Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Arthur Azevedo sábado, 26 de março de 2022

PAN-AMERICANO (CONTO DO MARANHENSE ARTHUR AZEVEDO)

PAN-AMERICANO

Arthur Azevedo

 

 

Na venda. Manuel, o vendeiro, está ao balcão. O Chico Facada acaba de beber dois de parati.

CHICO (limpando os beiços)

Ó seu Manuel?

MANUEL

Diga!

CHICO

Eu sou um cabra vigiado: já fui atá ao Acre mas sou inguinorante. Você, que é todo metido a sebo, me explique o que vem a ser isso de pan-americano.

MANUEL

Sei lá! Pois se a coisa é americana, como quer você que eu saiba? Tenho os meus estudos, isso tenho, mas só entendo do que é nosso. Lá o americano sei o que é; o pan é que me dá volta ao miolo!

CHICO

Você tem aquele livro que ensina tudo, e que o copeiro do doutor Furtado lhe vendeu para papel de embrulho?

MANUEL

Ah! Tenho! Tenho! Lembra você multo bem! E é justamente o volume que tem a letra p. (vai buscar numa prateleira o segundo volume do dicionário de Eduardo Faria) Ora, vamos ver! Isto é um livro, "seu" Chico, comprado a peso, aqui no balcão, por uma bagatela, mas que não dou por dinheiro nenhum. É obra rara! (depois de folhear o dicionário) Cá está! (lendo) "Pan: deus grego..."

CHICO (interrompendo)

Grego ou americano?

MANUEL

Aqui diz grego. Talvez seja erro de imprensa. (continuando a leitura) "Filho de Júpiter e de Calisto."

CHICO

Que diabo! Então ele tem dois pais?

MANUEL

Naturalmente Júpiter é a mãe. O nome é de mulher. (lendo) "Presidia ao rebanho e aos pastos, e passava pelo inventor da charamela."

CHICO

Charamela? Que vem a ser isso?

MANUEL

Lá na terra chamamos nós charamela a uma espécie de flauta.

CHICO

De flauta? Então já sei! Isso de pan-americano é uma flauteação!

MANUEL (fechando o dicionário)

Diz você muito bem, "seu" Chico: são uns flauteadores! Ora, que temos nós com os pastos e os rebanhos? (vai guardar o dicionário) Coisas que eles inventam para gastar dinheiro, como se o dinheiro andasse a rodo! (em tom confidencial) Olhe, aqui para nós, que ninguém nos ouve, o filho de Calisto deve ser o tal Rute, que andou por aí a fazer discursos e a encher o pandulho...

CHICO

Por falar em calistos, venha mais um de parati, "seu" Manuel!

 


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