Calo e deixo a minha voz muda. O silêncio cheiroso das letras que se ajuntam para fazer o som das sílabas é tudo que se encontra em um dicionário repleto de palavras próprias para me fazer rir ou chorar. Parágrafos enormes com lotação completa de palavras se acotovelam no texto que preenche aquele livro de folhas finas e menos dizem que o que diz meu olhar. Mas a palavra insiste, existe e é o destino final das orações, o casuismo do verbo, o caminho das frases. Falo, com a boca ou com os olhos, mas falo, ainda que queiram impedir. Não posso calar.