Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

José Domingos Brito - Memorial quarta, 16 de agosto de 2023

OS BRASILEIROS: JOÃO CAETANO

 

OS BRASILEIROS: João Caetano

José Domingos Brito

 


 

João Caetano dos Santos nasceu em Itaboraí, R.J. em 14/1/1808. Ator, encenador e empresário teatral. Hoje, quando o nome é citado quase ninguém reconhece. É preciso acrescentar Teatro ao nome para saber de quem se trata. Nomeia o primeiro teatro, no Rio de Janeiro, e um importante teatro em São Paulo. É reconhecido como o “Pai do Teatro Brasileiro”.

 

Ainda jovem foi cadete do batalhão do imperador e esteve no Exército participando da Guerra da Cisplatina (1825-28). Mas, logo sentiu-se vocacionado para o teatro e ingressou numa companhia portuguesa. Aí sentiu na pele a discriminação por ser brasileiro, a quem só cabia papéis secundários. O fato causou-lhe certa insatisfação, que foi percebida pelos atores lusitanos. Para humilhá-lo deram-lhe um papel de destaque numa comédia -O chapéu pardo- de texto fraco. O objetivo era derrubá-lo do salto alto. Mas, o tiro saiu pela culatra quando se viu a plateia se contorcer em gargalhadas. Surgia ali um grande autor.

 

Sua estreia como ator profissional se deu aos 23 anos, em 1831, com a peça O carpinteiro da Livônia, mais tarde representada como Pedro, o grande. Em seguida criou a Companhia João Caetano, em Niterói, junto com um elenco de atores brasileiros. Em 1838 interpretou o papel principal da tragédia António José, ou o poeta e a inquisição, de Gonçalves de Magalhães, o primeiro drama brasileiro, seguido da primeira comédia: O juiz de paz na roça, de Martins Pena. Foi o primeiro ator brasileiro a interpretar Shakespeare, sob a influência do poeta e dramaturgo Domingos José Gonçalves de Magalhães, em traduções realizadas pelo próprio Magalhães. Antes disso, as montagens de Shakespeare no Brasil utilizavam versões em português lusitano. Hamlet foi a primeira peça a ser traduzida ao português do Brasil. 

 

Ainda em 1938 foi condecorado com medalha de bronze, consagrando-o como o “Talma Brasileiro”, -numa referência a François-Joseph Talma, o maior ator francês da época- e equiparando-o a um ator da linhagem clássica. A plateia ficava encantada com seus arroubos tocados de entusiasmo. Vale ressaltar que o ator surge diante um teatro precário, onde eram raras as cenas com mulheres atrizes, após o edito de D. Maria I, que as proibia de representar. Em muitos casos as mulheres eram substituídas por atores com perucas mal ajambradas e voz masculina. Visando corrigir tal situação, ele preconizava uma junção da “Comédie française” com o mecenato da corte trazido por D. João VI em 1808. Sua intenção era obter do Governo um mecenato no sentido estrito, um tipo de proteção esclarecida e não um estado paternalista.

 

Conseguiu realizar, em parte, seu ideal de teatro. O Imperial Theatro de São Pedro Alcântara foi-lhe concedido, junto com uma subvenção mensal de 2 contos de reis. Aos poucos a subvenção da Corte foi aumentada para 3 e, mais tarde, 4 contos de reis. Ali o teatro passa a existir, de fato, ou seja, profissionalmente, com uma plateia comporta na maior parte de portugueses ou portugueses naturalizados. O teatro foi inaugurado em 1813 como Real Teatro São João. Em 1826 passou a se chamar Imperial Teatro São Pedro de Alcântara; em 1839 mudou para Teatro Constitucional e se manteve até fins da década de 1920, quando foi demolido, dando origem ao prédio atual, batizado de Teatro João Caetano. Durante muito tempo os cariocas lamentaram a demolição do antigo teatro e seu imponente prédio.  

 

Foi autodidata no estudo do teatro e tinha preferência pela tragédia, mas representou alguns papéis cômicos. Em 1860 fez apresentações em Lisboa e visitou o Conservatório Real, em Paris. Na volta ao Brasil organizou uma escola de arte dramática, onde o ensino era gratuito. Promoveu a criação de um júri, a fim de estimular e premiar a produção nacional. Segundo o pesquisador José Galante de Souza, ele “dotado de verdadeira intuição artística, reformou completamente a arte dramática no Brasil... substituiu aquela cantilena pela declamação expressiva, com inflexões e tonalidades apropriadas, ensinou a representação natural, chamou a atenção para a importância da respiração e mostrou que o ator deve estudar o caráter da personagem que encarna, procurando imitar, não igualar a natureza”. Visando a formação de atores, publicou dois livros: Reflexões dramáticas (1837) e Lições dramáticas (1862). 

 

Quando retornou da Europa foi acometido por uma moléstia grave e veio a falecer, aos 55 anos, em 24/8/1863. Digno representante dos “homens de teatro”, preparou a cena de seu sepultamento e deixou registrado de próprio punho: “Vistam o meu cadáver com o hábito de São Francisco e coloquem-lhe no peito o hábito de Cristo com que meu pai foi sepultado; encerrem-no em um caixão pintado ou forrado de paninho e conduzam-no ao cemitério na sege mais pobre que houver, acompanhando-o somente o meu compadre Afonso e o capuchinho Frei Luiz”. Este último item não foi cumprido e uma multidão seguiu o féretro. Por iniciativa do ator Francisco Correia Vasques, mais tarde, foi homenageado com uma estátua em bronze e tamanho natural frente ao teatro que leva seu nome, na Praça Tiradentes.

 

Como biografia, temos um apurado trabalho de Décio de Almeida Prado com o livro João Caetano, lançado pela Editora Perspectiva, em 1972, onde, além de cuidadoso levantamento biográfico, apresenta reavaliação crítica do significado histórico-estético de uma época de afirmação de uma arte teatral autóctone. Mais tarde o mesmo autor decidiu aprofundar o caráter artístico do ator e publicou, em 1984, João Caetano e a arte do ator: estudos críticos, pela Editora Ática.

 

PEÇA CELEBRA ENSINAMENTOS DO ATOR JOÃO CAETANO

 

 


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