com pato e ceviche. Eram seus pratos favoritos." Na entrevista, Farfán também destacou a dedicação de Prevost aos pobres. "É um irmão nosso, um irmão que passou por estas terras. Deu toda a sua vida à missão no Peru, é sensível ao tema da pobreza."

Imigrantes

Conhecido pelo comprometimento com questões sociais, o papa imigrante compartilha com Francisco a compaixão por pessoas que deixaram sua terra natal em busca de melhores condições de vida. Nas redes sociais, Leão XIV deixou claro sua opinião sobre a política de linha dura imigratória do governo de Donald Trump. Em 2015, compartilhou pelo antigo Twitter o texto Por que a retórica anti-imigrante de Donald Trump é tão problemática, de sua autoria.

Mais recentemente, usou a rede X para criticar Trump e Nayib Bukel, presidente de El Salvador. Ele publicou um texto do jornalista católico Rocco Palmo, sobre a deportação irregular do salvadorenho Kilmar Abrego Garcia. "Vocês não veem o sofrimento? A consciência de vocês não se incomoda? Como conseguem ficar em silêncio?", diz a postagem compartilhada.

Embora tenha estudado em Roma, o papa é morador do Vaticano há pouco tempo. Chegou há dois anos, convidado por Francisco, de quem era próximo, para substituir o cardeal canadense Marc Ouellet — acusado de agredir sexualmente uma mulher — no Dicastério para os bispos. Também foi nomeado presidente da Comissão Pontifícia para a América Latina.

Agostiniano, ao se tornar papa, Leão XIV adotou como lema o trecho de uma homilia de Santo Agostinho: In Illo uno unum — Somos muitos os cristãos, mas em Cristo somos um. A frase é significativa em um momento crucial, quando a Igreja Católica se mostra dividida. Logo após a morte de Francisco, o então cardeal afirmou que ainda havia muito a fazer na reforma da Igreja. 'Não podemos parar, não podemos retroceder", afirmou, ao Vatican News.


Ao citar Francisco em várias ocasiões no primeiro discurso como papa, Prevost sinalizou que o retrocesso não será uma opção. Também deixou claro que a sinodalidade — o caminhar junto dos cristãos — tão cara ao antecessor prevalecerá em seu papado. "Sigamos adiante unidos, como uma Igreja que constrói pontes por meio do diálogo."

Ativo nas redes

Quando o norte-americano J. D. Vance afirmou que os cristãos devem, primeiramente, amar suas famílias, seus vizinhos e, depois, os membros da sua comunidade e seus compatriotas, Robert Prevost não hesitou em comentar. Ele usou a teologia para contradizer, no X, o vice-presidente, cujas opiniões religiosas rebateu diversas vezes. "JD Vance se engana: Jesus não nos pede que classifiquemos nosso amor pelos demais", publicou. Bento XVI foi o primeiro papa a tuitar na conta @Pontifex, em 2012, mas Leão XIV foi o primeiro a se tornar papa tendo um longo histórico de participações nas redes sociais. Ele abriu um perfil no X há 14 anos, período em que publicou mais de 400 mensagens, nas quais expressou sua opinião sobre temas delicados: racismo, abusos sexuais pelo clero, pandemia, o caso George Floyd e a invasão da Ucrânia pela Rússia. O ritmo aumentou durante a pandemia, mas não se sabe se ele vai mantê-lo durante o seu pontificado.

Leão XIII e a justiça social
Ao escolher o nome de pontífice, o cardeal eleito presta uma homenagem a um santo ou a algum antecessor. Robert Francis Prevost, 69 anos, optou por Leão XIV. O último com essa denominação, Leão XIII, liderou a Igreja Católica entre 1878 e 1903, em um momento de mudança frenética do mundo, marcado por industrialização, avanços científicos e convulsão social.


Segundo o vaticanista John Allen, autor de um livro sobre conclaves, "o nome é frequentemente o primeiro sinal que um novo papa dá sobre a marca que pretende dar ao seu pontificado". Em entrevista à agência AFP, François Mabille, diretor do Observatório Geopolítico da Religião, destacou que a mensagem do novo pontífice é clara. "Leão XIII é o papa do ensinamento social, com sua encíclica de 1891 Rerum novarum, que pode ser traduzida como 'As grandes inovações', então há uma marca social evidente."

"Naquela época, em 1891, a questão era a justiça social, a questão dos trabalhadores", lembra Mabille. Com seu nome, o novo papa deixa entrever que "a temática será retomada, tanto em relação aos desvios da globalização, como também em relação aos desafios sociais mais amplos, como, por exemplo, a inteligência artificial".

A dimensão social também pode ser interpretada como uma homenagem ao seu antecessor argentino, Jorge Bergoglio, que surpreendeu em 2013 ao ser o primeiro a se chamar Francisco. O papa latino-americano escolheu esse nome em referência ao defensor dos pobres do século 13, Francisco de Assis, enquanto as casas de apostas haviam apostado justamente em Leão.


Um santo de muitas obras

O papa Leão XIV é da ordem dos agostinianos, baseada nos ensinamentos de Agostinho de Hipona, teólogo, escritor, pregador, retórico e bispo. A obra do santo, nascido em 354 em Tagaste, na Algéria, inspira os católicos desta tradição, especialmente no que diz respeito aos cuidados com os necessitados. Nos Estados Unidos, há uma comunidade crescente de agostinianos na Pensilvânia e em Nova York.

Agostinho nem sempre foi religioso. Quando jovem, queria ser famoso e rico. Estudou em Cartago, na Tunísia, e foi professor em Roma e Milão. Na busca pela paz interior, converteu-se aos 33 anos. Embora tenha convivido com uma mulher, com quem teve um filho, concordou com o celibato após o batismo.

Concílios

Muitos anos depois de ordenado padre, Agostinho tornou-se o bispo de Hipona, optando por um estilo de vida comunitária monástico. O santo participou de cerca de 50 concílios eclesiásticos, escreveu mais de 200 livros e deixou 1 mil sermões e cartas.


Morreu em 28 de agosto de 430. Foi sepultado em Hipona, mas, posteriormente, seu corpo foi transferido para a Basílica de São Pedro em Ciel d'Oro, na Itália.

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