OS TIMBIRAS
CANTO SEGUNDO
Gonçalves Dias
Desdobra-se da noite o manto escuro:
Leve brisa subtil pela floresta
Enreda-se e murmura, – amplo silêncio
Reina por fim. Nem saberás tu como
Essa imagem da morte é triste e torva.
Se nunca, a sós contigo, a pressentisse
Longe deste zunir da turba inquieta.
No ermo, sim; procura o ermo e as selvas...
Escuta o som final, o extremo alento,
Que exala em fins do dia a natureza!
O pensamento, que incessante voa,
Vai do som â mudez, da luz às sombras
E da terra sem flor, ao céu sem astro.
Simelha a graça luz, qu’inda vacila
Quando, em ledo sarau, o extremo acorde
No deserto salão geme, e se apaga!
Era pujante o chefe dos Timbiras,
Sem conto seus guerreiros, três as tabas,
Opimas, – uma e uma derramadas
Em giro, como dança dos guerreiros.
Quem não folgara de as achar nas matas!
Três flores em três hastes diferentes
Num mesmo tronco, – três irmãs formosas
Por um laço de amor ali prendidas
No ermo; mas vivendo aventuradas?
Deu-lhes assento o herói entre dois montes,
Em chã copada de frondosos bosques.
Ali o cajazeiro as perfumava,,
O cajueiro, na estação das flores,
De vivo sangue marchetava as folhas?
As mangas, curvas à feição de um arco,
Beijavam-lhes o teto; a sapucaia
Lambia a terra , – em graciosos laços
Doces maracujás de espessas ramas
Sorriam-se pendentes; o pau-d’arco
Fabricava um dossel de cróceas flores,
E as parasitas de matiz brilhante
A úsnea das palmeiras estrelavam!
Quadro risonho e grande, em que não fosse
Em granito eu em mármore talhado!
Nem palácios, nem Tôrres avistaras,
Nem castelos que os anos vão comento,
Nem grimpas, nem zimbórios, nem feituras
Em pedra, que os humanos tanto exaltam!
Rudas palhoças só! que mais carece
Quem há de ter somente um sol de vida,
Jazendo negro pó antes do ocaso?
Que mais? Tão bem a dor há de sentar-se
E a morte revoar tão solta em gritos
Ali, como nos átrios dos senhores.
Tão bem a compaixão há de cobrir-se
De dó, limpando as lágrimas do aflito.
Incerteza voraz, tímida esp’rança,
Desejo, inquietação também lá moram;
Que sobra pois em nós, que falta neles?
De Itajubá separam-se os guerreiros;
Mudos, às portas das sombrias tabas,
Imóveis, nem que fossem duros troncos,
Pensativos meditam: Já da guerra
Nada receiam, que Itajubá os manda?
O encanto, os manitôs inda o protege,
Vela tupã sobre ele, e os santos piagas
Comprida série de floridas quadras
Ver lhe asseguram: nem de há pouco a luta,
Melhor dissertas de renome ensejo,
Os desmentiu, que nunca os piagas mentem.
Medo, certo, não têm; são todos bravos!
Por que meditam pois? Também não sabem!
Sai o piaga no entanto da caverna,
Que nunca humanos olhos penetraram
Com ligeiro cendal os rins aperta,
Cocar de escuras plumas se debruça
Da fronte, em que se enxerga em fundas rugas
O tenaz pensamento afigurado.
Cercam-lhe os pulsos cascavéis loquazes,
Respondem outros, no tripúdio sacro
Dos pés. Vem majestoso, e grave, e cheio
Do Deus, que o peito seu, tão fraco, habita.
E em quanto o fumo lhe volteia em torno,
Como neblina em torno ao sol que nasce,
Ruidoso maracá nas mãos sustenta,
Solta do sacro rito os sons cadentes.
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Visita-nos Tupã, quando dormimos,
É só por seu querer que estão sonhamos,
Escute-me Tupã! Sobre vós outros,
Poder do maracá por mim tangido,
Os sonhos desçam, quando o orvalho desce.
