OS BRASILEIROS: Antônio Maria
José Domingos Brito
Antônio Maria Araújo de Morais nasceu em 17/3/1921, em Recife, PE. Jornalista, locutor esportivo, cronista, poeta, compositor, apresentador, dramaturgo, cartunista, diretor de rádio e TV no ano de seu surgimento. Foi destacado “boêmio” e figura marcante das noites cariocas nos anos 1950 e 1960. É considerado o primeiro “multimídia” brasileiro.
Filho de uma tradicional família de usineiros. Na infância aprendeu em casa a tocar piano e ler francês; na adolescência perdeu o pai e a família passa por um perrengue financeiro. Estudou no colégio Marista, onde conheceu Fernando Lobo (pai de Edu Lobo), de quem será parceiro musical mais tarde e amigo por toda a vida. Era primo do poeta Vinicius de Moraes, uma descoberta feita por acaso numa conversa familiar.
Aos 17 anos foi apresentador de programas musicais na Rádio Clube de Pernambuco; aos 19 mudou-se para o Rio de Janeiro, onde trabalhou como locutor esportivo. Morava num prédio, onde tinha como vizinhos Abelardo Barbosa, o futuro Chacrinha, Dorival Caummy, o pintor Augusto Rodrigues e seu velho amigo Fernando Lobo. Mas não conseguiu se estabelecer no Rio; retorna ao Recife em 1944 e casa-se com Maria Gonçalves Ferreira.
Em seguida mudou-se para Fortaleza, onde foi locutor na Rádio Clube do Ceará. No ano seguinte foi morar em Salvador; assume a direção das Emissoras Associadas e passa a conviver com Jorge Amado e Di Cavalcanti. Com 2 filhos, voltou a morar no Rio em 1947 e foi contratado como diretor artístico da Rádio Tupi. Com a chegada da Televisão, Assis Chateaubriand promoveu-o a diretor de produção, em 1951. A partir daí passa a escrever crônicas diárias na imprensa, mantendo as colunas “A Noite é Grande”, “O Jornal de Antonio Maria” (O Jornal e Última Hora), “Mesa de Pista” (O Globo) e manteve o “Romance Policial de Copacabana” no jornal Ultima Hora, com crônicas e reportagens.
Tais crônicas foram reunidas e publicadas em livros após sua morte, em 15/10/1964: O Jornal de Antônio Maria (Ed. Saga, 1968); Com vocês, Antônio Maria (Ed. Paz e Terra, 1994), Benditas sejam as moças: As crônicas de Antônio Maria. (Ed. Civilização Brasileira, 2002) e O diário de Antônio Maria (Ed. Civilização Brasileira, 2002). Pouco depois foi contratado pela Rádio Mayrink Veiga, com um salário de 50 mil cruzeiros, e alavancou a vida boêmia com a compra de um cadillac. Continuou trablhando no Rádio e, em 1957, manteve parceria com Ary Barroso no programa da TV Rio “Rio, Eu gosto de você”. Manteve também shows nas boates “Casablanca” e “Night and Day” e compunha jingles publicitários.
Como compositor emplacou diversos sucessos, como Manhã de Carnaval, Ninguém me ama, Samba do Orfeu, Valsa de uma cidade, As suas mãos, Se eu morresse amanhã, frevo nº 2 num repertório de 62 gravações. Entre seus intérpretes, contava com Dolores Duran, Elizeth Cardoso, Lucio Alves, Ângela Maria, Dircinha Batista..., além de Nat King Cole, que gravou Ninguém me ama e As suas mãos. Em fins de 1950, apaixonou-se por Danusa Leão, mulher de Samuel Wainer, dono do jornal e seu patrão. Decidiram morar juntos até 1964, quando veio o Golpe Militar e Danusa resolveu voltar a viver com Wainer e acompanhá-lo ao exílio.
O golpe foi duro e pouco depois não resistiu ao segundo enfarte e faleceu em 15/10/1964. Tinha problemas cardíacos desde a infância. Era um “cardisplicente”, como ele mesmo se descrevia. Em 2006 Joaquim Ferreira dos Santos publicou a excelente biografia Um homem chamado Maria, pela Editora Objetiva. Na contracapa, Sergio Augusto disse: “No melhor dos mundos Antonio Maria, o menino grande, estaria ainda vivo, fazendo aquilo que nenhum de seus contemporâneos sabia fazer melhor: inebriar de charme uma conversa”.
Um pouco mais do bom Antonio Maria
Publicado em 17 de março de 2021 no jbf
Lembra-me o colunista fubânico Jessier Quirino que hoje, 17 de março, é o dia de nascimento do notável pernambucano Antônio Maria.
Antônio Maria Araújo de Morais foi cronista, comentarista esportivo, poeta e compositor brasileiro.
Nasceu em Recife no ano de 1921, e encantou-se no Rio de Janeiro, em 1964.
Na flor da idade, com apenas 43 anos.
Uma figura pela qual sempre tive uma grande admiração, desde os meus tempos de adolescência.
Está feito o registro, meu Poeta.
Grato por ter me lembrado
Cliquem aqui e leiam um texto publicado na página da Fundação Joaquim Nabuco sobre esta figura extraordinária
Nat King Cole interpretando “Ninguém de Ama”, de Antônio Maria