Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Cícero Tavares - Crônicas e Comentários sexta, 25 de novembro de 2022

PABLO MILANÉS – O CUBANO APAIXONADO PELO CAPITALISMO (CRÔNICA DE CÍCERO TAVARES, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

PABLO MILANÉS – O CUBANO APAIXONADO PELO CAPITALISMO

Cícero Tavares

 

 

Pablo Milanês (1943-2022) com a pequena Lynn e a esposa nos anos 1970

Encantou-se no dia 22 de novembro de 2022 na cidade de Madrid, Capital da Espanha, Pablo Paulo Milanés Arias – Pablo Milanés, aos 79 anos, o compositor de Yolanda, uma das músicas românticas mais executadas nas rádios e programas de TV dos anos setenta, oitenta, noventa e lá vai o trem, que o canto e compositor cubano fez para sua então esposa Yolanda Benet, que acabara de da à luz à Lynn, a primeira filha do casal e que ele não pôde assistir ao parto, pois estava viajando a compromissos.

Chico Buarque versificou Yolanda para o português, mantendo a mesma essência da canção e a interpretou magistralmente com a cantora Simone, fazendo a canção conquistar o Brasil inteiro.

O crítico musical, ex JC, José Teles, prestou uma grande homenagem a Pablo Milanés em crônica recentemente publicada, que segue reproduzida abaixo:

“Uma das canções mais tocadas do repertório de Chico Buarque é a versão que ele fez para Yolanda, do cubano Pablo Milanés, cuja morte foi anunciada nesta terça-feira, 22 de novembro. Ele estava com 79 anos, e morava há alguns anos em Madri. Mudou-se para a capital espanhola pelas melhores condições que oferecia para o tratamento da doença hemato-oncologica contra a qual lutava há alguns anos (submeteu-se também a um transplante de rim).”

“Um dos principais nomes da Nueva Trova, movimento renovador da canção de Cuba, fez amizade com Chico Buarque, nos anos 70, quando este foi à ilha para participar de uma comissão julgadora do prêmio literário La Casa de Las Americas, o que rendeu parceria, e a divulgação do trabalho de Milanés no Brasil.”

“Iolanda (sem o “y” na versão em português) foi um dos maiores sucessos de Simone, e continua sendo obrigatória em seus shows. Foi gravada por ela, com participação de Chico Buarque, no álbum Desejos, de 1984. Pablo Milanés teve uma popularidade no Brasil que raros artistas cantando em espanhol obtiveram desde os áureos tempos do bolerão. Da música cubana, Antes dele, somente Bienvenido Granda, “El bigode que canta” nos anos 50 e início dos 60.”

“Milanés foi gravado por muita gente da MPB, Fagner, MPB-4, Milton Nascimento, Ney Matogrosso, Jessé, Miúcha, Diana Pequeno, a lista é longa, e inclui sertanejos, e bregas. O próprio Milanés gravou um disco ao vivo no Brasil, com participações de Elba Ramalho, Chico Buarque e Caetano Veloso.

Apologista ferrenho da revolução cubana, e de regimes de esquerda da América Latina, Pablo Milanés não fazia o tipo “uns mandam, outros obedecem”, pelo contrário. Ele condenava os desvios do regime. Denunciou os métodos stalinistas implantados no governo de Fidel Castro, em seu rígido alinhamento com a então União Soviética. Foi confinado, num campo de concentração, na província de Camagüey, com artistas, intelectuais, homossexuais, religiosos, pessoas não sintonizadas com as normas do governo.

Em 2015, ao jornalista Maurício Vicenti, do El País, Pablo Milanés falou, sem dissimulação, sobre os quase três anos em que esteve preso:

“Nunca me perguntaram tão diretamente sobre as UMAP (ironicamente, Unidades Militares de Ajuda à Produção). A imprensa cubana não se atreve e a estrangeira desconhece a nefasta transcendência que aquela medida repressora de caráter puramente stalinista teve. Estivemos ali, entre 1965 e finais de 1967, eu e mais de 40 mil outras pessoas, em campos de concentração isolados na província de Camagüey, realizando trabalhos forçados desde as cinco da madrugada até o anoitecer, sem nenhuma justificativa nem explicações, e muito menos o perdão que estou esperando que o Governo cubano peça.

Eu tinha 23 anos, fugi do meu acampamento — e me seguiram mais 280 companheiros que estavam presos no mesmo território que eu — e fui a Havana para denunciar a injustiça que estavam cometendo. O resultado foi que me enviaram por dois meses à prisão de La Cabaña, e depois fui transferido para um acampamento de castigo pior que as UMAP, onde permaneci até que essas unidades fossem dissolvidas devido à pressão da opinião internacional”. Porém, Pablo considerava estes percalços acidentes de percurso, afirmando que não ser revolucionário seria trair sua própria consciência.

Lynn e Yolanda Benet

Há pelo menos 50 gravações de Yolanda no Brasil, realizadas por nomes dos mais diversos nichos, da Citada Simone a Lairton dos Teclados, Chrystian & Ralf, Glória Maria, Sonia Santos, Elymar Santos, Selma Reis, Guto Franco (filho de Moacir Franco), Elba Ramalho entre muitos outros intérpretes.

Yolanda foi composta em 1970. Pablo Milanés era casado com uma produtora de cinema e TV, Yolanda Benet. Ele estava em turnê quando nasceu sua primeira filha, Lynn. A saudade da mulher, e a vontade de ver a filha, o inspiraram a compor a canção, tão popular no Brasil que muita gente acredita que é de Chico Buarque. Iolanda é cantada em coro nos shows de voz e violão pelos barzinhos país afora, ao lado de eternos sucessos feito Amélia (Ataulfo Alves/Mario Lago), ou Mulher Brasileira (Benito di Paula).”

Yolanda com Chico Buarque e Pablo Milanez

 

 

 

 


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