“O poder de Anhangá cresce co’a noite;
Sota de noite o mau seus maus ministros:
Caraibebes na floresta acendem
A falsa luz, que o caçador transvia.
Caraibebes enganosas formas
Dão-nos aos sonhos, quando nós sonhamos.
Poder do fumo, que lhes quebra o encanto,
De vós se partam; masTupã vos olhe,
Descendo os sonhos, quando o orvalho desce.
“O sonho e a vida são dois galhos gêmeos;
São dois irmãos quer um laço amigo aperta:
A noite é o laço; mas Tupã é o troco
E a seve e o sagüi que circula em ambos.
Vive melhor que da existência ignaro,
Na paz da noite, novas forças cria.
O louco vive com aferro, em quanto
N1alma lhe ondeiam do delírio as sombras,
De vida espúrias; Deus porém lhas rompe
E na loucura do porvir no fala!
Tupã vos olhe, e sobre vós do Ibaque
Os sonhos desçam, quando o orvalho desce!”
Assim cantava o piaga merencório,
Tangia o maracá, dançava em roda
Dos guerreiros: poderá ouvido atento
Os sons finais da lúgubre toada
Na plácida mudez da noite amiga
De longe, em côro ouvir? “Sobre nós outros
Os sonos desçam, quando o orvalho desce.”
Calou-se o piaga, ka descansam todos!
Almo Tupã os comunique em sonhos,
E os que sabem tão bem vencer batalhas
Quando acordados malbaratam golpes
Saibam dormidos figurar triunfos!
Mas que medita o chefe dos Timbiras?
Bosqueja por ventura ardis de guerra,
Fabrica e enreda as ásperas ciladas,
E a olhos nus do pensamento enxerga
Desfeita em sangue revolver-se em gritos
Morte pávida e má?! ou sente e avista,
Escandecida a mente, o Deus da guerra
Impávido Aresqui, sanhudo e forte,,
Calcar aos pés cadáveres sem conto,
Na destra ingente sacudindo a maça,
Donde certeira como o raio, desce
A morte, e banha-se orgulhosa – em sangue?
Al sente o bravo; outro pensar o ocupa!
Nem Aresqui,nem sangue se lhe antolha,
Nem resolve consigo ardis de guerra,
Nem combates, nem lágrimas medita:
Sentiu calar-lhe n’alma em sentimento
Gelado e mudo, como o véu da noite.
Jatir, dos olhos negros, onde pára?
Que faz que lida: ou que fortuna corre?
Três sóis já são passados: quanto espaço,
Quanto azar não correu nos amplos bosques
O impróvido mancebo aventureiro?
Ali na relva a cascavel se esconde,
Ali, das ramas debruçado, o tigre
Aferra traiçoeiro a presa incauta!
Reserve-lhe Tupã mais fama e glória,
E voz amiga de cantor suave
C’os altos feitos lhe embalsame o nome!
Assim discorre o chefe, que em nodoso
Tronco rudo-lavrado se recosta?
Não tem poder a noite em seus sentidos,
Que a mesma idéia de contínuo volvem.
Vela e treme nos tetos da cabana
A baça luz das resinosas tochas,
Acres perfumes recendendo; – alastram
De rubins cor de brasa a flor do rio!
“Ouvira com prazer um triste canto,
Diz lá consigo; um canto merencório.
Que este presságio fúnebre espancasse.
Bem sinto um não se que aferventar-se-me
Nos olhos, que vai prestes expandir-se:
Não sei chorar, bem sei; mas fora grato,
Talvez bem grato!à noite, e a sós comigo
Sentir macias lágrimas correndo.
O talo agreste de um cipó em graça
Verte compridas lágrimas cortado
O tronco do cajá desfaz-se em goma,
Suspira o vento, o passarinho canta,
O homem cora! eu só, mais desditoso,
Invejo o passarinho, o tronco, o arbusto,
E quem, feliz, de lágrimas se paga”
Longo espaço depois falou consigo,
Mudo e sombrio: “Sabiá das matas,
Croá (diz ele ao filho d’Iandiroba)
As mais canoras aves, as mais tristes
No bosque, a suspirar contigo aprendam.
