Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Carlos Eduardo Santos - Crònicas Cheias de Graça domingo, 10 de dezembro de 2023

OS BRÔNQUIOS DA BALEIA (CRÔNICA DE COLUNISTA CARLOS EDUARDO SANTOS)

 

OS BRÔNQUIOS DA BALEIA

Carlos Eduardo Santos

Brônquios de um peixe semelhante à baleia

 

 

Certa feira, na década de 70, fizemos uma visita a João Pessoa, onde fomos ver a suposta “pesca da baleia”, a pedido de amigos do Rio de Janeiro.

Era inverdade o que diziam algumas agências de turismo. Não deveriam promover a Paraíba daquela maneira, pois, o que se veria não era a pesca propriamente dita, mas a chegada dos animais abatidos e sua industrialização, o que se tornou para mim um espetáculo, tenebroso.

O que se chamava “caça às baleias” era a visão de uma atividade industrial desenvolvida no distrito de Costinha, proximidades de João Pessoa.

O auge da industrialização aconteceu quando a Copesbra – Cia. de Pesca Norte do Brasil, fábrica de capital japonês, estabeleceu uma base naquele distrito, em 1958, que na verdade era uma subsidiária da Nippon Reizo KK, onde só se via japonês trabalhando.

Segundo registros oficiais a Copesbra havia pescado 793 baleias até 1974. O óleo e a carne eram exportados para o Japão.

Depois de um giro na acolhedora capital da Paraíba, fomos à praia de Costinha, para ver a chegada das baleias capturadas. Esperamos até o começo da madrugada quando o primeiro dos dois navios chegou.

Lá já estavam vários grupos de turistas. Participei de um espetáculo que jamais desejei ver novamente. Os animais serviam como partícipes de um espetáculo de horrores.

Era madrugada quando um pequeno navio pesqueiro japonês aportou, trazendo penduradas pelos lados de fora da embarcação, quatro baleias. Começa o desembarque, iniciando-se em amplo pátio próximo ao cais, o drama. Homens e máquinas começam a processar a industrialização, cortando o animal em pedaços.

Eu e as outras pessoas que me acompanharam jamais havíamos visto de perto um daqueles animais, e por isso a grande curiosidade. Sabíamos que as baleias não eram animais agressivos e isto aumentou a angústia das pessoas que estavam comigo.

Um guindaste retira do navio a primeira baleia, que é jogada em cima de um grande tablado de piso metálico, onde a serra elétrica cortava a parte da cabeça, enquanto outros operários especializados – todos japoneses – vão conduzindo mangueiras d’água de grande potência, que afastavam o sangue.

Dentro de 30 minutos só havia pedaços, que eram colocados em caixotes de plásticos que depois seguiriam para o porto em caminhões frigoríficos, com destino aos mercados do exterior.

Saímos logo que vimos o primeiro sacrifício. Todos os turistas estavam tristes. Na rua, numa loja comercial, ao lado havia uma vasta quantidade de material que os visitantes compravam para servir como peças de enfeite.

Fascinado, comprei uma guelra de baleia, fim de decorar a parede de nossa sala.

O vendedor transformava as guelras que eram postas à venda, prendendo-as com um grampo, de forma que ela tomava um jeito arredondado e encantador.

Mantive o adorno em casa por algum tempo, mas depois me livrei dele, porque todas as vezes que o apreciava me lembrava do sofrimento das baleias.

 

 

 


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