20 de setembro de 2020 | 05h00
A major Jeiza está de volta. Ao lado de Bibi (Juliana Paes) e Ritinha (Isis Valverde), a personagem vivida por Paolla Oliveira forma a trinca de protagonistas da novela A Força do Querer, que será reprisada na Globo a partir da segunda, 21, e ocupará novamente a faixa das 21h, no lugar de Fina Estampa. É que, apesar de as gravações das novas produções da casa terem sido retomadas, seguindo os protocolos de segurança, elas só vão ao ar no ano que vem.
“A novela passou há 3 anos só, provavelmente ainda vai mexer muito com a cabeça do público e, quem poderia imaginar, sendo reprisada no horário nobre. Se me perguntassem se isso era possível antes disso tudo acontecer, eu ia falar que não”, comenta Paolla, em entrevista, por telefone, ao Estadão. “Ela continua muito atual, muito moderna, muito forte.”
Heroína das 9, Paolla Oliveira fala de sua preparação para o papel na novela
Policial militar e, nas horas de folga, lutadora de MMA, Jeiza é uma heroína real na trama cheia de reviravoltas escrita por Gloria Perez. E como toda mocinha de folhetim, ela tem uma antagonista, Bibi Perigosa, a dona do morro e mulher do traficante Rubinho (Emílio Dantas). A atriz lembra que a personagem exigiu la uma preparação física intensa.
“Encontrar um personagem é uma arte. A arte não é só executar, mas encontrar por onde a gente começa a trabalhar. Eu, por acaso, gosto muito de trabalhar com o corpo, com o físico, e comecei a encontrar a Jeiza a partir da luta dela, da profissão dela, que é policial militar”, conta. “Então, a partir dessas movimentações em torno disso é que fui encontrando a Jeiza, que é generosa, boa filha, bom caráter, ao mesmo tempo, com essa força física. A minha lembrança dela é muito das pessoas falando – por causa dos papéis que eu já tinha feito – que eu não ia conseguir fazer, que não me viam nesse lugar. Muita gente falava: ‘Policial militar? Lutadora? Não. Vai ter dublê, né?’. Aquilo foi entrando como um desafio.”
Além de passar pelo crivo do público em geral, ela estava sob observação de um espectador em particular: o pai, policial militar aposentado. “Talvez, de cara, eu não tinha me atentado para a importância que era essa profissão para uma mulher, para a novidade que poderia trazer tendo isso no horário nobre, e quanto isso poderia ser gratificante para meu pai. Porque, dos filhos, talvez eu seja a única que nunca pensou em seguir os passos dele e, no final das contas, eu homenageei para o Brasil inteiro ver”, diz.
“Acho que, mais do que tudo, meu pai ficou muito feliz de eu ser uma policial militar, mas bom caráter e boa profissional. Ele falava muito isso: ‘Ela é boa, ela não se rende’. Os elogios dele sempre foram em relação à atuação, mas também ele ficou muito encantado com a possibilidade de representá-lo nessa vida. Foram quase 40 anos na polícia militar e sendo um bom profissional.”
Para a atriz, que recentemente interpretou a digital influencer Vivi Guedes em A Dona do Pedaço, associar mocinhos a figuras ingênuas, bobas é uma “inversão de valores”. “Sempre fiz mocinhas e sempre falo que ninguém vai me convencer que o bom caráter é errado, que as pessoas dóceis e gentis estão erradas. Isso não pode acontecer e, para mim, a Jeiza foi uma mocinha com sua força, com seus impulsos.”
E essa personagem colecionou cenas marcantes: fez o parto do bebê de Ritinha em meio a um tiroteio, subiu o morro atrás dos bandidos e, numa operação policial, resgatou de duas crianças numa van escolar sequestrada e levada para a comunidade. Esse episódio do resgate, aliás, foi inspirado em um fato real que ocorreu no Rio. Foi uma sequência tensa e emocionante. “Teve uma cena em que caminhei com as duas (crianças no colo)”, referindo-se ao desfecho, em que as salva. “Saí destruída de lá, porque eu estava emocionalmente mexida e por causa da força física que tive de fazer para carregá-las. E foram 15 vezes, num sol escaldante...”
Paolla também dividia cenas com o cão policial Iron, fiel parceiro de Jeiza. O que foi um bônus para a atriz, que é apaixonada por animais e engajada nessa causa no seu dia a dia. Além de colaborar com locais como o abrigo Au Family, que cuida de mais de 900 animais no Pará, e de ser madrinha da ONG Paraíso dos Focinhos, no Rio, ela faz parte de uma rede da qual também integram as atrizes Paula Burlamaqui, Betty Gofman, Heloísa Périssé, entre outras pessoas ligadas à causa animal. “A gente vai se dividindo. Acho que tenho uns dez cachorros espalhados em hotéis, em casas temporárias, esperando adoção. Então, meu trabalho se estende para ONGs e tem o trabalho particular que fazemos nesse pequeno grupo que formamos.”