Canta, pois que trocara de bom grado
Os altos feitos pelos doces carmes
Quem quer que os escutou, mesmo Itajubá.
Eudeceu: na taba quase escura,
Com pé alterno a dança vagarosa,
Aos sons do maracá, traçava os passos.
“Flor de beleza, luz de amor, Coema,
Murmurava o cantor, onde te foste,
Tão doce e bela, quanto o sol raiava?
Coema, quanto amor que nos deixaste?
Eras tão meiga, teu sorrir tão brando,
Tão macios teus olhos! teus acentos
Cantar perene, tua voz gorjeios
Ruas palavras mel! O romper d’alva,
Se encantos punha a par dos teus encantos
Tentava embalde pleitear contigo!
Não tinha a ema porte mais soberbo,
Nem com mais graça recurvava o colo!
Coema, luz de amor, onde te foste?
“Amava-te o melhor, o mais guerreiro
Dentre nós? elegeu-te companheira,
A ti somente, que só tu achavas
Sorriso e graça na presença dele
Flor, que nasceste no musgoso cedro,
Cobravas páreas de abundante seiva,
Tinhas abrigo e proteção das ramas...
Que vendaval te despegou do tronco,
E ao longe, em pó, te esperdiçou no vale?
Coema, luz de amor, flor de beleza,
Onde te foste, quando o sol raiava?
“Anhangá rebocou estreita igara
Contra a corrente: Orapacém vem nela,
Orapacém, Tupinambá famoso
Conta prodígios duma raça estranha,
Tão alva como o dia, quando nasce,
Ou como a areia cândida e luzente,
Que as águas dum regato sempre lavam.
Raça, q quem os raios prontos servem,
E o trovão e o relâmpago acompanham
Já de Orapacém os mais guerreiros
Mordem o pó, e as tabas feitas cinza
Clamam vingança em vão contra os estranhos.
Talvez d’outros estranhos perseguidos,
Em punição talvez d’atroz delito.
Orapacém, fugindo, brada sempre:
Mair! Mair! Tupã! – Terror que mostra,
Brados que solta, e as derrocadas tabas,
Desde Tapuitapera alto proclamam
Do vencedor a indômita pujança.
Ai! não viesse nunca as nossas tabas
O tapuia mendaz, que os bravos feitos
Narrava do Mair; nunca os ouviras,
Flor de beleza, luz de amor, Coema!
“A cega desventura, nunca ouvida,
Nos move à compaixão: prestes corremos
Com ledo gasalhado a restaura-los
Da vil dureza do seu fado: dormem
Nas nossas redes diligentes vamos
Colher-lhes frutos, -- descansados folgam
Nas nossas tabas? Itajubá mesmo
Of’rece abrigo ao palrador tapuia!
Hospedes são, nos diz; Tupã os manda:
Os filhos de tupâ serão bem vindos,
Onde Itajubá impera! – Ao que não eram,
Nem filhos de Tupã, nem gratos hóspedes
Os vis que o rio, a custo, nos trouxera;
Antes dolosa resfriada serpe
Que ao nosso lar creou vida e peçonha.
Quem nunca os vira! porem tu, Coema,
Leda avezinha, que adejavas livre,
Asas da cor da prata ao sol abrindo,
A serpente cruel porque fitaste,
Se já do olhado mau sentias pejo?!
“Ouvimos, uma vez, da noite em meio,
Voz de aflita mulher pedir socorro
/e em tom sumido lastimar-se ao longe.
Opacém! – bradou feroz três vezes
O filho de Jaguar: clamou debalde.
Somente acode o eco à voz irada,,
Quando ele o malfeitor no instinto enxerga.
Em sanhas rompe o chefe hospitaleiro,
E tenta com afã chegar ao termo,
Donde as querelas míseras partiam.
