Sergio Buarque de Holanda nasceu em 11/7/1902, em São Paulo, SP. Historiador, escritor, sociólogo, crítico literário e jornalista. Não foi propriamente político, mas ajudou a fundar o PT-Partido dos Trabalhadores. Também não foi músico, mas foi pai de Chico Buarque de Holanda e ficou tão conhecido do público quanto seu primo “Aurelião”, como é conhecido o Dicionário da Língua Portuguesa, de Aurélio Buarque de Holanda.
Filho de Heloisa Gonçalves Moreira de Holanda e do farmacêutico Cristóvão Buarque de Holanda, é reconhecido como um dos intérpretes do Brasil, com seu livro Raízes do Brasil, publicado em 1936 e considerado um dos clássicos da historiografia e da sociologia brasileira. Teve os primeiros estudos na Escola Caetano de Campos e Ginásio São Bento, onde foi aluno de Afonso d’Escragnolle Taunay. Publicou seu primeiro artigo – Originalidade literária -, em 1920, no Correio Paulistano e mudou-se para o Rio de Janeiro, em 1921. Em seguida passou a colaborar, também, com a revista Cigarra e Revista do Brasil. Participou do Movimento Modernista de 1922, designado por Mario e Oswald de Andrade como representante da revista Klaxon no Rio.
Formou-se advogado pela Faculdade Nacional de Direito, em 1925, e passou a trabalhar como jornalista nas revistas Ideia Ilustrada e O Mundo Literário. Em 1926 mudou-se para Cachoeiro do Itapemirim, ES, para trabalhar como editor-chefe do jornal O Progresso e dá-se uma grande mudança em sua formação intelectual, afastando-se do projeto modernista. Retornou ao Rio de Janeiro para trabalhar no Jornal do Brasil, onde foi correspondente em Berlim no período 1929-1931. De volta ao Brasil, passou a lecionar na Universidade do Distrito Federal. Na Revolução Constitucionalista, de 1932, chegou a ser preso por defender os insurgentes. Em 1935 publicou na revista Espelho o artigo Corpo e alma do Brasil, um esboço do livro que estava em gestação.
Em 1936 casou-se com Maria Amélia de Carvalho Cesário Alvim e no mesmo ano publicou seu livro mais conhecido, o ensaio Raízes do Brasil pela editora José Olympio. Trata-se de uma investigação das origens da formação do povo brasileiro, baseado nas teorias sociológicas de Max Weber. O livro aborda o conceito do tipo brasileiro como um “homem cordial”, um sujeito que almeja a intimidade no relacionamento pessoal e rejeita o formalismo social. Tal conceito foi sofrendo modificações ao longo das edições posteriores. Porém, ficou marcado na caracterização do “tipo” brasileiro tendo como virtude a hospitalidade, a generosidade e a expansividade emocional. Uma destas marcas é a dificuldade em distinguir entre as instâncias públicas e privadas, principalmente entre o Estado e a família.
Continuou lecionando História na Universidade do Distrito Federal até sua extinção em 1939 e passa a dirigir a seção de publicações do INL-Instituto Nacional do Livro, onde traduziu algumas obras clássicas. Em 1944 passou a dirigir a seção de consultas da Biblioteca Nacional e a publicar livros: História do Brasil, com Otávio Tarquínio de Souza; Cobra de vidro e Monções, em 1945. Neste ano mudou-se para São Paulo, onde presidu a Associação Brasileira de Escritores e participa do famoso “Congresso de Escritores”, um encontro dos críticos ao governo ditatorial de Getúlio Vargas.
A partir de 1946 passa a dirigir o Museu Paulista e lecionar História Econômica do Brasil na Escola de Sociologia e Política de São Paulo e ingressou no PSB-Partido Socialista Brasileiro, 1947. No período 1953-1955 viveu na Itália e assumiu a cátedra de estudos brasileiros da Universidade de Roma. De volta ao Brasil, foi lecionar História da Civilização Brasileira, na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP. Aí tornou-se Mestre, em 1958, com a dissertação Visão do Paraíso; os motivos edênicos no descobrimento e na colonização do Brasil, logo publicada em livro. No mesmo ano ingressou na Academia Paulista de Letras.
De 1960 a 1972 coordenou o projeto editorial “História Geral da Civilização Brasileira”, em 11 volumes, junto com Pedro Moacyr Campos e Boris Fausto e publicada pela DIFEL-Difusão Europeia do Livro. Dos 11 volumes, 7 foram redigidos por ele mesmo. Em 1961 foi condecorado pelo governo francês como “Officier de l’Ordre des Arts et des Lettres”. Logo foi convidado para assumir a presidência do recém-fundado Instituto de Estudos Brasileiros da USP, em 1962. Em seguida foi professor convidado em universidades do Chile e participou de diversas missões culturais da UNESCO em países da América Latina.
Em 1969 decidiu encerrar a carreira docente, em protesto contra a aposentadoria compulsória de muitos colegas da USP, quando foi decretado o AI-5 pela ditadura militar. Como escritor, recebeu os prêmios “Juca Pato”, da UBE-União Brasileira de Escritores e o “Jabuti”, da Câmara Brasileira do Livro (1979) e publicou seu último livro: Tentativas de mitologia, pela Ed. Perspectiva. Participou da fundação do PT-Partido dos Trabalhadores, em 1980, recebendo a 3ª carteira, após Mário Pedrosa e Antônio Cândido. A partir daí a saúde foi declinando e veio a falecer em 24/4/1982.
Seu nome na Historiografia brasileira foi ressaltado na edição do livro Sergio Buarque e o Brasil, organizado por Antônio Cândido e publicado pela Fundação Perseu Abramo, em 1998. Em termos biográficos, temos Sérgio Buarque de Holanda: escrita de si mesmo e memória, de Raphael Guilherme de Carvalho, publicado pela Editora da UFPR, em 2021 e Raízes do Brasil: uma cinebiografia de Sergio Buarque de Holanda, dirigida por Nelson Pereira dos Santos, em 2001.
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