Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Estadão quarta, 01 de julho de 2020

OLIVIA DE HAVILLAND: AOS 104 ANOS, É A ÚLTIMA RAINHA DO OSCAR

 

Aos 104 anos, Olivia De Havilland é a última rainha do Oscar

Nascida no Japão, a atriz de '...E o Vento Levou' comemora aniversário no dia 1º de julho.

Luiz Carlos Merten, O Estado de S.Paulo

29 de junho de 2020 | 14h00

Aos 104 anos, que completa nesta quarta, 1.º, Olivia De Havilland não é só um fenômeno de longevidade, mas certamente ter chegado tão longe acrescentou à lenda da doce Melanie de ...E o Vento Levou.

O clássico agora contestado por seu racismo estreou em 15 de dezembro de 1939, há mais de 80 anos, quase 81. É a mais antiga atriz ainda viva a ter vencido o Oscar, a única vencedora dos anos 1940 ainda viva, a última das grandes estrelas da era de ouro dos estúdios ainda viva. Aos 101 anos, há três, portanto, foi a mais velha mulher a receber o título de Dame do Império Britânico pela Rainha Elizabeth II.

 
 
Aos 104 anos, Olivia De Havilland é a última rainha do Oscar
A atriz Olivia de Havilland no prêmio Kodak Awards em 2003 Foto: REUTERS/Mike Blake/File Photo
 

Dame Olivia Mary De Havilland nasceu em Tóquio em 1.º de julho de 1916. A mãe era uma atriz de teatro inglesa que foi visitar o irmão na capital japonesa. Conheceu um amigo dele, filho de um reverendo britânico. Casaram-se e tiveram as filhas Olivia e Joan, ambas nascidas no Japão. Mas não foi um conto de fadas. Olivia tinha a saúde frágil e a mãe convenceu o marido a voltar à Inglaterra. Pararam na Califórnia, onde o clima era bom para a filha, mas o filho do reverendo abandonou a família, preferindo retornar ao Japão, e à amante gueixa. Qual era a possibilidade de duas irmãs que se detestavam - ao que consta por um incidente de infância, quando Olivia, a mais velha, rasgou o vestido de Joan – pudessem virar grandes estrelas de Hollywood? Ocorreu com elas – mais um recorde, as duas únicas irmãs a terem vencido o Oscar, e Olivia ganhou duas vezes. Ela manteve o nome da família, Joan adotou o do segundo marido da mãe e virou Joan Fontaine.

Joan ganhou o Oscar de melhor atriz de 1941 por Suspeita, o clássico de Alfred Hitchcock, derrotando Olivia, que concorreu com ela por A Porta de Ouro/Hold Back the Dawn. Olivia venceu em 1947 e 50, por Só Resta Uma Lágrima/To Each His Own e Tarde Demais/The Heiress. Curiosidade – seu diretor em A Porta de Ouro, Mitchell Leisen, foi o mesmo de Só Resta Uma Lágrima. Estava escrito que teria de vencer por um filme dele. Sobre a rivalidade com a irmã, que se tornou lendária em Hollywwod, Joan teria dito:  “Ela me odeia porque sou a primeira em tudo. Casei-me primeiro, ganhei o Oscar primeiro, provavelmente vou morrer primeiro.” E morreu – em 2013, aos 96 anos. Olivia continua. No ano passado, para mostrar que continuava em forma, passeou de bicicleta para comemorar os 103. O que fizer para comemorar os 104 terá de ser em Paris.

 

Aos 104 anos, Olivia De Havilland é a última rainha do Oscar
A atriz em 'O Intrépido General Custer', de Raoul Walsh Foto: Warner Bros. Entertainment

Radicou-se na França nos anos 1950, quando se casou, em segundas núpcias, com o ex-editor de Paris Match, Pierre Galante. Divorciaram-se em 1979, mas permaneceram os melhores amigos e ela o assistiu na doença, quando ele morreu de câncer, quase 20 anos depois. Em 2010, recebeu do então presidente Nicolas Sarkozy a Legion D' Honneur. “A senhora honra a França por nos haver escolhido, Madame.”

