Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Música do Caribe quinta, 13 de outubro de 2016

ORQUESTRA LA SONORA MATANCERA

ORQUESTRA LA SONORA MATANCERA

Raimundo Floriano

 

 

                        Quando eu falo que Cuba entristeceu a partir dos Anos 1960, estou coberto de razão. Além dos argumentos que expenderei mais adiante, algo pode se constatar observando os semblantes dos médicos cubanos recém-chegados ao Brasil: fisionomias soturnas, denotativas de um povo que perdeu o bom humor, servil, domesticado.

 

                        A lavagem cerebral, que se impõe desde a infância dos cubanos, se observa em todos os setores culturais, sendo emblemáticos seus efeitos sobre esta jovem artista, atualmente de maior visibilidade na Ilha:

 

Patricia Blanco, a Patry White

 

                        Enquanto aqui no Brasil cogita-se a mudança do nome da Ponte Costa e Silva e da Fundação Getúlio Vargas, por homenagearem presidentes que governaram ditatorialmente, essa bonita show-woman – espécie de Gretchen de lá – cujo primeiro single de sucesso é Chupi Chupi, se autodenomina A Ditadora! Vocês já ouviram falar nela?

 

                        Em meu tempo de rapaz, até o final da década de 1950, nomes de artistas cubanos como Perez Prado e Sua Orquestra, Bienvenido Granda, Xavier Cugat e Sua Orquestra, Célia Cruz e Orquestra La Sonora Matancera eram tão comuns em nossas festas dançantes quanto os de Severino Araújo e Sua Orquestra Tabajara, Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Nélson Gonçalves, Ciro Monteiro, Emilinha Borba, e outros.

 

                        Não é que a musicalidade cubana tenha se acabado por completo. Ainda existe, mas com a boca completamente arrolhada para o resto do mundo. Observem esta nota publicada na revista Veja, de 08.05.13, na Seção Música - Cinema - Arte:

 

 

                        No corpo da matéria, a revista brinda-nos com a relação de nomes que dominam o atual cenário musical cubano: a já vista acima, Patricia Blanco, vulgo Patry White, cantora, reggaeton, ritmo importado de Porto Rico; Carlos Alfonso, vulgo X Alfonso, baixista e cantor de ritmos afro-cubanos, rock, música clássica e hip-hop; Yoandys González, vulgo Baby Lores, cantor de reggaeton e músicas em louvor a Fidel; Yssy García, baterista; Etian Arnau Lizaire, vulgo Brebaje Man, cantor de rap e hip-hop. Vocês já ouviram falar neles? Pois É!

 

                        E vejam que alienação! Com todas as adversidades políticas que nós, os brasileiros, enfrentamos desde o início dos Anos 1960, ainda vemos e curtimos adoidado talentos emergentes patrícios fazendo sucesso com baião, coco, samba, xote, frevo nos três gêneros, marchinha, samba-canção, toada, valsa, arrasta-pé, modinha caipira, rojão, etc.

 

                        Dentro de meu propósito de mostrar um pouco do que foi a pujança da música caribenha do passado, em particular a cubana, dou continuidade à pesquisa focalizando, hoje, essa grande orquestra de renome internacional, La Sonora Matancera, a criadora da Salsa.

 

                        A Orquestra La Sonora Matancera, foi fundada no dia 12 de janeiro de 1924, na casa de Valentim Cane, tocador de três – instrumento de cordas afro-caribenho –, localizada no aprazível Bairro Ojo de Agua, na cidade de Matanzas, deleito musical cubano, capital da província do mesmo nome, região Centro-Oeste de Cuba, com o nome de Atuneiros Liberal. Participaram do ato Paul Vasquez Govin, o Buiu, baixo; Manuel Sanchez, o Jimaga, timbale; Ismael Governadores, pistom; Domingo Medina, guitarra; Julio Govin, guitarra; José Manuel Varela, guitarra; e Juan Bautista Llopis, guitarra.

