Antônio Gonçalves Dias, nasceu em Aldeias Altas, Caxias (MA), a 10 de agosto de 1823, e faleceu em Guimarães (MA), a 3 de novembro de 1864).
Foi poeta, advogado, jornalista, etnógrafo e teatrólogo brasileiro. Um grande expoente do romantismo brasileiro e da tradição literária conhecida como "indianismo", é famoso por ter escrito o poema "Canção do Exílio", o curto poema épico I-Juca-Pirama e muitos outros poemas nacionalistas e patrióticos, além de seu segundo mais conhecido poema chamado: Canções de Exílio, que viriam a dar-lhe o título de poeta nacional do Brasil. Foi um ávido pesquisador das línguas indígenas e do folclore brasileiro.
É o patrono da cadeira 15 da Academia Brasileira de Letras.
Aos 20 anos de idade, estudava em Lisboa, Porugal e, num baile, convidou certa garota para dançar, ao que ela respondeu:
- Não danço plebeu, não danço com pobre!
Ao que ele respondeu com poesia abaixo, de improviso.
ORGULHOSA
Gonçalves Dias
Deixa-te disso, criança
Deixa de orgulho, sossega
Olha que a vida é um oceano
Por onde o acaso navega.
Hoje tu ostentas nas salas
As tuas pompas e galas
Os teus brasões de rainha
Amanhã, talvez, quem sabe?
Todo esse orgulho se acabe
Sendo-te a sorte mesquinha.
Deixa-te disso, olha bem
A sorte dá nega e vira
Sangue azul, em vós, fidalgos
Já neste século é mentira
Todos nós somos iguais
Os grandes, os imortais
Foram plebeus como sou
E ouve mais esta lição
Grande foi Napoleão
Grande foi Victor Hugo
Que valem nobres famílias
Linhagens puras de avós
Se o sangue dos reis é o mesmo
É o mesmo que corre em nós?
O que é belo, e sempre novo
É ver um filho do povo
Saber lutar e subir
De braços dados com a glória
Para o panteão da história
E as gerações do porvir.
De que te vale o que tens
Se não me podes comprar
Ainda que possuísses
Todas as pérolas do mar?
És fidalga, eu sou poeta!
Tens dinheiro? Eu, a completa
Riqueza no coração
Não troco uma estrofe minha
Por um colar de rainha
Ou troféus de latão.
Ainda há pouco, pedi-te
Para comigo valsar
Disseste és plebeu, és pobre
Não me quiseste aceitar.
E, no entanto, ignoras
Que aquele a quem mais adoras
Que te conquista e seduz
Embora seja da nata
Em mera figura chata
És fósforo que não dá luz.
Agora, sim, já é tempo
De dizer-te quem sou eu
Um jovem de vinte anos
Que se orgulha em ser plebeu.
Um lutador que não cansa
E que ainda tem esperança
De ser mais do que hoje é
Que luta pelo direito
Pra esmagar o preconceito
Da fidalguia sem fé.
Por isso, guardo me olhas
Com desdém e insensatez
Rio-me tanto de ti
Chego a chorar muita vez.
Chorar, sim, porque calculo
Nada pode haver mais nulo
Mais degradante e sem sal
Que uma mulher presumida
Toda, vaidosa, atrevida
Soberba, inculta e banal.