OLHOS ALEGRES
Luís Edmundo
Há uma lágrima, sempre, atenta em nossos olhos,
Uma lágrima branca, uma lágrima pura,
E assim como no mar os traiçoeiros escolhos,
Ela, escondida, a flor das pálpebras procura.
Aí fica parada; os íntimos refolhos
Da nossa alma reflete, e, quando uma ventura
Em riso nos entreabre os lábios, com doçura,
Ela, a lágrima fica a nos tremer nos olhos.
Tu, que és moço e que ris e não sabes da mágoa
Do mundo, tem cuidado, olha essa gota d’água,
Se não queres da vida achar-te entre os abrolhos;
Ri, mas ri devagar, que a lágrima traiçoeira,
Talvez, vendo-te rir assim dessa maneira,
Trema e caia afinal um dia dos teus olhos!