Cinéfilo de carteirinha reconhecerá. A frase de Sarkozy é a versão ligeiramente adaptada da que Errol Flynn diz a Libby/Olivia quando parte para morrer no clássico O Intrépido General Custer, de Raoul Walsh, de 1941 - “Viver com a senhora foi uma honra, madame.” Foram oito filmes com Flynn, incluindo Capitão BloodA Carga da Brigada Ligeira e As Aventuras de Robin Hood, esse em parceria com William Keighley e todos clássicos. Com Bette Davis, de quem era grande amiga, foram cinco filmes, um também com a dupla Flynn/Curtiz, Meu Reino por Um Amor, de 1939, e o último, Com a Maldade na Alma/Hush, Hush Sweet Charlotte, de Robert Aldrich, de 1964, no ocaso das duas estrelas. Invertendo papeis, Olivia era a prima Miriam que submetia a pobre Bette à tortura psicológica. De malvada, Bette só tinha a fama.

O sucesso como 'boazinha' – nos filmes de Curtiz, em ...E o Vento Levou – foi um tormento para ela. Condenou Olivia a um tipo de papel. Era sempre a esposa, a abnegada, a dama. Brigou na Warner, que a mantinha sob contrato, para ter papeis mais fortes. Recusou vários filmes, o estúdio suspendeu-a. Quando terminou seu contrato padrão de sete anos e ela estava livre para fazer os filmes que queria, a Warner tentou descontar a suspensão. Olivia foi à Justiça e teve ganho de causa. Criou jurisprudência na defesa dos direitos de atores e atrizes. Até a irmã, Joan, teve de reconhecer - “Hollywood deve muito a Olivia.”

 Aos 104 anos, Olivia De Havilland é a última rainha do Oscar

Foto da atriz em 1939 no filme '...E o Vento Levou'  Foto: REUTERS/AMPAS/Handout

Deve mesmo. A boazinha era durona, boa de briga. Ela ganhou dois Oscars, mas preferiria ter vencido por The Snake Pitt/Na Cova das Serpentes, de Anatole Litvak, de 1948, mas por esse foi apenas indicada. A história de uma mulher que sofre um colapso e é internada, conhecendo, de dentro, o horror do sistema manicomial. De novo, Olivia fez história – o filme repercutiu tanto que deu origem a uma investigação do Congresso dos EUA que resultou em limitações quanto a internações e tratamentos com drogas. Pelo longa de Litvak, ela pode ter perdido o Oscar, mas ganhou a Copa Volpi no Festival de Veneza. Para ficar no âmbito dos festivais, foi a primeira mulher a presidir o júri de Cannes, em 1965. Só para constar – seu júri outorgou o Grand Prix (houve um período sem Palma de Ouro) a uma comédia – A Bossa da Conquista, de Richard Lester.

Atribuiu também o prêmio especial a Kwaidan/As Quatro Faces do Medo, de Masaki Kobayashi, e deu um duplo prêmio de interpretação a Terence Stamp e Samantha Eggar por O Colecionador, de William Wyler, que havia sido seu diretor em Tarde Demais. Cannes homenageou-a, e a outras mulheres, em 2015, com um prêmio de carreira – Women in Motion. Recompensas nunca faltaram – além dos Oscars, Globos de Ouro, no plural, por papeis no cinema e na TV, o National Board of Review, o prêmio do Círculo dos Críticos de Nova York, etc. Talvez o maior elogio feito a ela tenha sido o de Katharine Hepburn, outra lenda dos anos de ouro. Quando lhe pediram que conselho daria a um jovem ator ou atriz, Kate foi taxativa - “Nunca exagere. Olhe Spencer Tracy, Humphrey Bogart. Ou, melhor, observe Olivia De Havilland em Tarde Demais e verá o que realmente é uma interpretação superior.”

Sobre a lendária longevidade, vale lembrar que Olivia ultrapassou Kirk Douglas, que morreu em fevereiro, aos 103. Quando fez 100 anos, foi capa da revista Frontiers, com o título Oscar's Last Queen. A última rainha do Oscar. Olivia já brincou. “Já que cheguei aqui, quero ir até os 110.”

TRAILER DE E O VENTO LEVOU:

 


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