Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Correio Braziliense quarta, 29 de janeiro de 2020

OSWALDO MONTENEGRO: PRESENTE PARA BRASÍLIA

 

Presente para Brasília
 
Oswaldo Montenegro prepara espetáculo em homenagem aos 60 anos da capital que tem como referência a cultura e as pessoas da cidade

 

Irlam Rocha Lima

Publicação: 29/01/2020 04:00

Os 60 anos da cidade serão celebrados em abril com o espetáculo Veja você, Brasília, uma realização do Sesc, com produção e direção de Oswaldo Montenegro. O título remete ao musical que o artista montou em 1982, mas o roteiro, que aborda aspectos diversos da capital, é inédito e busca fugir do esterótipo de “centro do poder”.
 
“Vamos mostrar, entre outros temas, a sensação de morar num lugar único, formado por gente de todo o Brasil, com uma arquitetura diferenciada, surgida da visão mística de Dom Bosco e do sonho de JK, sob o signo da utopia e da esperança e reverenciada pelo mundo”, anuncia o menestrel carioca-brasiliense, que iniciou a carreira nos palcos do Distrito Federal.
 
A peça, de característica multimídia, com 90 minutos de duração, reunirá em cena um elenco de 22 integrantes, entre cantores, músicos, atores e dançarinos, todos brasilienses; assim como cenógrafo e diretor de arte. Haverá a participação especial da cantora e compositora Zélia Duncan, revelada para a MPB pela montagem original do Veja, você Brasília, assim como  também Cássia Eller.
 
As apresentações serão de 9 a 11 de abril, no auditório master do Centro de Convenções Ulysses Guimarães. “Fazer um musical sobre Brasília é uma forma de homenagear a cidade e promover a cultura, que é uma das frentes mais importantes do Sesc”, destaca Francisco Maia, presidente do Conselho regional do Sesc-DF.
 
 (Mariane Silva/Esp. CB/D.A Press)  
 
 
Entrevista/Oswaldo Montenegro
 
 
O que o levou a idealizar, produzir e dirigir Veja você, Brasília no começo da década de 1980?
Criei o espetáculo motivado por uma vontade de fazer algo que expressasse minha sensação de pertencer à cidade, de ter sido moldado por suas contradições e características peculiares. Havia gravado meu terceiro disco no Rio e feito amigos de todos os lugares do Brasil — os mineiros tinham sua marca, os cariocas, sua ginga, os nordestinos, uma estética própria, e eu parecia pertencer a lugar nenhum. Realizei o primeiro Veja você, Brasília para falar dessa marca, com gente da cidade, que pudesse me ajudar a encontrar e a expressar o que seria o jeitão artístico brasiliense.
 
 
Que recordações guardou daquele momento?
Aquele foi um momento maravilhoso. Uma sensação de andar em grupo, de viver uma aventura artística louca. Naquela época trabalhei com grandes amigos e fiz outros que duram até hoje. Só tenho recordações boas daquele trabalho.
 
 
Ter revelado para a MPB, a partir do musical, Cássia Eller e Zélia Duncan, representou o que para você?
Foi uma alegria e uma honra trabalhar tanto com Cássia Eller, assim como com Zélia Duncan. No novo espetáculo que estamos montando, Zélia é a narradora. Escrevi todo o texto da narração pensando nela.
 
 
Quem mais daquela trupe — além, é claro, de Madalena Salles — conseguiu se destacar posteriormente?
Muitos artistas que conheci naquela montagem fizeram depois belos trabalhos individuais. Madalena Salles trabalhava comigo desde 1975, assim como José Alexandre e Mongol. Eles estavam na primeira montagem da primeira peça que escrevi, João sem nome, dirigida por nossos queridíssimos Hugo Rodas e Dimer Monteiro. Detão, meu irmão, Eduardo Canto, Cláudia Gama e Raimundo Lima foram, dos que estrearam naquele elenco, os que mais fizeram projetos comigo depois. Montamos muita coisa juntos. Outra pessoa importante daquela montagem foi Raique Macau, que, na época, narrou o texto inicial. Depois dali fizemos inúmeras parcerias juntos, inclusive nessa nova montagem ele fará a direção de arte, além de termos duas músicas de sua autoria no espetáculo.
 
 
Na sua visão, quais são as diferenças de Brasília daquele tempo para a de agora?
A cidade está mais definida em características, que naquela época apenas se delineavam. O que era esboço, agora é desenho. Tem a cara mais nítida e reconhecível.
 
