Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha nasceu em 20/1/1866, em Cantagalo, RJ. Engenheiro, geógrafo, militar, jornalista, poeta e escritor célebre com a obra Os Sertões, um clássico da literatura brasileira.
Teve os primeiros estudos nos colégios Caldeira, Anglo-Americano e Aquino, onde publicou alguns artigos no jornal O Democrata, fundado por ele e seus colegas, em 1884. Pouco depois ingressou na Escola Militar da Praia Vermelha, onde foi aluno de Benjamin Constant e passou a colaborar na Revista da Família Acadêmica. Em seguida teve sua matrícula trancada devido ao protesto numa visita do ministro Tomás Coelho. Retornou à Escola Militar em 1889, com a Proclamação da República; conclui curso na Escola Superior de Guerra, em 1891, e no ano seguinte foi promovido a 1º tenente, passando a lecionar na Escola Militar.
Em plena campanha republicana foi convidado a colaborar no jornal A Província de São Paulo. Em 20/12/1888 fez sua estreia com o artigo A pátria e a dinastia. Em meados de 1890 casou-se com Ana Emílio Ribeiro, com quem terá uma vida marcada por constantes viagens a trabalho e teve seu primeiro filho em 1893. Em seguida teve que interromper a colaboração no jornal, devido a uma forte pneumonia, e volta a trabalhar como engenheiro na Estrada de Ferro Central do Brasil. A pneumonia logo se torna tuberculose, obrigando-o a deixar o Exército no posto de tenente.
Volta a colaborar no jornal O Estado de São Paulo em 1897. Pouco depois foi cobrir a 4ª Expedição contra Canudos, como correspondente. Por esta época foi nomeado adido do estado-maior do Ministro da Guerra e torna-se sócio correspondente do Instituto Geográfico e Histórico de São Paulo. Após 4 meses de licença para cuidar da saúde, foi morar em Descalvado, onde começa a escrever Os Sertões. Em 1898 reassume seu cargo na Superintendência de Obras Públicas em São Paulo. Retoma sua colaboração no Estadão e publica Excerto de um livro e trechos de Os Sertões, quando defende a tese: “o sertanejo é, antes de tudo, um forte”, cuja energia contrasta com a debilidade dos mestiços do litoral.
Conclui Os Sertões, em 1902, e assina contrato a editora Laemmert para a edição de 1.200 exemplares, cobrindo metade dos custos editoriais. Após um trabalho insano de revisão, o livro é distribuído nas livrarias e recebido com aplausos do público e restrições da crítica. No ano seguinte, a 1ª edição se esgota em poucos meses, culminando com seu ingresso na ABL-Academia Brasileira de Letras. Em seguida vende os direitos da 2ª impressão do livro para a o editor Massow e passa a escrever artigos nos jornais sobre os conflitos na fronteira Bolívia-Brasil e defende uma solução diplomática que permita a incorporação do território do Acre.
Outra trincheira jornalística defendida é o combate contra as secas do Nordeste, propondo uma “guerra dos cem anos”, que inclua a exploração científica da região, a construção de açudes, poços e estradas de ferro e o desvio das águas do rio São Francisco para as regiões afetadas, um projeto que veio a se concretizar mais de 100 anos depois. Em 1905 realizou uma grande viagem na Amazônia, chefiando a missão oficial do Ministério das Relações Exteriores, navegando cerca de 6.400 km. e alguns trechos a pé. Na viagem contraiu uma malária e retornou ao Rio de Janeiro, em 1906. Ao chegar encontra a esposa grávida do cadete Dilermando de Assis. A criança faleceu 7 dias após o nascimento.
Em 1907 publicou o livro Contrastes e confrontos, em Portugal, e sua esposa tem outra criança – Luís Ribeiro da Cunha -, registrado como seu filho, mas que adotará mais tarde o sobrenome Assis, seu pai biológico. No ano seguinte publicou no Jornal do Commércio, a crônica A última visita, sobre a visita de um anônimo estudante a Machado de Assis em seu leito de morte. Com o falecimento deste, em 29/9/1908, ocupou a presidência da ABL por breve período e passa o cargo para Rui Barbosa. Pouco depois passou a lecionar no Colégio Pedro II, assumindo a cadeira de Lógica.
Em 1909 não temos notícias sobre sua vida. Porém, seu relacionamento com a esposa não ia bem. Não aceitando seu caso extraconjugal de anos antes, entra em conflito com o cadete Dilermando de Assis e vem a falecer numa troca de tiros em 15/8/1909. A tragédia não acaba aí e prossegue até 1916, quando o, agora 2º tenente Dilermando mata o aspirante naval Euclides da Cunha Filho, que tentou vingar a morte do pai. Nos dois casos, Dilermando foi absolvido pelo mesmo veredicto: legítima defesa.
Sua obra-prima Os Sertões é considerada o primeiro livro-reportagem brasileiro. O livro desfez sua visão anterior, que via a Guerra de Canudos, como tentativa de restauração da Monarquia e passa a ver o movimento como uma seita messiânica de sertanejos famintos, liderada pelo religioso Antônio Conselheiro. Assim, muda seu relato para denunciar uma carnificina, que liquidou todos os componentes num combate que durou 11 meses, com a morte de cerca de 20 mil sertanejos e 5 mil soldados, em 4 expedições, e a destruição total do Arraial de Canudos.
Além do culto à sua memória realizada anualmente com a “Semana Euclidiana” em Cantagalo (RJ), São José do Rio Pardo (SP) e São Carlos (SP) e encontrar-se inscrito no “Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria”, a vida e obra de Euclides da cunha tem sido explorada em diversos formatos: filmes, documentários e teatro. Um resumo conciso pode ser visto no site http://euclidesite.com.br. São diversas também as biografias: A vida dramática de Euclides da Cunha (1938), de Eloy Pontes, pela Ed. José Olympio; A glória de Euclides da Cunha (1940), de Francisco Venancio Fº, pela Cia. Editora Nacional; Euclides da Cunha (1966), de Sylvio Rabello, pela Ed. Civilização Brasileira; Retrato interrompido da vida de Euclides da Cunha (2003), de Roberto Ventura, pela Cia. das Letras.