Gostaria muitíssimo de ver pais, mães e responsáveis atentando para uma urgente necessidade: a de serem portadores de uma visão de bailarino na educação dos seus filhos, sobrinhos, enteados e netos, mormente nos tempos pós pandemia, que muito reestruturarão ideários mais favoráveis para a emersão de um Iluminismo Redentor.
Um bom bailarino possui três características intercomplementares: ele conhece os seus movimentos, percebe o movimento dos que estão ao seu derredor e está afinado com o mundial andar da carruagem, como alguns gostam de dizer.
Sempre com um olhar concentrado num ponto adiante, pais, mães e responsáveis não devem desprender suas atenções daqueles que com seus filhos estão convivendo ou compartilhando atos e fatos, sejam eles da mesma igreja, do mesmo clube ou da mesma condição social. Possuidores de bicicletas ou de sobrenomes cheios de yy e ww, cabelos tratados, brincos e tatuagens e outras catrevages.
Costuma-se dividir pais, mães e demais responsáveis em cinco grandes categorias: o inocente, aquele que desconhece seu papel, imaginando que mesada e colégio resolvem tudo; o acomodado, que espera passivamente que tudo se resolva, o que tiver que acontecer, acontecerá; a vítima, que se queixa que a polícia deveria estar em todos os lugares, sempre se lamentando da rebeldia e independência dos jovens, como se eles apenas contribuíssem para os bons feitos dos rebentos; o chato, portador de uma idiotia nunca erradicada pelos seus extratos bancários e possantes ativos, que vive tratando os filhos de forma errada, como se eles fossem a excrescência do mundo, os piores da espécie ou os maiores gênios que a humanidade já revelou, capazes de dirigir carro aos 12 anos, beber pinga sem fazer careta e comer as menininhas dos derredores; e o consciente, que se encontra permanentemente comprometido com os direitos dele, dos seus e dos outros, sabendo cobrar bem, com responsabilidade, possuindo visão de bailarino, supervisionando sem bisbilhotices nem fobias, tampouco empetelhamentos cavilosos.
É sempre bom lembrar que toda ordem social é criada por todos nós. O agir ou não-agir de cada um contribui para a formação e consolidação da ordem em que vivemos. Em outras palavras, o caos que estamos atravessando no mundo atual não surgiu espontaneamente do vácuo.
Na China, 400 a.C., um sábio chamado Sun Tzu, tencionando transmitir sua experiência aos pósteros, escreveu um livro chamado A Arte da Guerra, atualmente novamente discutido e analisado por estrategistas do desenvolvimento social. A essência dos conselhos de Sun Tzu, adaptada para pais e mães, pode ser explicitada em curtos princípios: aprenda a lutar (a perda do controle emocional é grande desvantagem e arma poderosa na mão dos afoitos); mostre o caminho (sem fantasias megalomaníacas); aja corretamente (cuidado com as vantagens ilusórias): conheça os fatos (perceba que informações consistentes são a base da credibilidade); esteja preparado para o pior (nunca suponha que jamais haverá problemas); não complique (facilite as coisas sempre que puder, posto que métodos fáceis são eficazes e baratos); não recue (trate bem os dependentes, capacitando-os efetivamente, sem fingimento de espécie alguma, dizendo não e também sim); atue sempre melhor (melhorias representam significativas diferenças positivas); atue em equipe (onde as pessoas se sintam mais confortáveis, com as emoções mais sadias e as mentes mais capacitadas).
No mais, é continuar a acreditar no Deus que é capaz de fazer os mortos viverem e chamar à existência as coisas que não são (Rm 4,17).