Chegou – já tarde! – nós, mais tardos inda,
Assistimos ao súbito espetáculo!
“Queimam-se raros fogos nas desertas
Margens do rio, quase imerso em trevas:
Afadigados no labor noturno,
Os traiçoeiros hóspedes caminham,
Pejando à pressa as côncavas igaras.
Longe, Coema, a doce flor dos bosques,
Com voz de embrandecer duros penhascos,
Suplica e roja em vão aos pés do fero,
Caviloso tapuia! Não resiste
Ao fogo da paixão, que dentro lavra,
O bárbaro, que a viu, que a vê tão bela!
“Vai arrastá-la, – quando sente uns passos
Rápidos, breves, – volta-se: – Itajubá!
Grita; e os seus, medrosos, receiando
A perigosa luz, os fogos matam.
Mas, no extremo clarão que eles soltaram,
Viu-se Itajubá com seu arco em punho,
Calculando a distância, a força e o tiro:
Era grande a distância, a força imensa...
“E a raiva incrível, continua o chefe,
A antiga cicatriz sentindo abrir-se!
Ficou-me o arco em dois nas mãos partido,
E a frecha vil caiu-me sãos pés sem força.”
E assim dizendo nos cerrados punhos
De novo pensativo a fronte oprime.
“Sim, tornava o Cantor, Imenso e forte
Devera o arco ser, que entre nós todos
Só um achou, que lhe vergasse as pontas,
Quando Jaguar morreu! – partiu-se o arco!
Depois ouviu-se um grito, após ruído,
Que as águas fazem no tombar de um corpo;
Depois – silêncio e trevas...
–“Nessas trevas,
Replicava Itajubá, – inteira a noite,
Louco vaguei, corri d’encontro as rochas,
Meu corpo lacerei nos espinheiros,
Mordi sem tino a terra já cansado:
Soluçavam porém meus frouxos lábios
O nome dela tão querido, e o nome...
Aos vis Tupinambás nunca os eu veja,
Ou morra, antes de mim, meu nome e glória
Se os não hei de punir ao recordar-me
A aurora infausta que me trouxe aos olhos
O cadáver...” Parou, que a estreita gorja
Recusa aos cavos sons prestar acento.
“Descansa agora o pálido cadáver,
Continua o cantor junto à corrente
So regato, que volve areias d’ouro.
Ali agrestes flores lhe matizão
O modesto sepulcro, – aves canoras
Descantam tristes nênias so compasso
Das águas, que também nênia soluçam
“Suspirada Coema, em paz descansa
No teu florido e fúnebre jazigo;
Mas quando a noite dominar no espaço,
Quando a lua coar úmidos raios
Por entre as densas, buliçosas ramas,
Da cândida neblina veste as formas,
E vem no bosque suspirar co’a brisa:
Ao guerreiro, qu dorme, inspira sonhos,
E à virgem, que adormece, amor inspira.”
Calou-se o maracá rugiu de novo
A extrema vez, e jaz emudecido.
Mas no remanso do silêncio e trevas,
Como débil vagido, escutarias
Queixosa voz, que repetia em sonhos:
“Veste, Coema, as formas da neblina,
Ou vem nos raios trêmulos da lua
Cantar, viver e suspirar comigo.”
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Ogib, o velho pai do aventureiro
Jatir, não dorme nos vazios tetos:
Do filho ausente prendem-no cuidados;
Vela cansado e triste o pai coitado,
Lembrando-se desastres que passaram
Impróvidos, no bosque pernoitando.
E vela, – e a mente aflita mais se enluta,
Quanto mais cresce a noite e as trevas crescem!
Já tarde, sente uns passos apressados,
Medindo a taba escura; o velho treme,
Estende a mão convulsa, e roça um corpo
Molhado e tiritante: a voz lhe falta...
Atende largo espaço, até que escuta
A voz do sempre aflito Piaíba,
Ao pé do fogo extinto lastimar-se.
