O último presidente militar do Brasil, JOÃO BATISTA FIGUEIREDO, em diversas ocasiões, chocou o País com seus posicionamentos controversos.
Extremamente carismático, o Presidente Figueiredo era uma simpatia e não escondia seus sentimentos. Não era homem de duas palavras. Gostava de externar seus pensamentos, e dizia abertamente que gostava mais do cheiro de animais do que que do cheiro de gente.
Em 1979, questionado por um garoto sobre o que faria se seu pai só ganhasse o salário mínimo, prontamente respondeu: “Eu daria um tiro na cuca”.
Praticante do hipismo, foi questionado uma vez sobre o “cheiro do povo” numa entrevista sobre a cavalaria. Sem dó, ele respondeu: “Eu prefiro o cheiro do cavalo”.
Seu governo foi marcado pela abertura controlada, a transição para um regime de eleições diretas. Quando questionado sobre a abertura, que ao mesmo tempo consolidava a estrutura de poder da Ditadura, mas tirava a centralidade dos militares, ele só gritou: “É para abrir mesmo. Quem quiser que não abra, eu prendo e arrebento”.
Por coincidência, a paixão por cavalo, que marcava o Presidente João Batista Figueiredo, aparece numa antiga fábula de Esopo.
Pois bem. O único ser de quem Frederico o Grande da Prússia gostava apaixonadamente era o seu cavalo, o mais formoso corcel que se possa imaginar, cavalo digno de um rei, e tão inteligente que abrandou e conquistou o coração do monarca.
Um dia em que ele estava muito aborrecido e atarefado, soube que o seu cavalo favorito estava doente.
Num acesso de furor, sentindo a sua própria insignificância, por não poder salvar a vida ao seu cavalo, apesar de ser um grande monarca, fez apregoar que aquele que lhe desse a notícia da morte do cavalo seria enforcado.
Passaram-se alguns dias e o estado do nobre animal era sempre o mesmo, mas uma manhã, quando os pajens faziam uma visita às cavalariças, encontraram o moço da estrebaria que lhes disse que o cavalo havia morrido. Quem se atreveria a dar a notícia ao rei? Quem iria correr o risco de ser enforcado?
Os escudeiros permaneceram conversando e discutindo vários planos, procurando uma forma de comunicar ao monarca a morte do seu cavalo favorito. Finalmente, chegou a hora de redigir o boletim para ser entregue ao rei, comunicando-lhe a morte do cavalo. Os escudeiros estavam em pânico, diante da ameaça previamente recebida do rei, de que aquele que lhe comunicasse a morte do seu cavalo seria enforcado.
Naquele momento, um dos escudeiros disse ao moço da estrebaria que não tivesse medo, pois ele próprio iria dar a notícia da morte do cavalo ao monarca. Iria enfrentar o rei.
Nesse momento, todos ficaram assustados com a inesperada visita do monarca.
“Olá! – Disse o Rei Frederico. “Como está o meu cavalo?”
“Senhor, respondeu o escudeiro. – O cavalo continua no seu lugar. Está deitado e não se mexe. Não tem forças e não come. Também não bebe, não dorme, nem respira, nem…
“Então,” exclamou, impacientemente, o rei, “meu cavalo favorito morreu!!!…”
“Vossa Majestade disse a verdade, respondeu tranquilamente o escudeiro. “Vossa Majestade foi o primeiro a dizer que o seu cavalo tinha morrido.”
O rei lembrou-se da jura de enforcamento que tinha feito contra quem lhe comunicasse a morte do seu cavalo favorito, e empalideceu. Afinal, foi ele mesmo quem pronunciou as palavras fatais, sobre a morte de “puro sangue”, seu cavalo favorito.
E os empregados foram perdoados.
A FÁBULA E O SEU NARRADOR MAIS FAMOSO-ESOPO
Esopo (Nessebar, 620 a.C. – Delfos, 564 a.C.) foi um escritor da Grécia Antiga a quem são atribuídas várias fábulas populares. A ele se atribui a paternidade da fábula como gênero literário. Sua obra, que constitui as Fábulas de Esopo, serviu como inspiração para outros escritores ao longo dos séculos, como Fedro e La Fontaine.
A Fábula é uma narração com intuitos morais.
Segundo os historiadores, as fábulas são muito antigas e foram empregadas nos livros sagrados, onde aparecem sob a forma de parábolas.
As fábulas mais célebres foram escritas por um escravo chamado Esopo, que nasceu em Xanto e Idmo; este último emancipou-o. Esopo adotou um método mais claro e mais simples que o dos filósofos: Fez falar os animais e as coisas inanimadas, para dar lições aos homens.
Creso, rei de Lydia, chamou-o à sua corte, e encheu-o de benefícios. Esopo chegou a viajar pelo Egyto e Pérsia, e estava em Athenas, quando Pisistrato a avassalava, e ao ver o que os atenienses sofriam sob o jugo d’aquele tirano, compôs a fábula das rãs descontentes que pediam um rei. De volta à corte de Creso, este mandou-o a Delphos para fazer um sacrifício a Apolo: a fábula das rãs, das achas flutuantes sobre as águas, que de longe parecem alguma coisa e de perto nada são, desagradou aos seus habitantes e Esopo foi atirado do alto de uma rocha.
Toda a Grécia lastimou a sua morte e em Athenas erigiram-lhe uma estátua.