 

                        No ano 1926, foram admitidos Carlos Manuel Diaz, o Caíto e Roglio Martinez Dias, El Galego que, no futuro, daria destaque internacional à orquestra. Reformulada, com a saída de alguns membros e a admissão de outros, o conjunto passou a denominar-se Sexteto Soprano. Em 12 de janeiro, três anos após sua fundação, com o nome de Sonora Matancera Estudiantina, mudou-se para Havana, no intuito de conquistar espaço no competitivo mercado musical cubano dominado por estas feras: Septeto Habanero, Septeto Bologna, National Septeto, Trio Matamoros, Septeto Matancero e Pinareño Septeto. Em novembro do mesmo ano, realizou, na RC Victor, suas duas primeiras gravações.

 

                        O início dos Anos 1930 é marcado pela expansão do rádio e momento propício para a consolidação da orquestra, que recebe sua denominação definitiva, La Sonora Matancera, apresentando-se em todas as estações de rádio do país.

 

 

                        De 1932 a 1948, a orquestra incorporou vários músicos, adquirindo personalidade própria com ritmos dançantes e sendo imitada por outros grupos desde então, nesses 89 anos de existência ininterrupta.

 

                        La Sonora Matancera foi responsável pelo lançamento de muitos cantores aos píncaros da glória, os quais, após nela atuarem como crooners, alçaram voo em carreira individual, sendo os mais visíveis deles no Brasil Binvenido Granda, de meados dos anos 1940 até 1954, e Célia Cruz, que o substituiu.

 

 

                        A união de todos instrumentos de corda, sopro e percussão com as vozes convergindo para o ritmo inconfundível e irresistível de La Sonora Matancera, deveu-se ao trabalho tenaz de arranjador Severino Ramos, o Refresquito. O apoio e colaboração ativa de Radio Progreso foram definitivos para a internacionalização da orquestra. A estação de rádio de ondas curtas, como um canhão, trovejou por toda a Bacia do Caribe.

 

                        O período entre 1950 e 1959, época de esplendor e fantasia, é considerado como a Idade de Ouro do showbiz cubano, com a força dada pela nova invenção tecnológica: a televisão.

 

                        Mas aí, desabou a tragédia sobre o cenário artístico-musical da então conhecida como a Pérola das Antilhas. Em 1959, La Sonora Matancera fazia uma temporada pelo México, quando o regime comunista de Fidel Castro se apossou do poder em Cuba, o que fez a Orquestra decidir, em definitivo, não mais retornar para a Ilha, estabelecendo-se nos Estados Unidos da América.

 

                        As ditaduras de Cuba e, posteriormente, da Venezuela, arrolharam a boca musical daqueles países, fazendo que com que o merengue praticamente desaparecesse do cenário mundial. Com isso surgiu um novo ritmo, que foi a música hoje chamada salsa, uma mescla de ritmos afro-americanos, tais como o son, o mambo, chá-chá-chá, e a rumba cubanos. Fontes dizem que a salsa nasceu nos bairros de Nova Iorque por volta dos 1971. Mas a verdade é que o ritmo surgiu depois que a Orquestra La Sonora Matancera saiu de Cuba, durante a revolução cubana, e se instalou no México, criando essa nova denominação – salsa. A palavra significa molho, e a mistura desses ingredientes resultou num sabor muito picante, fazendo com que os norte-americanos aprendessem a dançar da cintura para baixo.

 

                        A passagem do tempo é inexorável. Muitas estrelas do passado, com seu falecimento, vêm sendo substituídas por novos personagens, igualmente valorosos, o que contribui para o sucesso também sempre renovado de La Sonora Matancera que, nesses 89 anos de atuação, já se apresentou em palcos de todo o Planeta Terra.

 

                        Seus discos são facilmente encontráveis à disposição em sebos virtuais.

  

 

                       Como pequena amostra de seu trabalho, escolhi, do CD acima, a salsa de Sabrosito Asi, de José Reina. Vamos ouvi-la:

 

 

 

* Desculpem-me a insistência em mostrar-lhes no que transformaram aquele povo outrora tão risonho e feliz. A revista Veja de 06.11.13, em ampla reportagem especial intitulada Cuba, afirma: “o dinheiro dos brasileiros ajuda a sustentar o regime dos irmãos Castro, em que só existem dois tipos de pessoas: os dirigentes e os indigentes”.

                         

 

 

 


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