A onda de calor que tem elevado a temperatura nos termômetros em praticamente todo o Brasil chegou ao Distrito Federal e derrubou a umidade relativa do ar. Desde a última segunda-feira, a Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP-DF) tem emitido alertas, orientando que se evitem atividades físicas entre 10h e 16h. Quem trabalha sob o Sol não consegue evitar a exposição e o problema se agrava para as pessoas em situação de rua, que não tem onde se abrigar.
Especialista em treino ao ar livre, Julio Cesar, 53, diz estar preocupado com a onda de calor que está chegando. "Alguns cuidados devem ser tomados antes mesmo da atividade física. A hidratação é o fator principal para uma boa performance neste momento", conta. O morador de Taguatinga disse que precisou mudar o horário dos treinos para períodos com temperatura mais amena. "A temperatura está muito alta, e umidade muito baixa e quem não se preparar, pode ter problemas", lembra. Lorena Prado, 27, é aluna de Júlio, e sempre teve um bom condicionamento físico. Ela começou há pouco tempo a realizar exercícios ao ar livre. "Faço uso de protetor solar, me hidrato bastante e faço dieta. Isso me ajuda a enfrentar meus treinos e esse tempo seco", pontua.
Atenção
Para o membro da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), Ricardo Luiz de Melo Martins, os cuidados necessários para evitar desidratação devem ser redobrados pelos brasilienses. A baixa umidade é responsável por reduzir as gotículas de água presentes no ar e o clima quente influencia a perda de líquido do corpo pelo suor. "Você perde líquido sem perceber", explica o professor de medicina da UnB.
Dentre as medidas de cuidado, Martins indica o consumo de frutas, verduras e legumes, o uso de roupas leves, e manter os ambientes arejados. Também é importante evitar o consumo de bebidas alcoólicas, pois a propriedade diurética expele mais água para fora do corpo.
Invisibilizados
Pessoas em situação de rua são outro grupo frágil diante do clima extremo. Segundo o presidente do Instituto Barba na Rua, Rogério Barba, muitos desabrigados dependem da ajuda de comerciantes para ter acesso a água e mantimentos. "Tenho orientado outras instituições para que façam campanhas pedindo que as pessoas levem garrafa de água no seu carro. Assim, quando você parar no sinaleiro e ver alguém, entregar essas garrafas", ele comenta.
Hoje, um ônibus com chuveiro embutido passa pelas cidades oferecendo o espaço do veículo para higienização, principalmente aos finais de semana. Por volta de 30 a 50 pessoas em situação de rua são beneficiadas, número que é maior quando a Instituição tem acesso a alguma torneira capaz de carregar de água os tambores dentro do carro.
*Estagiários sob supervisão de Suzano Almeida