Na nossa linguinha, as palavras com mais de uma sílaba têm acento tônico. É a sílaba que soa mais forte. Nas oxítonas, ele cai na última sílaba. É o caso de urubu, tupi, papel. Nas paroxítonas, na penúltima. Valem os exemplos de casa, potente, mulato. Nas proparoxítonas, na antepenúltima. Tâmara, líderes e fósforo servem de prova.
O acento tônico pode ter acento gráfico. (Entram então na jogada as regras que a gente aprende na escola.) Em português só há dois: o agudo (avó) ou o circunflexo (avô). Eles são altamente seletivos. Recaem na sílaba tônica. O agudo informa que o som é aberto. Manda escancarar a boca (sofá, café, fósforo). O circunflexo fecha o timbre (lâmpada, você, complô).
Além da duplinha poderosa, a língua recorre a outros sinais. Um deles é o til. Ele encuca a cabeça de muita gente. Que papel a cobrinha exibida exerce na palavra? É sinal de nasalidade. Diz que o nariz entra na jogada. Ao pronunciar a sílaba, por ele sai parte do ar (compare: Irma, irmã). Se a palavra não tiver acento (agudo ou circunflexo), o til faz a festa. Cai na sílaba tônica. É o caso de coração, cidadã, liquidação.
Com acento, cessa tudo que a musa antiga canta. O sinalzinho perde a majestade. O acento é que indica a sílaba tônica. Órgão e órfã são exemplos. A sílaba tônica é ór. O acento grave joga no mesmo time da cobrinha assanhada. Não tem nada com a sílaba tônica. O grave indica a fusão de dois aa (crase). Nada mais, nada menos: Dirigiu-se àquele que parecia mandar na empresa.
Moral da história: com os acentos, vale a regra: um é bom, dois é demais.