Têca Braga e a filha, era a dona de Barra Grande, Maragogi
Deu-me uma tristeza profunda ao ler no “Face” sua última viagem, não estava esperando, nem preparado. Foi terrível, uma dor dentro de mim, chorei como uma criança sem conseguir parar. Pensei em você, irmã de minha irmã, minha irmã. Veio-me sua imagem ainda menina brincando em minha casa com a Socorrinho. Lembrei-me de seu pai, Chico Braga, de terno branco, de Dona Naty. Veio-me a lembrança da juventude livre, bela, na Avenida da Paz. Eu tinha maior alegria em levá-las para as festas daquela Maceió bucólica. A Fênix, o Zinga Bar, nós éramos jovens felizes donos da praia mais bonita das Alagoas.
O tempo inexorável trouxe os casamentos. Marcelo entrou na família, vocês além de irmãos tornaram-se compadres de Clailton e Socorrinho. A saudade é imensa Têca. Não sabia que doía tanto, que você era tão importante em nossa vida. Estamos arrasados. Dói muito. Por quê você se foi assim, de repente, sem avisar?
Certa vez o Carteiro disse ao Poeta que a poesia não era de quem escrevia, era de quem precisava. Estou precisando agora dos versos de nosso Chico para esse momento. “A saudade é o pior tormento, é pior que o esquecimento… A saudade dói como um barco, que aos poucos descreve um arco, e evita a atracar o cais… A saudade é o revés do parto, é arrumar o quarto do filho que já morreu…” É o tamanho da saudade que você nos deixou.
Lembrei-me de nossa última viagem, ano passado, pela Europa Oriental retornando por Lisboa. Eu e Vânia nos divertimos, tínhamos seus cuidados profissionais juntados ao carinho. Ficamos encantados com Paulinne. Em Lisboa você era a mais entusiasta com minha palestra e lançamento do meu livro. Parece que estou vendo você no pé da escada da Casa do Brasil comendo acarajé.
Ah Têca, tantos amigos comentando sua ida, cheios de carinhos e saudades. Você era muito querida nessa terra. Chorei ao ler no Zap a mensagem de Socorrinho.
“Custando a acreditar que naquela maca entrando na capela do hospital era você! Custando a acreditar que na sua Barra Grande era seu, aquele corpo tão sereno, tão bonito, e com flores tão coloridas, assim como você viveu todas as cores desta vida! Custando a acreditar que não vou ter mais aquela companheira de todas as horas, aqueles papos amigos cheios de confidências e afagos na alma, em mais nossos almoços, nossos cinemas, nossa viagens, nem nossa Missas! Custando acreditar que não tenho mais aquela amiga feliz, transbordante de alegria, e de saber aproveitar a vida intensamente, mas que o excesso de descuido com a saúde lhe traiu! Obrigado Tequinha por nossa amizade desde sempre, que nos irmanou nos tornando comadres duas vezes! Fique certa que sua luz brilhará eternamente, pois foram muitas sementes que você plantou! Fico zelando por suas quatro pérolas! Custando acreditar na falta que você vai me fazer! Um belo caminho de Deus, minha irmã!
Que lindo minha irmã escreveu. Você Têca, minha querida amiga, sempre prestigiou minhas invencionices. Era a primeira a chegar nas Sextas Clássicas de Marechal Deodoro, não perdia a FLIMAR. Nos lançamentos de meus livros com receio de pouco público eu dizia para mim, pelo menos a Têca Braga vai aparecer. Ainda chamo seu nome de solteira, foi assim que entrou em nossa vida, menina, ficou gravado na mente, na alma, no coração. Têca Braga.
Um poeta inglês, John Donne certa vez escreveu um poema que diz mais ou menos assim. “Nenhum homem é uma ilha, ninguém é sozinho; cada homem faz parte do continente, parte do todo. A morte de qualquer ser humano me diminui porque sou parte da humanidade; e por isso, nunca perguntes por quem os sinos dobram, eles também dobram por ti”.
Nosso mundo ficou menor, se foi um pedaço, uma parte do continente. Nós ficamos diminuídos.Os sinos dobram por você, Têca Braga, mas dobram também por mim, por suas filhas, seus genros, pelos netos e bisnetos, pela Socorrinho, por todos os amigos que você deixou.
Talvez um dia a gente se encontre por aí, quem sabe? Vânia manda-lhe um beijo. Até mais ver, irmãzinha.