Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

O Globo sábado, 14 de janeiro de 2023

PAI SANTANA, ÍCONE DO VASCO, MASSAGISTA SEGUE LEMBRADO, GANHA BIOGRAFIA E VIRA ENREDO DE CARNAVAL

 

Por Rafael Oliveira — Rio de Janeiro

 

Pai Santana paga promessa e acende velas no centro do campo após a conquista do Carioca de 1970 pelo Vasco
Pai Santana paga promessa e acende velas no centro do campo após a conquista do Carioca de 1970 pelo Vasco Acervo O Globo
 

Eduardo Santana, mais conhecido como Pai Santana, não marcou gols e sequer foi jogador. Mas é mais lembrado que muitos daqueles que já calçaram chuteiras e atuaram nos gramados do país. Morto em 2011, o massagista segue presente na memória popular. No ano passado, batizou uma medalha distribuída pelo Vasco — clube com o qual mais estreitou laços — àqueles que se destacaram na luta antirracista. Agora, ganhou sua própria biografia em livro e ainda será tema de desfile no carnaval. Um prestígio que desafia a cultura do esquecimento tão comum no futebol.

Que o diga Roberto, seu filho. O Bola 7, apelido através do qual é mais conhecido, até hoje é abordado por torcedores que fazem questão de transmitir a ele o carinho que sentiam pelo seu pai.

— E até os mais jovens, que nem viveram a época dele. Mas ouviram tanto dos pais que falam do passado com propriedade — afirma Roberto, que esta semana participou da transmissão do velório de Roberto Dinamite na VascoTV, onde falou das histórias do massagista com o maior ídolo do clube.

 

A biografia do Pai Santana ajuda a compreender melhor o fascínio exercido por ele até hoje. Teve passagens por Botafogo, Fluminense, seleções brasileira e do Kuwait, Bahia e Vasco, onde ficou por mais tempo. Era reconhecido e valorizado como massagista, mas não apenas. Atuava também como um misto de psicólogo e coaching, pois sabia o que dizer para incentivar os jogadores e deixá-los mais seguros. Umbandista, usava ainda sua religiosidade para proteger atletas e o time de trabalhos espirituais que pudessem prejudicá-los. Muitos títulos foram atribuídos também a ele.

Em 2011, poucos meses antes de sua morte, Pai Santana foi ao Vasco e recebeu o carinho de Juninho Pernambucano e de Roberto Dinamite — Foto: Acervo O Globo

 

Em 2011, poucos meses antes de sua morte, Pai Santana foi ao Vasco e recebeu o carinho de Juninho Pernambucano e de Roberto Dinamite — Foto: Acervo O Globo

Acima de tudo, vinha o carisma. Não só jogadores, mas também jornalistas e principalmente torcedores se renderam a ele. Já nos anos 1990, em seu retorno ao Vasco após passagem pelo Kuwait, adotou o ritual de, antes de cada jogo em São Januário, estender uma bandeira cruz-maltina, se ajoelhar e beijá-la. A arquibancada, claro, ia à loucura.

— No início dos anos 70, a torcida do Vasco costumava gritar o nome do (goleiro) Andrada e do Dinamite. Mas chegou um momento em que passou a gritar, além dos dois, pelo Santana. Ou seja: botando no mesmo patamar que os maiores ídolos do time — conta o historiador Mauro Prais, especialista no clube de São Januário. — Acho que a torcida se via um pouco no Santana. É como se fosse um representante dela lá dentro.

 

 

Autor de biografia morreu antes de concluí-la

 

A trajetória do massagista é resgatada pelo livro “Pai Santana — O Orixá do futebol” (Ed.Rebento), lançado em dezembro. Foi escrito pelo autor Ecio Salles, criador da Festa Literária das Periferias (Flup), morto em 2019. Amigos que sabiam do projeto procuraram a viúva Daniele Salles com interesse em concluí-lo.

— A ideia inicial era ter um homenageado. Talvez a força espiritual do Pai Santana explique acabarmos tendo dois. De certa forma, a publicação traz memórias não só do Santana como do Ecio — opina Daniele. — É a celebração da vida de duas pessoas que tinham como conexão a espiritualidade e o futebol.

Sua contemporaneidade ajuda a explicar a presença ainda tão forte nos dias de hoje. Nos anos 80, muito antes do surgimento de movimentos como o Black lives matter (“Vidas negras importam”), que colaborou para ampliar o debate racial para além da comunidade negra, o massagista era membro do Comdedine (Conselho Municipal de Defesa dos Direitos do Negro). Sua postura diante do racismo era vista dentro dos clubes, onde foi alvo de piadas preconceituosas, e até dentro de casa.

— Ele criou os filhos levantando a bandeira de que não éramos inferiores em nada. E que brigaríamos por qualquer coisa de igual para igual com todo mundo — recorda o Bola 7.

O massagista também será enredo da União Cruz-maltina, escola de samba de torcedores do Vasco, que desfila pela Série Prata, espécie de terceira divisão do carnaval carioca. A força que ele tanto exibiu no futebol é a aposta da agremiação para ascender à Marquês de Sapucaí. Com o tema “Rodeia, Rodeia... Rodeia meu Pai Santana, Rodeia!”, desfilará na Intendente Magalhães, no dia 25 de fevereiro.


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