Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)
Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.
Estadão sexta, 13 de março de 2020
PAÍSES PRECISAM ACELERAR O COMBATE AO CORONAVÍRUS
Países devem acelerar combate ao coronavírus para evitar erros da Itália, diz brasileiro na OMS
Segundo vice-diretor da Opas, país europeu demorou a perceber a circulação comunitária da doença; Jarbas Barbosa ainda diz que medidas como suspensão de aulas devem ser muito bem pensadas
Entrevista com
Jarbas Barbosa, vice-diretor da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas)
Mateus Vargas, O Estado de S.Paulo
13 de março de 2020 | 05h00
BRASÍLIA - Os países devem estar atentos para mudar a estratégia de combate ao novo coronavírus, quando confirmada a transmissão comunitária. A medida evitaria erros vistos na Itália, que demorou para perceber a circulação da doença, o que sobrecarregou o sistema de saúde, afirma o médico brasileiro Jarbas Barbosa, vice-diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), braço da Organização Mundial da Saúde (OMS).
“É preciso manter a estratégia de hoje, mas acelerar a de amanhã. Para não ocorrer como na Itália. Lá, infelizmente, não perceberam que havia transmissão. Só começaram a notar quando estavam chegando casos graves e mortes”, disse Barbosa. Para ele, a primeira etapa de enfrentamento à doença deve ser de contenção, preparando a rede de assistência para receber pacientes e isolando pessoas que tiveram contatos com casos confirmados, por exemplo.
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Em fase seguinte, quando há confirmação de transmissão do vírus, o trabalho é para “salvar vidas”, com foco em grupos de risco: idosos e doentes crônicos. Nesta etapa, são avaliadas medidas de distanciamento social, por exemplo. Uma decisão pode ser deixar jovens em casa, para evitar que se contaminem e usem leitos de hospitais – essenciais para tratamento de pacientes de risco.
Barbosa afirma ainda que não há “bala de prata” para resolver o surto da doença, mas um “conjunto de ações” que dão respostas. Medidas como cancelar aulas, ele afirma, têm de ser muito bem pensadas. “Quando não há transmissão comunitária disseminada, você está prevenindo o quê (ao determinar afastamento social)?”. “Mas também não pode demorar, senão a transmissão sobrecarrega o serviço de saúde.”
Ex-secretário do Ministério da Saúde e ex-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Barbosa elogia a "liderança" do ministro Luiz Henrique Mandetta. “O Brasil tem uma boa preparação sobre isso. Já lidou com outras epidemias. Está num bom caminho”, disse. Abaixo, trechos da entrevista:
O que muda com a doença classificada como pandemia?
É o reconhecimento que a dispersão geográfica está consolidada. Não significa que haverá mais casos graves ou mais mortes. Na América Latina e no Caribe, ainda vamos ter um mosaico de situações. O que estamos chamando a atenção, reforçando, apoiando tecnicamente para isso, é a preparação para possível transmissão comunitária disseminada. Tem de ser acelerada. Estamos falando de organizar serviços de saúde, identificar bem quem são as referências. Onde vai ter leito de isolamento, como faz para dispor mais leitos de UTI, se precisar, num determinado pico.
O sr. poderia dar exemplos de medidas para preparar os sistemas de saúde?
Primeiro é ter claro quem vai fazer o quê. Definir estratégias. Quando você tem transmissão comunitária, não faz sentido pessoas com quadro leve irem para serviços de saúde. Tem país que diz ‘olha, fica em casa’. Tem de adaptar à realidade nacional. São medidas para não sobrecarregar o sistema de saúde para que grupos de maior vulnerabilidade sejam atendidos. Também envolve medidas que a gente chama de aumento rápido de capacidade. Por exemplo, adiar procedimento cirúrgico que não é de emergência. Você tem de redistribuir leitos de maneira que possa ter hierarquia de cuidado.
Alguns países têm tomado medidas mais restritivas. Já é o momento correto para estas decisões?
Cada país tem de fazer uma avaliação bem criteriosa. Não é só aumento do número de casos que importa. É o tipo de transmissão. Uma decisão dessa não pode ser tomada muito precocemente: quando não há transmissão comunitária disseminada você está prevenindo o quê? Nem pode demorar, senão a transmissão muito forte pode sobrecarregar os serviços de saúde. É importante tomar a decisão no momento que faça efeito. Para também não estressar as pessoas. Você para uma semana, e não passa nada, continua aparecendo caso, porque não há transmissão comunitária. Aí as pessoas dizem, ‘bom, mas não funcionou’. Daqui a três semanas você novamente convoca para parar uma semana. Isso gera certo descrédito.
No Brasil é recomendável tomar já medidas restritivas?
Não posso fazer esta análise. Ela é da autoridade sanitária, que tem a riqueza de dados em mãos. O Brasil tem atuado com total transparência. Nós fazemos uma recomendação geral para cada país adaptar a sua realidade.
Há discussão sobre cancelamento de escolas. Qual a leitura da Opas/OMS?
Este debate era grande já na época do H1N1. Quando tem nitidamente casos em escolas, se as unidades estão sendo elemento de transmissão, pode fazer sentido. Sabemos que alguns países da região tomaram medidas de cancelar voos. Tem de avaliar bem se é efetivo, se o impacto econômico não é maior do que seria desejado. Tem de ter um balanço, lembrar que a maioria dos casos são leves.
Alguns países estão isolando pessoas que estiveram em locais com transmissão comunitária. A medida pode ser efetiva?
Essas medidas de contenção, por mais rigorosas que sejam, dependendo do grau de transmissão que países vizinhos apresentarem, não serão efetivas para impedir que ocorra transmissão. Elas podem retardar. É bom quando retarda, você ganha mais tempo para preparar o seu serviço de saúde. Mas não tem evidência que haja medida de contenção que, até aqui, tenha sido capaz de impedir que haja transmissão num país. Não estamos falando de uma bala de prata que resolve tudo, estamos falando de um conjunto de medidas que, atuando coordenadamente, ajudam na resposta. É preciso manter a estratégia de hoje, mas acelerar a de amanhã. Para não ocorrer como na Itália. Lá, infelizmente, não perceberam que havia transmissão. Só começaram a notar quando estavam chegando casos graves e mortes. Os s serviços na Itália, em grande parte, ficaram sobrecarregados.
Quais erros já foram notados neste surto de coronavírus e podem ser evitados?
Principalmente ter estratégia de contenção, mas preparar para a fase de mitigação. Quem não faz ao mesmo tempo vai perder tempo. São dias preciosos para evitar sobrecarga do serviço. O erro é o sistema de vigilância não dar informação, e você demorar a perceber que tem de mudar de estratégia... Continuar com contenção, quando já há transmissão na comunidade. Foi o que aconteceu na Itália.