OS BRASILEIROS: João Kopke
José Domingos Brito
João Kopke nasceu em 27/11/1852, em Petrópolis, RJ. Advogado, educador, escritor e primeiro autor da literatura infantil brasileira, abrindo caminho para a extensa obra de Monteiro Lobato. Lecionou durante anos em São Paulo, envolvido na causa republicana e foi pioneiro na divulgação de modernas técnicas pedagógicas, com especial atenção à criança e ao ensino da leitura.
Filho de Felisbella Candida de Vasconcellos e Henrique Kopke, português de ascendência alemã. O velho Kopke, junto com seu irmão Guilherme, fundou o Collegio de Petrópolis, em 1850, que ficou conhecido como o famoso Colégio Kopke, atualmente “Escola Municipal João Kopke. Concluiu o curso primário no colégio do pai e o secundário no Colégio São Pedro de Alcântara, no Rio de Janeiro. Mudou-se para o Recife em 1871, para estudar na Faculdade de Direito, mas transferiu-se para São Paulo, onde concluiu o curso em 1875.
Na época, a cidade fervia com as novas ideias republicanas, quando ele conheceu Francisco Rangel Pestana e Antonio da Silva Jardim e passou a engrossar o coro dos manifestantes. Ainda cursando a faculdade, casou-se com Maria Isabel de Lima e passou dar aulas particulares e em cursos preparatórios. No mesmo ano da formatura, foi nomeado promotor público em Faxinal e logo transferido para Jundiaí e Campinas. O envolvimento com a causa republicana foi intensificado e, tendo em vista que a instrução pública era a mola propulsora do progresso social, além de seu talento como professor, ele passou a dedicar-se exclusivamente ao magistério a partir de 1878.
Lecionou Inglês, Francês, Italiano e Geografia no Colégio Rangel Pestana, e Filosofia, História, Geografia e Retórica no curso preparatório, anexo à Faculdade de Direito. Em 1880, mudou-se para Campinas e passou a lecionar no Colégio Culto à Ciência e no Colégio Florence. Imbuído do espirito republicano e positivista, fundou junto com Antonio da Silva Jardim, a Escola Primária Neutralidade, em 1884 em São Paulo, indicando a imparcialidade que deveria guiar os passos da ciência e do saber. Era uma escola destinadas a crianças de ambo os sexos, algo novo para a época.
Em 1886, mudou-se para o Rio de Janeiro e fundou o Instituto Henrique Kopke, tendo como modelo o ensino ministrado na Escola Primária da Neutralidade. No mesmo ano o Instituto recebeu autorização do governo imperial para ministrar matérias no ensino primário e secundário, conquistando boa parte dos alunos filhos da elite carioca. Ainda em 1886 fundou uma associação de professores e no ano seguinte foi designado membro substituto do Conselho da Instrução Primária e Secundária do Município da Corte e seu Instituto foi consagrado como escola padrão, por decreto do presidente Prudente de Morais.
Permaneceu na direção do Instituto até 1897, quando se retirou da sociedade devido a divergências com os sócios. Pouco depois foi nomeado pelo presidente Campos Salles como Oficial do Registro Geral e de Hipotecas do Rio de Janeiro, mas continou dedicando-se às atividades pedagógicas até seu falecimento em 28/7/1926. Foi autor de varias obras didáticas e ficou conhecido pelo modo como tratar o aluno. Em 2014, a profª Norma Sandra de Almeida Ferreira, da Faculdade de Educação da UNICAMP, fez sua tese de livre docência
Um estudo sobre “Versos para os pequeninos’ manuscrito de João Kopke e descobriu que o autor é precursor de Monteiro Lobato, a quem foi atribuída a inauguração da literatura infantil brasileira.
Em 2015, a profª Maria do Rosário Longo Mortatti fez uma breve biografia e balanço de suas contribuições à educação e ensino e escreveu o capitulo 3 -João Kopke (1852-1926) na história do ensino de leitura e escrita no Brasil- do livro Sujeitos da história do ensino de leitura e escrita no Brasil, publicado pela Editora da UNESP, que pode ser acessado no link https://books.scielo.org/id/3nj6y/pdf/mortatti-9788568334362-05.pdf.