Santo ferreiro dos deuses
Santo psiu! do dedinho
Deus pequenino e Deus Pai
Baixai (três vezes) baixai
Com o poderio dos profetas
O som das motocicletas
Que ninguém agüenta mais.
Se o cabra tira uma madorna
Num alpendre ventador
No nheco-nheco de rede
Somente o som do armador
Pouco mais escuta: RÓÓÓZZZ!!!!!
É vaqueiro em motocross
Cuspindo carburador.
Se a gente tá palestrando
Com dois cumpade na feira
No melhor da segredagem
Duma fofoca brejeira
Pouco mais lá vem: bruaá!!!!!!!!
Pi-bit !!! Bruaá!!! Bruaá!!!!
Das motos na zoadeira.
Se tiver na capitá
Degustando uma gelada
Com um roliúde-sem-frilto
Puxando a última tragada
Na segureza do trago:
Pei-bufo! Danou-se! Estrago:
Três motos numa trombada.
Se você tá matutando
De motivo apaixonado
Tirando o peso dos ombros
Fazendo versos rimados
Pouco mais um terremoto
Rá-tá-tá-tá!!!! Passa uma moto
De butico envenenado.
Se você corre pra praia
No mais deserto oceano
Faz cancha mode o retrato
A mulher fotografando
No clik! dessa casquinha
Lá vem uma cinqüentinha
Pra-lá-pra-cá derrapando.
Antigamente, cumpade
Muito apoucadamente
A gente apontava à dedo:
Fulano tem uma lambreta
Sicrano uma monareta
Ou bicicleta-motor.
Um motoqueiro? Doutor?
Só via, com muita sorte
Dentro dum “globo da morte”
Dum circo do exterior.
Agora, daqui pra frente:
O mundo vai ser das moto,
dize-tu-e-direi-eu!
Vai ser zoada e fadiga
Vai findar naquela intriga
Que o Apocalipse escreveu.
Pra quem ainda não leu
Tá lá o escrito o boato:
“Quadriciclo é candidato
Do Partido dos Pneu.”
Por isso eu peço aos senhores
Meu santo Jesus Cristim
Santo ferreiro dos deuses
Meu santinho Querubim
Moto! Conheça-te a ti mesma
E ande feito uma lesma
Calada perto de mim.