Campeã mundial em 2019 e agora medalhista nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020. Fazendo jus à expectativa que lhe foi dada, Beatriz Ferreira conquistou o prata da categoria peso-leve ao vencer a irlandesa Kellie Anne Harrington, na madrugada deste domingo. O ouro não veio, mas não apaga a campanha da pugilista de 28 anos que tem o boxe como herança de família.
Bia Ferreira: 'Eu sou o alvo, mas estou pronta para qualquer uma'
A pugilista tem o boxe quase como uma instituição que herdou graças ao esforço do pai, que também era lutador. Agora, Raimundo Ferreira, ou Sergipe – como é conhecido – atua apenas como treinador.
— A Bia fica só por conta do boxe. Uma atleta de seleção, como é o caso dela, treina, se alimenta e vai descansar. Assim, pode render muito mais. E como ela luta, não é? — pontua o pai, com compreensível corujice.
Quando Bia Ferreira colocou a luva pela primeira vez, tinha apenas quatro anos e ainda morava em Salvador. Aos 14, se mudou para Juiz de Fora, em Minas Gerais, e, lá, floresceu nos ringues. Já que não podia lutar em competições oficiais, treinava.
Da primeira vez que competiu em um Campeonato Brasileiro, entrou nos 69kg, uma categoria acima da que disputa, contra uma rival que também era mais alta. Beatriz nocauteou a oponente com 30 segundos de luta.
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Treinando em São Paulo, com melhores possibilidades de desenvolvimento, começou a entrar em torneios abertos e ser paga. Não demorou muito para ingressar na seleção e participou da Vivência Olímpica da Rio-2016, programa promovido pelo Comitê Olímpico Brasileiro para jovens talentos, em que foi reserva de Adriana Araújo.
De lá para cá, vislumbrou o futuro pódio e despontou nos ringues, colecionando ouros: no Torneio de Belgrado, em 2017; no Pan-Americano de Lima-2019; e no Mundial de Boxe, também em 2019, se consagrando como melhor do mundo na sua categoria.
Bia Ferreira tentava faturar o inédito ouro para uma boxeadora brasileira. Das seis medalhas olímpicas da história do país, apenas Robson Conceição e Hebert Conceição subiram no lugar mais alto do pódio, na Rio-2016 e em Tóquio-2020, respectivamente. E só uma delas foi obtida por uma mulher, o bronze de Adriana Araújo em Londres-2012.