 
A recriação do espetáculo para celebrar os 60 anos de Brasília foi uma iniciativa sua ou foi proposta pelo Sesc?
Foi uma proposta do Sesc, que me convidou para montar um espetáculo comemorativo dos 60 anos. Não é uma recriação. Eu escrevi um outro espetáculo, com apenas duas cenas do antigo — Léo e Bia e Pra Longe do Paranoá. Botei o mesmo nome para homenagear aquele momento, que foi de enorme importância pra mim.
 
 
Quando ocorreu a escolha do elenco e quem vai trabalhar na produção e direção, sob sua batuta?
Dedicamos o ano de 2019 para reunir a equipe. Será um espetáculo multimídia, com banda, coro, cantores, bailarinos, artistas circenses e um telão com um filme de 90 minutos, em que outros artistas interagem com o que acontece no palco. Toda a equipe é de Brasília. Não só a que estará em cena, mas também a que estará nas coxias, a contra-regragem, na técnica, a na direção de arte, além dos figurinistas, costureiras, assistentes; assim como a equipe do audiovisual — produção, direção de fotografia, câmera. Enfim, são em torno de 200 profissionais envolvidos, todos de Brasília.
 
 
Qual foi o critério para a escolha dos participantes?
Alguns foram indicados por profissionais de Brasília que eu conhecia, e outros foram selecionados por audições. Na trilha, além de músicas que compus sobre Brasília, utilizei canções de compositores que viveram ou ainda vivem aqui, como Renato Matos, Raique Macau, Ulysses Machado, Renato Russo, Beto Brasiliense, Herbert Vianna.
 
 
São quantos na trupe que vai encenar o espetáculo?
No palco, serão 22 artistas. No telão ,não sei de cabeça, mas são muitos.
 
 
Entre os escolhidos, percebeu novos talentos para serem lapidados?
Sim, sem dúvida, Brasília tem grandes profissionais. Não estou falando só da galera que estará no palco. A equipe técnica também é de primeira. O Brasil tem que saber disso. É isso que queremos mostrar.
 
 (Mariane Silva/Esp. CB/D.A Press)  
 
De que forma a Zélia Duncan tomará parte?
Zélia Duncan narra toda a história do telão e interage com o palco, cantando em alguns momentos, assim como os outros convidados. O espetáculo é todo interativo.
 
 
Como vai ser a abordagem da Brasília de agora por um carioca-brasiliense que iniciou a carreira aqui, mas está distante desde os anos 1980?
Procurei expressar não só minhas sensações, mas também as das pessoas com quem convivo desde sempre no Planalto. Grande parte da minha família ficou e meus melhores amigos são de Brasília. O roteiro tem uma ordem cronológica, semi-histórica, sem ser didática. O objetivo é mostrar que, apesar de ser o centro do poder político, Brasília tem gente de carne e osso, que sonha, sofre, namora. E tem sua própria estética. Uma estética que o Brasil precisa conhecer e que é muito interessante.
 
 
Poderia detalhar um pouco o que vai ser mostrado nesta nova Veja você, Brasília?
É difícil explicar um espetáculo. Mas,  grosso modo, é uma viagem no tempo. Do sonho de Dom Bosco à escuridão da ditadura, dos delírios hippies aos anseios das novas gerações. Sem pretensão sociológica. São impressões, sentimentos de quem morou aqui. Não só os meus. Temos grupos de dança do Plano Piloto, da periferia de Brasília, das cidades-satélites, músicos do Clube do Choro, músicos do rock brasiliense, músicos do jazz. E a participação virtual de muita gente que saiu daqui, como Milton Guedes, por exemplo, que toca várias músicas no telão, interagindo com a banda que está no palco. Brasília tem formação muito diversificada. Foi criada por gente de todo Brasil, de todos os estilos. Isso gerou um estilo próprio, virou marca. É isso que o espetáculo tenta mostrar.
 
 
Os ensaios começaram ontem. Como vai ser esta primeira fase. E as subsequentes?
O telão está pronto. Filmamos durante 2019. Os ensaios serão separados — músicos e cantores de manhã, bailarinos à tarde e a companhia Instrumento de Ver à noite. Em março, começaremos os ensaios em conjunto, com todo elenco no palco — músicos, cantores, bailarinos e a companhia Instrumento de Ver.
 
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