OLHOS TRISTES
Luís Edmundo
Olhos tristes, vós sois com dois sóis num poente,
Cansados de luzir, cansados de girar,
Olhos de quem andou na vida alegremente
Para depois sofrer, para depois chorar.
Andam neles agora a vagar lentamente,
Como as velas das naus sobre as águas do mar,
Todas as ilusões do vosso sonho ardente.
Olhos tristes, vós sois dois monges a rezar.
Ouço ao vos ver assim, tão cheios de humildade,
Marinheiros cantando a canção da saudade
Num coro de tristeza e de infinitos ais.
Olhos tristes, eu sei vossa história sombria
E sei quando chorais cheios de nostalgia,
O sonho que passou e que não torna mais.