Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

José Domingos Brito - Memorial domingo, 25 de agosto de 2024

OS BRASILEIROS: Dragão do Mar (CRÔNICA DO COLUNISTA JOSÉ DOMINGOS BRITO)

OS BRASILEIROS: Dragão do Mar

José Domingos Brito

Francisco José do Nascimento, conhecido como “Dragão do Mar” ou ainda Chico da Matilde, nasceu em 15/4/1839, em Aracati, CE. Jangadeiro e prático-mor, teve atuação destacada no Movimento Abolicionista, no Ceará, estado pioneiro na abolição da escravidão, em 25/3/1884.

 

 

 

Filho de Matilde Maria da Conceição e do pescador Manoel do Nascimento, falecido quando ele tinha 8 anos. Ainda criança trabalhou como menino de recados nos navios que faziam a rota Maranhão-Ceará. Trabalhou em alguns navios como embarcadiço até os 20 anos e depois como comandante em portos do Norte e Nordeste.

Pouco depois trabalhou na construção de portos e como chefe dos catraieiros, até ser nomeado prático-mor na Capitania dos Portos do Ceará. Aluguel de jangadas para transporte de pessoas e mercadorias foi outra de suas atividades exercidas em paralelo à luta abolicionista. O movimento abolicionista surgiu no Ceará em 25/3/1879 e foi a primeira província a abolir a escravidão, em 25/3/1884.

Em janeiro de 1881, Chico da Matilde junto com seus colegas jangadeiros se engajaram na luta contra escravidão e recusaram-se a transportar os escravos para os navios negreiros com destino ao Rio de Janeiro. “No porto do Ceará não embarcam mais”, teria dito na ocasião. Em agosto de 1881, houve nova tentativa de embarcar escravos para serem vendidos em São Paulo e Rio de Janeiro. Os jangadeiros, mais uma vez, liderados por Chico da Matilde e José Luis Napoleão, escravo liberto, impediram o transporte e o porto do Ceará foi considerado oficialmente fechado para o tráfico interprovincial.

Os movimento dos jangadeiros recebeu apoio de uma parte de elite cearense e das forças policiais no impedimento do transporte de escraavos. Na ocasião, Chico da Matilde foi elogiado pelo tenente coronel Sena Madureira. Também foi homenageado pelo desenhista Angelo Agostini com seu retrato na capa da Revista Ilustrada e a legenda “À testa dos jangadeiros cearenses, Nascimento impede o tráfico dos escravos da província do Ceará vendidos para o sul”. A homenagem maior se deu com a viagem, junto com a jangada, em 1884, até o Rio de Janeiro, com direito a desfile pelas ruas sendo ovacionado pela multidão.

A visita ao Rio foi registrada pelo jornalista Raimundo Caruso no livro Aventuras dos jangadeiros do Nordeste: “A jangada Liberdade, de Francisco José do Nascimento, era a clássica, de troncos. Símbolo de uma resistência popular vitoriosa no Ceará, foi levada à Capital do Império (…). A embarcação foi exibida nas ruas do Rio de Janeiro, sob os aplausos da multidão, e pouco depois é doada ao Museu Nacional, onde foi recebida como valiosa peça etnográfica (…). Em seguida a jangada foi transferida para o Museu da Marinha (…), de onde, queimada, feita em pedaços ou desmontada, desapareceu”.

Chico da Matilde, falecido em 5/3/1914, é considerado herói em Fortaleza, com uma estátua no pátio do “Museu de Arte Contemporânea do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura”. Seu nome foi dado a uma escola pública no bairro do Mucuripe, além de nomear uma rua e o aeroporto de Aracati e uma praça em Canoa Quebrada. Em agosto de 2013, A Petrobrás lançou ao mar o navio petroleiro, batizado “Dragão do Mar” e em julho de 2017 seu nome foi inscrito no Livro dos Heróis e Heroinas da Pátria, através da Lei nº 13.468/2017. Na falta de uma biografia, contamos com o esboço biográfico O Dragão do Mar na Terra da Luz: a construção do herói jangadeiro, escrito por Patrícia Pereira Xavier, em sua dissertação de mestrado na PUC/SP, em 2010.

 

 

 

 


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