Este artigo deveria ser publicado por duas pessoas muito especiais, para cidade de Tabira e para o JBF, que são, o colunista George Mascena e Poeta Dedé Monteiro, mas o meu amigo Poeta João Alderney, me enviou, então eu não posso me esquivar de publicá-lo.
Segundo o poeta tabirense João Alderney, o relógio da Igreja Matriz daquela cidade funcionou por mais de 50 anos, ficou velho e morreu de “falência múltipla dos órgãos”. Mas, ele marcou a vida de todos os moradores de Tabira com suas pancadas precisas. Lá ainda existem os mostradores com os ponteiros sempre em 06:30h, pendurados.
Como esse é o maior cartão postal da cidade, João Alderney resolveu fazer uma campanha para se comprar um relógio novo e solicitou aos poetas tabirenses que fizessem poemas falando de suas lembranças, com o tão querido relógio comunitário.
Com o resultado, o poeta João Alderney declarou: “Graças a Deus, fui atendido e no dia 07.08.09, às 21h, teremos a festa de inauguração do novo relógio. Será uma bênção divina”.
Como foram dezoito poesias enviadas, as publicaremos nesta Colcha de Retalhos por três dias seguidos.
O RELÓGIO E A MATRIZ
Tabira, fortes marcos: Relógio, Matriz!
Infância, juventude, os meus sonhos, Tabira
Que o meu coração, com ternura, tanto mira
Lapso de minha vida, oh, que idade feliz!
Relembro da Matriz, do Relógio e seu Sino
A missa aos domingos, gesto de bom tom
Contar as badaladas, cada hora, que bom
Indeléveis lembranças com ares de um hino
Há coisas que assinalam a nossa existência
São marcas que levamos para a eternidade
E jamais esquecemos a nossa cidade
Símbolo amado, agora é só reminiscência!
Vamos repô-lo e nós, tabirenses unidos,
Reaveremos tão belos sons de tempos idos
João Alderney – Recife, 01.07.2008
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O RELÓGIO DA MATRIZ
A Igreja é de todos nós.
Se o relógio e seus badalos,
Faz tempo que estão sem voz,
Por que não ressuscitá-los?
Por que não ouvir de novo
Aquele toque feliz
Que alertava o nosso povo
Lá da torre da Matriz?
Sei que a hora está no pulso,
No celular (de onze a onze),
Mas não tem o doce impulso
Do velho sino de bronze.
Por que não provar, agora,
Sem qualquer contradição,
Que a terra que a gente adora
É terra da tradição?
Se a tradição não morreu
(Deus não nos dê tal castigo),
Precisamos de um Museu
Pra guardar relógio antigo…
Tradição tem que ter hino,
Tem que ter verso e ter fé.
Hino que rima com sino,
Verso que não quebra o pé.
Com pé inteiro ou quebrado,
Com verso ou sem versejar,
Se o relógio está calado,
Vamos fazê-lo falar!
Vamos nesta, assuma a ponta!
Vale de um real a cem.
Procure o número da conta
E participe também!!!
Dedé Monteiro – 18/07/08
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SENTINELA DA MATRIZ
O dia calmo amanhece
O sol emana seu raio
Mas eu de casa não saio
Não sei o que acontece
À tardinha faço prece
Penso na ave Maria
Já é final do meu dia
Mas não me sinto feliz
Por não ouvir da Matriz
Aquele som que eu queria
A matriz é sentinela
Que a idade conserva
Do alto tudo observa
Olhos no relógio dela
Porem tá cega a capela
O poeta sente e diz
Lembrando do Padre Assis
Faz um apelo ao seu povo
Coloquem um olho novo
No relógio da matriz
Paulo Matricó – 22.07.08
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O RELÓGIO DA MATRIZ
Fui à rua perguntar
Porém lá ninguém me diz
Por que não volta a tocar
O relógio da Matriz
O relógio não é eterno
Aquele que tinha lá
Deu o que tinha de dá
Agora só um moderno
Foi um relógio perfeito
Muito conserto se deu
Agora está como eu
Remendo não dá mais jeito
O relógio é necessário
E a nossa Matriz merece
Pra completar nossa messe
Está faltando operário
É patrimônio do povo
Pra ele, pra tu, pra mim
Cada um dando um tiquim
O relógio toca de novo
Ivo Mascena – 28.07.08
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SAUDOSAS BADALADAS
Relembro as coisas passadas
Analiso o que já fiz
Mil acertos, mil mancadas
Tudo o que me fez feliz
Em tantas horas marcadas
Pelo som das badaladas
Do relógio da Matriz
Se as engrenagens cansadas
Da tua força motriz
Calaram as tuas pancadas
Hoje nós queremos bis
Prá ver as horas contadas
Pelo som das badaladas
Do relógio da Matriz
Clode Cordeiro – 16.08.08
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A REPOR O RELÓGIO DA MATRIZ
De lembranças componho este soneto
A convite do amigo formulei
Recordando o relógio aqui lembrei
Era em frente da praça e do coreto.
E a lembrança da praça que marquei
Da igreja e do relógio em branco e preto
Os minutos, as horas, num quarteto
Doze, três, seis e nove,assim gravei.
Badaladas marcaram os momentos
De menina, fui moça, me encantei
E nasceram os primeiros sentimentos.
Tudo aquilo me faz hoje feliz
Junto a todos nesta rede estarei
A repor o relógio da matriz.
Ceci Alencar – Paulista, 17.08.2008