OLHANDO EM VOLTA
Todos os dias, olho em volta e estranho esse mundo em que vivemos.
Esse barulho, essa imensidão de automóveis amontoando-se nas ruas, nas avenidas. Essa música desagradável tocando no rádio, cada vez que entro em um táxi. Ou um Uber.
Essa multidão de gente em todo lugar para onde se vá. Gente apressada, nervosa, impaciente. Muitos parecendo zumbis, de olhos fixos na tela de seus computadores de bolso. Smartphones, iPhones. Gente que anda por aí, sem olhar onde pisa, como se um piloto automático lhes guiasse os passos.
As praças de alimentação dos centros comerciais – nem sei escrever o plural de shopping center – sempre lotadas. Comida feita às pressas. Fast food.
“Parecemos uma nuvem de gafanhotos em um milharal”, disse-me alguém, certa vez. Concordei.
Um mundo estranho. Ou um mundo no qual me sinto estranho. Se é que há alguma diferença entre uma coisa e outra.
A par disso, não sinto saudade de nada.
Nem de outra época, nem de outro lugar.
Olho em volta e acho tudo muito estranho.
Mas é o que temos: o aqui e o agora.
E sigo vivendo.