Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Estadão domingo, 19 de julho de 2020

OBRAS DE ARTE NAS RUAS DE SÃO PAULO

 

Museu a céu aberto: obras de arte nas ruas de São Paulo formam um rico acervo

Trabalhos são pensados para se integrar com o ambiente urbano, criando referências para moradores e turistas

Guilherme Sobota, O Estado de S. Paulo

18 de julho de 2020 | 20h59

Andar por São Paulo e olhar para cima: uma prática comum entre turistas, mas talvez pouco valorizada pelos que caminham pelas mesmas ruas todos os dias. Mas, ao mesmo tempo e sob diversas perspectivas, a cidade construiu em si mesma ao longo dos últimos 60 anos uma oferta ampla de obras referenciais, projetos arquitetônicos únicos, murais – e, claro, sem se esquecer do grafite, processo efêmero que encontra na contínua renovação a força estética que hoje é parte integrante da cidade.

Uma das artistas com mais obras marcantes na cidade é Maria Bonomi, italiana radicada no Brasil, autora de murais e esculturas. Aos 85 anos recém-completados, a artista está em isolamento no interior, dedicando-se à arte e à leitura.

 

“O ambiente pede por obras de arte, principalmente em uma cidade tão estabanada quanto São Paulo, na qual não conseguimos manter uma urbanização organizada. É necessário um tratamento visual, até para consertar certas tragédias que vemos por aí. Uma empena (parede lateral de um edifício, sem abertura)  enorme vazia, em que não se fez nada, é um desperdício”, diz Bonomi, por telefone. 

 

Arte Fora do Museu
‘Plexus’. Escultura de Maria Bonomi fica na Praça Oswaldo Cruz, no bairro do Paraíso  Foto: Daniel Teixeira/Estadão

A artista explica que as obras em prédios, por exemplo, sempre são mais ricas quando planejadas de maneira conjunta com a construção. “Os custos são muito relativos. Cobrir uma grande empena com lajotas é tão ou mais caro do que fazer um painel”, conta. O importante, para ela, é como a obra de arte vai se relacionar com o ambiente ao seu redor. “A obra é pensada e criada para o lugar. Estudamos a luz, o movimento das pessoas, o espírito da região, a cosmogonia local, e aí se pensa o DNA que o trabalho terá de ter para estar naquele lugar.”

Ela conta que recentemente uma mulher entrou em contato perguntando se ela sabia das intervenções realizadas na fachada do edifício Jorge Rizkallah Jorge, na Rua Bela Cintra, um mural seu. “Eu havia sido consultada, mas achei um bom indicativo de como as pessoas se ligam nessas coisas, de como é importante para a cidade. Existe um convívio diário com a obra, o que cria uma percepção e até um alívio. As pessoas passam a criar referências com a arte, e não com shopping. Não temos em São Paulo ruínas históricas, mas temos milhares de obras.”

NaLata Festival Internacional de Arte Urbana, acontecendo agora em vários pontos da capital, pretende contribuir na discussão. Os grafites e as atividades ocorrem nos arredores do Largo da Batata. Entre os artistas convidados, estão Pri Barbosa, Alex Senna, Enivo e a colombiana Gleo.

Um bom guia para quem está buscando novas visões sobre as obras espalhadas pela cidade é o site Arte Fora do Museu, agora reformulado. Quando os jornalistas André Deak e Felipe Lavignatti criaram o projeto há cerca de 10 anos, a ideia era montar um catálogo com 100 obras na cidade de São Paulo. Com a pandemia e o fechamento temporário de museus e galerias, o site (arteforadomuseu.com.br) ganha mais uma camada ao permitir a visitação virtual de cerca de 2 mil obras em ruas, feitas por mais de 500 artistas.

Ali, o internauta vai encontrar diversos guias e roteiros, como alguns dos sugeridos abaixo, com murais, esculturas, projetos arquitetônicos, e claro, o grafite. Lavignatti conta que o que começou como uma catalogação foi ganhando outras funções, de maneira orgânica. “O nome é auto explicativo: existe arte fora do museu para ser acessada. É muito comum passar em frente a uma escultura e não saber o que ela representa. A gente traz essa camada de informação e a deixa visível no mundo digital. Imaginando que a cidade é um museu a céu aberto, o site é o guia desse acervo. São informações que apuramos e que também têm um esforço colaborativo,” explica.

