I – Meus Ovos
Bacia de palha com meus ovos
Gamela, na roça, é quase que o mesmo “depósito” de servir comida para animais – galinhas, patos, catraios e porcos, sendo que para os suínos a “gamela” também pode e é chamada de “cocho”. Quando está fora de uso, é limpo e separado para ser usado como “depósito”. Ali são guardados ovos, laranjas, mangas, bananas e outras coisas.
Antigamente, no Ceará, gamela servia para servir comida aos porcos e para alguns comerciantes usarem como depósito (ou vitrine) para tripas e pés de porcos, ou algum tipo de carne salpresada (salgada).
Pois, em Pindaré-Mirim, Município da região do Vale do Pindaré, onde outrora existia uma grande movimentação por conta de várias usinas de beneficiamento de arroz e industrialização da cana-de-açúcar, nos anos 70 existia também um movimentado comércio de secos e molhados. Região próspera em função da navegabilidade do Rio Pindaré, um dos maiores da região.
Doca de Sena era um também próspero comerciante que “ajudava como podia” alguns moradores. E uma dessas ajudas era comprar ovos de galinha caipira, patas, peruas e catraias. Comprava e revendia. Era comum Doca de Sena comprar sete, oito 30 ovos e quem vendia quase nunca levava dinheiro. Levava açúcar, pó de café, leite, sal e daí em diante.
Doca tinha o hábito de usar uma gamela para colocar os ovos expostos à venda. Não ignorava muito quem chegava, perguntava o preço e escolhia – ovo de galinha caipira, dizem, quanto menor melhor.
Certo dia, Dona Bia precisava fazer um bolo sob encomenda e quem encomendou esqueceu de levar os ovos. Levou leite, açúcar, trigo, manteiga, sal, fermento. Mas esqueceu os ovos. E Dona Bia precisando comprar os ovos, foi até o comércio de Doca e ao chegar, interessada na compra, perguntou:
– Esses são os ovos da galinha, Seu Doca?
Mais grosso que o famoso Seu Lunga, Doca de Sena não esperou duas vezes e respondeu:
– Não. São meus!
E eram mesmo. Ele comprou, eram dele. Estavam ali para serem vendidos e a galinha não tinha mais nada com aquilo.
Moral da História: Veja com uma única palavra, um vírgula ou um ponto pode mudar uma situação. Releiam a resposta dele. Ele respondeu: Não. São meus!
Agora, se ele tivesse respondido: Não. São os meus!
Teria comprado uma briga com Dona Bia que, além de matuta brava, era casada com um macho velho metido a brabo.
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II – Ovos de fora
Japinha carrega porco de raça com os ovos de fora
Como o assunto ainda tem a ver com os ovos, o japinha Tanaguchi, da terceira geração de nisseis que chegaram ao Brasil para continuar a vida, seguindo conselhos dos pais (no Japão os pais continuam sendo importantes para os filhos – diferente do Brasil), fixou residência no interior paulista. Não revelo a cidade porque pode não ficar bem para o japinha.
Família tradicional de agricultores nas terras japonesas, os Tanaguchi não encontraram muitas dificuldades para continuar explorando o mesmo ramo de atividades e de subsistência – trabalhar com “bomsai” era apenas para as horas de folgas na criação de porcos de raça.
A família também explorava a plantação e venda de caqui. As duas atividades garantiam emprego para vários membros da família Tanaguchi, mas, Ukay-Ki preferia continuar explorando a criação de suínos. Suínos de raça. Da melhor raça.
Ukay-Ki tinha o hábito da cultura japonesa como principal forma de vida: a honestidade nos negócios. Não trabalhava com balança nem com medidas para determinar o valor dos porcos que levava para vender no abatedouro. Mas tinha uma medida infalível. Achava que o suíno estava pesando bem e no tamanho ideal para a comercialização, quando, colocado no carrinho especial para transportar, o suíno ficasse com os ovos de fora.
É. Cada um trabalho da forma que acha melhor. Medir e pesar o suíno pelos ovos!
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III – Deixe que eu dou o meu jeito
Nos últimos anos os brasileiros têm perdido o precioso tempo – que poderia ser utilizado para algo menos fútil – discutindo não apenas o sexo dos anjos, tampouco se é mesmo a cegonha quem traz os bebês para aumentar as famílias.
Dessas carícias aí talvez aconteça algo mais sério
É a mesma coisa quando se dispõem a discutir (ou conversar para melhor entender – não para aprender a fazer) sobre sexo. Antes, lá pelos anos 40, 50, 60 e meados de 70, se discutia sobre alguns métodos utilizados para garantir o controle da natalidade. Métodos de concepção.
Hoje as discussões saíram de alguns consultórios médicos, deram uma rápida passagem pelas missas dominicais e chegaram até ao Vaticano, onde alguns assuntos receberam a bênção e a aprovação do Papa. Foi a chegada do homossexualismo e mudança de gênero – não demoram muito e criam um terceiro sexo.
O que sempre se disse e ouviu dizer, desde o Éden, foi que Deus criou o homem. Viu que aquele homem se sentia muito isolado. Resolveu dar-lhe uma companheira. Criou a mulher, e segundo dizem, formou um casal. Não criou outro homem para fazer um par e servir de companhia à Adão.
Mas, é grande a quantidade de pessoas que vivem tentando contrariar esse princípio divino. O assunto voltou à baila e agora toma conta da mídia, a tal mudança de gênero.
Fazer o que?
Não conheço o assunto a ponto de pretender discuti-lo.
Sabe aquela anedota do macaquinho que resolveu transar com a girafa?
Pense e descubra qual seria o resultado de uma transa entre “o” girafa e uma zebra. Arre égua! Eu não quero nem me preocupar com isso.