ORA DIREIS
Dalton Trevisan
—Ai, primeira vez nuinha. Só de salto alto. Puxa,
como é linda. Ver você e nunca, nunca mais morrer.
Olhe este peitinho.
—Cuidado. Que dói.
—Ui, tirar leite deste biquinho. Agora se vire. Não.
Assim. De novo.
Aquela confusão medonha.
—Deixe, amor. Só um pouquinho. Não se arrepende.
—Ai, não.
Desgracida de uma peticinha sestrosa.
—Tenho medo. Não quero.
Beijos molhados na penugem do pescoço — ó rica
pintinha de beleza.
—Posso me cobrir?
Santa vergonha de estar nua — a última virgem
de Curitiba.
—Ainda não. Quero você bem assim. Nos meus
braços.
Salto alto, a bundinha em riste. Seio de olhinho
aberto, um para cada lado. Ó vertigem da página em
branco.
—Tudo. Menos beijo. Na boca, não.
Ora direis, ouvir estrelas.