O curador percebeu que é “impossível” ir de um ponto a outro da cidade sem passar por uma obra de arte. “Uma cidade desse tamanho, montada em concreto, é cenário de iniciativas arquitetônicas e intervenções importantes de grandes nomes, como a própria Bonomi, mas também Artacho Jurado, Niemeyer, Rino Levi, Paulo Mendes da Rocha. Uma cidade em crescimento é bom terreno para se criar essas obras.” 

A discussão do momento nesse assunto, sobre as estátuas que ocupam o espaço público com homenagens a escravocratas, também pode se beneficiar do Arte Fora do Museu, que provê contexto para os monumentos. “Existe toda uma logística, mas acredito que hoje essas obras caberiam mais em um museu que em uma homenagem a céu aberto”, diz Lavignatti.

ARTE PRODUZIDA NA QUARENTENA

  • 1. ‘Quando tudo isso passar a gente volta a se abraçar’: Nova imagem (foto) do artista Bueno fica na Escola Etelvina de Goes Marcucci, próxima a Paraisópolis, zona sul de SP.
  • 2. ‘Plantas Tropicas 8’: Trabalho de Gui Mancini fica na Rua Fernandes Moreira, 1.394, Chácara Santo Antônio.
  • 3. ‘Ishtar e Nereidas’: A artista Carola Trimano desenvolveu dois murais de arte de rua em Pinheiros, na altura da Rua Cônego Eugênio Leite, 1.045.
  • 4. NaLata Festival: Nos arredores do Largo da Batata, em Pinheiros, o evento promete montar o “maior museu a céu aberto” da América Latina, com o trabalho de mais de uma dezena de artistas, nos prédios.
  • 5. ‘Como será o amanhã?’: O questionamento do artista Walter Nomura, o Tinho, é ilustrado em parede na Vila Maria, zona norte da capital (foto).

MURAIS

 

Maria Bonomi
Maria Bonomi. Mural na Rua Bela Cintra foi reformado  Foto: André Deak/Arte Fora do Museu (http://www.arteforadomuseu.com.br)

 

  • 1. Fachada do edifício Jorge Rizkallah Jorge: Maria Bonomi criou nos anos 1970 esse painel que faz referência aos sulcos da gravura. Fica na Rua Bela Cintra, 1.149.
  • 2. Avenida Angélica, 2.016: Assinado por Claudio Tozzi, o painel de 36 metros de altura foi construído com 1,5 milhão de pastilhas vítreas em uma área de 600 m².
  • 3. Avenida Higienópolis, 375: Projetado pelos arquitetos Ermanno Siffredi e Maria Bardelli, o prédio possui painéis com grafismos criados por Bramante Buffoni, entusiasta da pop art nos anos 50.
  • 4. Epopeia Paulista: Outro mural de Bonomi, feito a partir de objetos encontrados na seção de achados e perdidos da Estação da Luz, onde está.
  • 5. Rua Cruzeiro, 851, Barra Funda: O mural (foto) do paulista Alex Senna, visível de longe, foi feito com tinta látex.

 

FORA DO TEMPO?

 

Largo da Memória
Largo da Memória, na Consolação. Um dos pontos mais movimentados de SP  Foto: DORNICKE/WIKIMEDIA COMMONS

 

História
História. Ponto de tráfico de pessoas escravizadas  Foto: MILITÃO AUGUSTO DE AZEVEDO - 1862

 

  • 1. Obelisco do Piques: O obelisco foi erguido ao lado de um mercado em que negros eram traficados. Na época, ele foi dedicado à “memória do zelo do bem público”. No Largo da Memória, no centro.
  • 2. ‘Glória Imortal aos Fundadores de São Paulo’: O monumento em homenagem à criação da cidade, no Pátio do Colégio, mostra indígenas em trabalho braçal, sob as ordens de um padre.
  • 3. ‘Monumento ao Anhanguera’: A estátua na Av. Paulista faz tributo ao bandeirante, o “espírito do mal”, conhecido por escravizar índios.
  • 4. ‘Monumento às Bandeiras’: Victor Brecheret buscou inspirações europeias para apresentar o projeto na Semana de 1922, montado em 1953.
  • 5. ‘Borba Gato’: Com 12,5 metros de altura, a obra já foi objeto de protestos por glorificar período de violência histórica.
  

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