“O louco Piaíba, a noite inteira,
Andou nas matas; miserando sofre;
O corpo tem aberto em fundas chagas,
E o orvalho gotejou fogo sobre elas;
Como o verme na fruta, um Deus maligno
Lhe mora na cabeça, oh! quanto sofre!
“Em quanto o velho Ogib está dormindo,
Vou-me aquecer;
O fogo é bom, o fogo aquece muito;
Tira o sofrer.
Em quanto o velho dorme, não me expulsa
D’ao pé do lar;
Dou-lhe a mensagem, que me deu a morte,
Quando acordar!
Eu via a morte: vi-a bem de perto
Em hora má!
Vi´-a de perto, não me quis consigo,
Por ser tão má.
Só não tem coração, dizem os velhos,
E é bem de ver;
Que, se o tivera, me daria a morte,
Que é meu querer.
Não quis matar-me; mas é bem formosa;
Eu vi-a bem:
É como a virgem, que não tem amores,
Nem ódios tem..
O fogo é bom, o fogo aquece muito,
Quero-lhe bem!”
Remexe, assim dizendo, as frias cinzas
E mais e mais conchega-se o borralho.
O velho entanto, erguido a meio corpo
Na rede, escuta pávido, e tirita
De frio e medo, – quase igual delírio
Castiga-lhe as idéias transtornadas.
“Já me não lembra o que me disse a morte!...
Ah! sim, já sei!
–Junto ao sepulcro da fiel Coema,
Ali serei:
Ogib emprazo, que a falar me venha
Ao anoitecer! –
O velho Ogib há-de ficar contente
Co’o meu dizer;
Talvez que o velho, que viveu já muito,
Queira morrer!”
Emudeceu: alfim tornou mais brando.
“Mas dizem que a morte procura mancebos,
Porém tal não é:
Que colhe as florinhas abertas de fresco
E os frutos no pé?!...
Não, não, que só ama sem folha as flores,
E sem perfeição;
E os frutos perdidos, que apanha golosa,
Caídos no chão.
Também me não lembra que tempo hei vivido,
Nem por que razão
Da morte me queixo,que vejo, e não vê-me,
Tão sem compaixão.”
As ânsias não vencendo, que o soçobram
Salta da curva rede Ogib aflito;
Trêmulo as trevas apalpando, topa,
E roja miserando aos pés do louco.
– “Oh! dize-me, se a viste, e se em tua alma
Algum sentir humano inda se aninha,
Jatir, que é feito dele? Disse a morte
Haver-me cubiçado o moço imberbe,
A cara luz dos meus cansados olhos:
Oh dize-o! Assim o espírito inimigo
Folgados anos respirar te deixe!”
O louco ouviu nas trevas os soluços
Do velho, mas seus olhos nada alcançam:
Pasma, e de novo o seu cantar começa:
“Em quanto o velho dorme, não me expulsa
D’ao pé do lar.”
– “Mas expulsei-te eu nunca?
Tornava Ogib a desfazer-se em pranto,
Em ânsias de transido desespero.
Bem sei que um Deus te mora dentro d’alma;
E nunca houvera Ogib de espancar-te
Do lar, onde Tupã é venerado.
Mas fala! oh! fala, uma só vez repete-o:
Vagaste à noite nas sombrias matas...”
“Silencio! brada o louco, não escutas:?!”
E pára, como ouvindo uns sons longínquos.
Depois prossegue: “Piaíba o louco
Errou de noite nas sombrias matas;
O corpo tem aberto em fundas chagas,
E o orvalho gotejou fogo sobre elas.
Geme e sofre e sente fome e frio,
Nem há quem de seus males se condoa.
Oh! tenho frio! o fogo é bom, e aquece,
Quero-lhe bem!”
– “Tupã, que tudo podes,
Orava Ogib em lágrima desfeito,
A vida inútil do cansado velho
Toma, se a queres; mas que eu veja em vida
Meu filho, só depois me colha a morte!